Alanis Guillen em entrevista exclusiva para a L'Officiel Brasil

Nome forte na safra de novas atrizes, Alanis Guillen traz para este editorial sua personalidade forte e contemporânea, que combina com a mistura de texturas e volumes, tendo o jeans como estrela

Alanis Guillen (Fotos: Guto Carneiro)

Com um olhar de quem não está brincando, Alanis Guillen é um sucesso nacional. Depois de hipnotizar a audiência na pele da protagonista de Pantanal, novela das nove da Globo, a atriz de 24 anos mostra que tem ainda muito mais para sacudir o mundo pós-pandemia. Não tem receio de falar pelo feminismo, tem uma ligação muito forte com a natureza, assume uma sexualidade fluida e não dá ouvidos para fofocas a seu respeito. Blinda a vida particular em tempos de redes sociais invasivas, se mantém íntegra e fiel a seus princípios. Com você, uma mulher que dá o tom de toda uma geração.

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L'OFFICIEL Quais causas você considera serem da sua geração? Quais compartilha e vive?

ALANIS GUILLEN Acredito que questões ambientais, os direitos das mulheres, a questão racial, inclusão de minorias e pautas LGBTQIAP+ são assuntos muito presentes nos diálogos atuais, tanto nas redes quanto no dia a dia, nas rodas de conversa entre amigos e familiares. Todas essas questões mexem de alguma forma comigo pois sinto que estamos passando por um momento forte de necessidade de acolhimento, resgate e luta por espaço e direitos. Os corpos diversos existem e precisam ser respeitados. A questão ambiental é urgente e não tem mais como nos abstermos desse dever que é nosso, de estarmos conscientes e agindo efetivamente contra uma política que vê apenas o capital e não protege os povos originários (que são os que mais fazem pelo meio ambiente e consequentemente pela nação) e a nossa terra-mãe.

L'O Vivemos em tempos em que todo mundo dá palpite na vida do outro. E acredito que a situação se agrava com a projeção que você ganhou no papel de Juma, em Pantanal. Como lida com comentários sobre relacionamentos amorosos e sexualidade?

AG Sabia que estaria suscetível a comentários e palpites alheios. Acho invasivo, mas tento não me afetar. Meus relacionamentos, minha intimidade, não dizem respeito a mais ninguém além de mim e da pessoa com quem me relaciono.

Vestido BARBARA BELA, óculos DIOR

L'O Você se considera uma mulher de opiniões fortes? De princípios firmes? O que é inegociável para você?

AG Eu me considero sim uma mulher com princípios estabelecidos, porém muito aberta a transformações e novas perspectivas. Claro que tem coisas inegociáveis como o respeito, minha liberdade e meu espaço.

L'O Como o olhar do outro tem poder na sua vida?

AG Depende do olhar e de quem é o outro. Cada vez mais trabalho em mim, minha interdependência de opiniões e julgamentos alheios, pois acho que a sociedade nos faz acreditar demais nessas influências externas, mais do que em nossa própria voz interior, e se descolar disso e permitir
aflorar sua própria essência é algo que nem sempre é fácil, mas é tão potente e lindo quando acontece. Ser o que se é.

L'O Como você se conecta à energia feminina?

AG Ouvindo e estando com outras mulheres. Com a terra, tocando, pisando, imaginando. Pelo cheiro, pelo toque. Autoamor. Dançando, cantando, vibrando.

Look total LOUIS VUITTON, e ao lado Look total ELLUS

L'O Sua preparação para o papel de Juma envolveu estudo arquetípico, mudança de hábitos, aulas de equitação, de prosódia. O que mais apaixona você na profissão de atriz? Quando descobriu que ela seria a sua?

AG Meu processo com Juma foi muito instintivo. Busquei algumas provocações como alguns exercícios, assuntos e vivências que foram acendendo em mim lugares de potenciais criativos. Então, teve o processo inicial antes de me encontrar com o resto da equipe, e teve (e tem) o processo
de descobertas e desenvolvimento que acontece a partir dos encontros, a cada dia dentro e fora da cena. O que mais me apaixona nessa profissão são os processos de pesquisa, de investigação, os encontros, os mergulhos internos e externos. As mil e uma descobertas, as minhas pessoais e as do
mundo afora. Tudo é possível. E descobri que queria isso como profissão quando estava na formação em teatro, quando toda semana assistia a peças, todo semestre fazíamos montagens, e o fazer teatral me tomou inteira, soube ali que era possível viver pulsando todo dia.

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L'O Você parece ter uma relação bacana com o próprio corpo. Foi a profissão de atriz que ajudou você a construí-la ou você consegue ser mais visceral e física na atuação por causa dela?

AG Acho que as vivências no teatro me impulsionaram a expandir ainda mais minha relação com meu próprio corpo e com os outros corpos. Ali, a gente entende o corpo como um corpo. O corpo como instrumento para a ação. O corpo como um contador de histórias. O corpo como poesia. Inevitavelmente já me deparei com pressões estéticas, ainda me deparo. Mas hoje entendo que o meu corpo são é que vai me possibilitar experienciar a vida como desejo. E que (para mim) autoestima e autoaceitação começam na mente.

L'O Como cuida do corpo? E da mente?

AG Água, uma boa alimentação, terapia, exercícios físicos, exames em dia, sono e bons amigos.

L'O Qual sua relação com moda e beleza? Entende as duas como formas de autoexpressão?

AG A moda é sim um potencial maravilhoso de autoexpressão, de conexões, de ideias e ideais. Eu gosto de conforto e de peças curinga, atemporais. Mas também sou de fases. Acho uma forma ótima de brincar, de ousar, de ir contra a corrente. Gosto quando não tem certo nem errado.

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L'O Juma entende bem que ser é mais importante do que ter. E você, como equilibra consumo e sustentabilidade?

AG Eu me observo, e tento me informar sobre formas mais conscientes de consumo. Sei que tenho muito a aprender e mudar.

L'O Fama, fortuna, um guarda-roupa grifado, um amor ou uma tapera. O que faz a sua cabeça?

AG Com certeza uma tapera na floresta com muitos amores por perto.

OS CORPOS diversos EXISTEM E PRECISAM SER respeitados. A QUESTÃO ambiental É URGENTE E
NÃO TEM MAIS COMO NOS ABSTERMOS DESSE dever QUE É NOSSO.

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L'O O elenco da novela parecia estar vivendo um grande sonho durante as gravações. Foi uma experiência catártica estarem tão conectados à natureza e isolados do mundo? Como vai ser sua despedida da mulher-onça?

AG É mesmo um sonho delicioso e uma experiência imersiva catártica colossal. Como vai ser, só vou descobrir depois. Agora ainda estou imersa nesse sonho.

L'O E para fechar: seu nome foi inspirado na Alanis Morissette. O que toca nos seus fones de ouvido? A sua vida tem música?

AG Sim. Nasci quando Alanis Morissette estava no auge. Nos meus fones toca de tudo, faço uma grande salada mista. Mas ultimamente estou ouvindo muito Bala Desejo e Noporn. Vou do jazz, MPB, rock, progressivo, experimental, disco, techno, samba, baião a mantras.

Look total ELLUS, relógio ROLEX e ao lado, Look total MIU MIU