Yunk Vino: do trap nacional para o mundo
Fronteiras abertas! “M.A.D. 2” é o primeiro lançamento do traper Yunk Vino com distribuição da Universal Music Brasil, ainda com a chancela do selo Labbel Records
Ele é considerado um talento do trap nacional, e lançou, em agosto deste ano, o primeiro projeto após a assinatura do contrato com a Universal Music Brasil: “M.A.D. 2”. A gravadora será responsável pela distribuição de suas próximas obras junto ao selo Labbel Records, da produtora Boogie Naipe. A novidade muda a perspectiva de Yunk Vino, tanto no cenário nacional quanto internacional. “Tenho expectativas e um bom pressentimento. Quero viver coisas maiores na minha carreira, inclusive em outros países”, confessa.
O artista, para quem não está muito familiarizado com o estilo musical que ele atua, é um subgênero do rap, com batidas lentas e pesadas, combinando o forte uso de sintetizadores. As letras falam sobre temas relacionados ao cotidiano urbano, nas favelas, como drogas, sexo, dinheiro e poder. Vino é reconhecido por ser referência no circuito, mas ele avança na pauta. O trapper é um artista diferenciado porque inclui a moda e a alta-costura no seu roteiro profissional. Não é à toa que ele esteve esse este ano no “Je Mapelle Brasil”, durante a semana de moda em Paris. “Fui convidado para participar e fiz um pocket show lá. Vi o quanto as pessoas se preocupam em estar bem-vestidas, em sentir-se bem usando roupas extravagantes ou minimalistas”, conta Vino, que mescla o seu guarda-roupa com etiquetas como Balenciaga, Chanel, Louis Vuitton, Burberry e Cèline. Os looks conectam-se às melodias e às letras feitas pelo paulistano.
À medida em que explora novos territórios, musicais e visuais, Yunk Vino continua a moldar e a redefinir o gênero, sendo fiel às raízes da cultura trap, mas sem deixar de trazer inovação e autenticidade em cada faixa. “Acho que agora as pessoas e as marcas já conseguem entender o nível em que está o trap brasileiro e, consequentemente, o meu nome aparece. As coisas estão realmente se encaixando e se mostrando possíveis. Quero aproveitar este momento, aplicar o meu trabalho da melhor maneira possível e entregar algo perfeito onde quer que eu vá.”
Yunk também é conhecido por sua ousadia ao introduzir tendências globais ao contexto em que atua, que, diga-se, está em constante expansão. O cantor molda e redefine sons, estabelecendo padrões inéditos e abrindo caminho para outras pessoas. Após o sucesso de sua mixtape “Meu Amigo Diário, Vol. 1 – M.A.D.” (2023), ele apresenta a sequência “M.A.D. 2”, que chega colada ao videoclipe da faixa “Design”. Anteriormente, o trapper já havia mostrado o registro audiovisual do single “Get It”, que também integra o trabalho de estúdio. Assim como no trabalho inicial, Vino faz uso das canções em “M.A.D. 2” para compartilhar os seus sentimentos, como se as suas músicas fossem páginas de um diário. “É uma maneira de colocar ritmo naquilo que sinto, de explorar a melodia de acordo com a intensidade que quero passar. Ao compor uma canção, consigo guiar a mensagem para onde quero chegar”, explica o jovem de apenas 27 anos. “A música me ajuda a traduzir os meus sentimentos e as pessoas conseguem se identificar com mais sinceridade. É um projeto particular e, ao mesmo tempo, público. Como se eu quisesse abrir o meu diário para as pessoas e ver como elas se relacionam com aqueles temas.”
Ele diz que a sua intenção é ser transparente, mostrando quem ele é. Apesar de se identificar com o ritmo da sua música – frenético e agitado –, Vino garante que é uma pessoa simples e que gosta do diálogo aberto. E se autodefine em uma palavra: “Atmosférico”.
Quem acompanha o trapper desde o comecinho da carreira, notará uma diferença não só nas sonoridades do projeto, mas, também, na lírica do repertório. “Percebo que essa mixtape está um pouco mais séria, talvez com pautas que eu ainda não tinha explorado, além de ter novos formatos.” Para ele, é um sinal da maturidade. E complementa: “Muita coisa está acontecendo na minha vida e a gente vai realmente aperfeiçoando a própria arte. Não dá para ser a mesma pessoa de antes. Tenho feito o exercício de pensar como eu quero estar e o tipo de música que vou cantar daqui a dez ou vinte anos”.
Com produções de Bvga, Neckklace, Vnoahhe, Stuani, Kenji, Nagalli, Galdino, Honaiser, Tuti, Sen5e, Cheek, Lodoni e Sheaf, Pedro Lotto, Caio Passos, Toledo, Trxntin, Mathinvoker, Caio Reis e masterização de Luciano Scalercio, o trabalho conta com algumas experimentações. Vino inicia “M.A.D. 2” com a harmonia calma e eletrônica da faixa “Dueto”. A canção explora vivências cotidianas e aborda uma parceria romântica. Seguindo neste contexto, “DVD”, feat com Ryu The Runner, é dançante e faz referência aos anos 2000, exaltando as lembranças do trapper com uma mulher e a sua vontade de estar ao lado dela. “She Said no Words”, responsável pela estética do R&B na obra, é sobre a conexão de duas pessoas que não falam a mesma língua.
Na sequência, Yunk canta de formas diferentes em dois tipos de flows, em “Eu vs. Me”. “Outro” aborda o lifestyle do cantor e de seus parceiros; e “Ratos” é uma mensagem direta sobre os caras na cena que tentam tirar vantagens. As músicas vibrantes, geralmente as mais aguardadas nos shows, são “Get It”, single lançado anteriormente, “Memórias”, canção mais frenética do projeto, e “US!”, faixa em que ele afirma o seu protagonismo. Com pegada mais comercial, “Magic City” aborda o crime e os negócios. Já “Lado Negro”, com feat de Alee, tem vibe introspectiva e pautas raciais, resgatando algumas vivências de Vino. “Design” pertence ao grupo de faixas mais sossegadas. Nela, o trapper fala sobre a importância de aproveitar os momentos bons da vida, expressando gratidão por quem o rodeia e pelas conquistas alcançadas. Voa, Vino!