Cartier abre exposição mesclando sua história com a cultura latina
A América Latina aparece em outros momentos chave da história da casa francesa em exposição
Peças históricas da joalheria francesa Cartier ganharam casa temporária pelos próximos dois meses na Cidade do México. “El diseño de Cartier: un legado vivo” foi inaugurada esta semana no museu Jumex, no centro da capital, reunindo 160 peças que traçam um histórico da casa além de fazer um paralelo com a cultura latina.
“A ideia é retornar às origens da criação”, definiu a curadora Ana Elena Mallet em visita privada antes da abertura oficial. Com olhar especializado em design contemporâneo, Mallet foi a responsável por fazer esse mergulho, nos últimos dois anos, nos cofres da Cartier Collection — um esforço da joalheria de resgatar, para suas coleções privadas, joias e ornamentos produzidos desde sua fundação em 1847, que já reúne 3 mil itens.
A exposição marca a segunda vez, depois de 24 anos, que peças dessa coleção voltam a visitar o México. E com um gosto especial, fazendo homenagem à atriz María Félix — grande diva mexicana dos anos 1940 e 1950 que era cliente contumaz da Cartier.
Seus pedidos, nada triviais, incluem dois colares icônicos em exposição: uma serpente coberta de diamantes, de quase 60 centímetros; e dois filhotes de crocodilos, construídos fielmente com ouro e esmeraldas, que se enroscam no pescoço. É a primeira vez que ambos os animais preciosos se reúnem em uma mesma mostra.
O núcleo dedicado a María é o ápice local, mas a exposição se dedica à história da Cartier de maneira única — contando sua longuíssima evolução desde o século 19, com foco no design e no trabalho manual. A expografia da arquiteta Frida Escobedo encrava as joias em painéis feitos à mão que remetem a cultura ancestral pré-hispânica. E comunica-se com os olhares da joalheira sobre influências do mundo — da art déco, estilo que ajudou a criar, à arte islâmica, referências japonesas e também da América do Sul, que foi um dos tantos campos de inspiração para a evolução das formas.
A América Latina aparece em outros momentos chave da história da casa francesa em exposição. O relógio Santos, modelo de pulso criado para Santos Dumont, tem ali um dos primeiros produzidos. Assim como o broche em formato de flamingo, produzido por encomenda para a Duquesa de Windsor quando Eduardo VIII foi enviado para se tornar governador das Bahamas.
Fotos: Divulgação Cartier