Bulgari expos coleção Heritage com peças dos anos 60/70 no Brasil
Coleção Heritage da Bulgari, com peças dos anos 60/70, desembarcou em São Paulo para comemorar a mais importante flagship da América Latina
Quando a Bulgari foi criada, no fim do século 19, as peças de prata forjadas pelo artesão grego Sotirio Bulgari eram disputadas por turistas ingleses que visitavam Roma. Foi com a entrada dos seus filhos, Giorgio e Constantino, no negócio que surgiu a ideia de que a empresa poderia dedicar-se à alta joalheria. Composições cromáticas ousadas começaram a surgir a partir dos anos 1950, com a lapidação cabochão evocando as cúpulas da paisagem da capital italiana. Foi uma década em que a prosperidade chegou à Itália, e a Cinecittà – sede da indústria cinematográfica – entrou em sua fase áurea. O filme A doce vida, lançado por Fellini em 1960, coroa tudo isso e a presença maciça de atores hollywoodianos na cidade, dando início a uma era glamourosa.
A butique Bulgari da Via Condotti tornou-se um dos locais de encontro favoritos de estrelas de cinema, como Audrey Hepburn, Sophia Loren, Ingrid Bergman, Grace Kelly e Anita Ekberg, e socialites, amplificando a fama internacional da marca. Isso permitiu que, no início dos anos 1970, a empresa pudesse expandir suas operações na Europa e nos Estados Unidos. A terceira geração da família infundiu um novo sopro de criatividade adotando as mais diversas fontes de inspiração, do Extremo Oriente à pop art, seguindo a estética exuberante, artística e étnica dessa época. São peças dessas duas décadas que desembarcaram em São Paulo no dia 5 de dezembro. Chamadas de Heritage, ficaram em exposição até o fim de janeiro em comemoração à inauguração da nova loja no shopping Cidade Jardim, a maior flagship da Maison na América Latina.
A seleção de peças únicas ressalta vínculos com famílias brasileiras, reforçando a antiga conexão da Bulgari com o Brasil. Um destaque é um conjunto de colar e brincos em uma composição floral de gemas coloridas, como esmeraldas, rubis, safiras e diamantes, sobre um design intricado em ouro e platina. Comunicando o melhor do conceito italiano de beleza, prazer e luxo, a joia adquirida pelo casal Carmen e Antonio Mayrink Veiga é original de 1967.
Um conjunto colorido de brincos e broche de 1963, e um colar de 1972, em ouro adornado com detalhes em calcedônia e ônix, rubis, esmeraldas, safiras e diamantes chamam a atenção. O broche foi usado pela princesa Soraya Esfandiary Bakhtiari no filme As três faces de uma mulher, de 1965, dirigido por Michelangelo Antonioni, e depois adquirido por uma família brasileira. Por meio de uma extensa pesquisa, também foram reunidas imagens de socialites brasileiras usando peças ou variações de joias apreciadas por personalidades, como Carmen.
A linha Serpenti, que comemora 75 anos, mereceu atenção especial. Relógios ocultos, colares e cintos fazem parte do acervo, ocupando vitrines com hologramas ultrarrealistas. A Bulgari foi uma das primeiras joalherias do século 20 a usar a serpente em um relógio. Nos anos 1960, já utilizando a técnica Tubogas, os diversos elementos separados das serpentes simulavam as escamas do réptil, enquanto a caixa do relógio ficava escondida em sua cabeça.
A SELEÇÃO DE PEÇAS únicas RESSALTA vínculos COM FAMÍLIAS BRASILEIRAS, REFORÇANDO A ANTIGA conexão DA Bulgari COM O BRASIL.
A mostra exibe, ainda, um sautoir de 1972 feito de ouro com madrepérola, lápis-lazúli e diamantes. Acompanhado de um bracelete, seu design tem inspiração arquitetônica no movimento artístico pop art. Versátil, a peça foi desenvolvida para permitir múltiplas formas de uso: o pendente pode ser transformado em broche e se multiplica formando três pulseiras ou uma pulseira e um colar mais curto. Outra peça histórica faz parte da coleção Monete – em ouro amarelo, branco e rosa, adornada com diamantes e raras moedas de prata representando antigos reis da Grã- -Bretanha. A Bulgari adotou moedas antigas para adornar objetos preciosos já na década de 1930, mas a partir de meados dos anos 1960 passou a uni-las ao design moderno, justapondo passado e presente.
Nicola Bulgari, neto de Sortirio e ávido colecionador de moedas antigas desde a infância, ajudou no desenvolvimento da coleção, que revisita uma antiga tradição romana, quando os imperadores exaltavam poder e prestígio usando enfeites com moedas. Preservadas em seu estado natural, as moedas usadas nessas joias mantêm todas as irregularidades adquiridas com o passar do tempo, contrastando com os acabamentos em ouro polido e diamante. Estão entre os fãs dessa coleção celebridades, como Elizabeth Taylor, Andy Warhol, Grace Kelly, Jane Fonda, Barbara Sinatra e Jodie Foster, além da Baronesa Sandra di Portanova. Seleção imperdível.