Pedro Waddington fala sobre seu personagem em ‘Vale Tudo’
Filho de Helena Ranaldi e sobrinho de Fernanda Torres, Pedro Waddington brilha no remake de ‘Vale Tudo’ e conta detalhes da experiência para a L’Officiel Brasil
Com olhar sensível e discurso afiado, Pedro Waddington estreia na televisão em grande estilo como Tiago, no remake de Vale Tudo. Aos 27 anos, o ator — filho de Helena Ranaldi e Ricardo Waddington, e sobrinho de Fernanda Torres — traz à cena um personagem marcado pela solidão, pela cobrança paterna e pelo vínculo profundo com uma mãe que luta contra o alcoolismo. Em entrevista exclusiva à L’Officiel Hommes Brasil, Pedro fala sobre sua preparação intensa para o papel, a convivência nos bastidores com Paolla Oliveira e Alexandre Nero, os desafios da saúde mental em cena e como a atuação se tornou um caminho natural desde a infância. O talento, no entanto, vem lapidado com generosidade, consciência e estilo! Confira o bate-papo:
Pedro, você está estreando nas novelas com o papel de Tiago no remake de Vale Tudo. Como foi o processo de preparação para dar vida a esse personagem tão complexo – um jovem sensível, dividido entre os conflitos dos pais. Quais aspectos desse personagem mais ressoam com você pessoalmente?
O Tiago é um personagem sensível e complexo. Lida com a rejeição do pai, o alcoolismo da mãe e uma solidão constante. Mesmo novo, precisa ser o porto seguro da família. Acho que muita gente se identifica com ele, todo mundo carrega um pouco dessa solidão. Interpretar esse papel, sendo mais velho, tem sido desafiador, mas também uma forma de revisitar momentos da minha própria adolescência.
Sendo filho de Helena Ranaldi e Ricardo Waddington, você cresceu em um ambiente artístico. Como essa vivência influenciou sua decisão de seguir a carreira de ator?
Acho que essa vivência me apresentou a profissão e a arte muito cedo e de forma natural, de um modo geral. O teatro, cinema e a TV sempre foram assuntos em casa. Acho que acabava absorvendo isso. Para se ter uma ideia, desde garoto eu escrevia roteiros e fazia filmes com os meus primos. Naquela época, era uma grande brincadeira; mas, claro, já tinha uma inquietação nisso tudo.
Além de ser filho de grandes nomes do cenário cultural brasileiro, você também é sobrinho de Fernanda Torres! Como foi a emoção de ver sua tia ser indicada ao Oscar e ganhar prêmios importantíssimos como o Globo de Ouro?
Muito emocionante! Toda a família ficou muito feliz com o trabalho dela em “Ainda Estou Aqui” e com o alcance que o filme teve. Mas, além de ser família, sou um grande admirador do trabalho da Nanda. Ela é uma atriz gigantesca e eu me sinto muito honrado toda vez que a encontro. Ainda mais por estar trilhando a mesma profissão que ela.
Como tem sido lidar com o crescimento da sua visibilidade desde a estreia em Vale Tudo? A fama chegou como você imaginava?
Tem sido engraçado. Já percebo algumas pessoas olhando na rua, pedindo foto… Mas, por causa da minha mãe, fui apresentado a esse lado da profissão muito cedo. Então não é algo novo pra mim. Levo tudo como um gesto de carinho.
Você também já trabalhou como modelo! Como essa vivência te ajuda em cena?
Foi breve a minha experiência como modelo, mas foi nesses trabalhos que tive meu primeiro contato com a câmera. Então, foi uma forma de eu me familiarizar com alguém me filmando e fotografando. Com certeza, me agregou muito.
Trabalhar ao lado de atores consagrados como Alexandre Nero e Paolla Oliveira em Vale Tudo deve ser uma experiência enriquecedora. Como vocês se relacionam no set? O que mais tem gostado?
Trabalhar com a Paolla e o Nero tem sido uma experiência muito rica. Os dois são atores muito potentes. A Paolla é uma atriz muito generosa, que troca muito dentro e fora do set. É uma parceira de cena incrível e tem sido um prazer trabalhar com ela. E o Alexandre Nero é um monstro em cena que inspira só de estar perto. Dividir cena com os dois tem sido uma honra. Me sinto muito privilegiado por fazer parte desse projeto, vivendo o filho do Marco Aurélio e da Heleninha.
A nova geração de atores está redesenhando os padrões de masculinidade. O que significa, para você, ser homem hoje?
Acho que estamos num momento histórico onde muitos temas têm que ser debatidos. E acho que a masculinidade é um deles. Se queremos um mundo menos machista, temos que debater o masculino. Inclusive, acredito que o Tiago traz essa discussão para a trama. A relação dele com o Marco Aurelio mostra uma dualidade de gerações, mas também de visões do masculino, de seus vícios. Está sendo interessante ver como isso reverbera no público.
Há alguma cena ou momento específico em Vale Tudo que tenha sido particularmente desafiador ou marcante para você?
A cena da crise de ansiedade foi muito desafiadora. Além de ser tecnicamente complexa, ela carrega um peso emocional forte. A saúde mental é um tema central hoje em dia, e fico feliz que o Tiago esteja trazendo essa questão à tona por meio do texto da Manuela Dias. A Manuela tem abordado esse tema com muita sensibilidade e profundidade na novela. Muitas pessoas já passaram por uma crise de ansiedade e sabem o quanto é desesperador. Por isso, tivemos muito cuidado ao construir essa cena, buscando dar a ela a dimensão e o respeito que o assunto merece.
Quando o assunto é moda, como você descreveria seu estilo e quais peças são indispensáveis no seu guarda-roupa?
Meu estilo hoje é mais clássico. Uma coisa que sempre me fez me interessar por moda é como o nosso senso estético muda ao longo da vida. Acho interessante perceber quando o estilo começa a se transformar. Hoje, meu look base normalmente é uma bela calça de alfaiataria, uma regata e um sapato. Pode vir acompanhado de uma bolsa e uma jaqueta. Acessórios também são sempre bem-vindos. Eu, particularmente, gosto de colares menores. Tô numa fase em que prefiro um conjunto mais coeso, sem nenhuma peça puxando toda a atenção.
Quais são seus hobbies e atividades favoritas quando está fora dos holofotes? Há algo que o público ficaria surpreso em saber sobre você?
Não tenho tantos hobbies e nesse momento da novela não está sobrando muito tempo para começar um novo. Mas sou adepto da corrida. Comecei a correr há quase 2 anos e me apaixonei. É um momento em que me conecto muito. Corro quase todo dia.
Quais são seus grandes ídolos ou referências na atuação — tanto nacionais quanto internacionais?
Tenho muitas referências na atuação. O Matheus Nachtergaele é uma delas e é uma honra estar no mesmo projeto que ele. Também admiro demais o Irandhir Santos, a Fernanda Torres e, claro, a Fernanda Montenegro. A maior de todas! No cinema internacional, admiro o trabalho da Cate Blanchett, do Willem Dafoe e do Al Pacino. São artistas que me inspiram muito!
A longo prazo, como você imagina o seu futuro na televisão? Tem algum projeto ou papel em mente? Algum trabalho que gostaria muito de fazer?
Eu estou no meu primeiro trabalho e totalmente focado nisso. Nesse momento, minha cabeça tá toda no Tiago, toda a minha dedicação está voltada pra viver esse personagem em “Vale Tudo”. Acredito que o futuro se constrói a partir do agora, e, por enquanto, só consigo pensar na novela. O que vem depois, a gente vê mais pra frente.