Cris Barros comemora 20 anos de sucesso!
Talento, razão e afeto! Este ano, Cris Barros comemora oficialmente duas décadas da marca que leva seu nome. Nesse tempo, consolidou uma grife com DNA forte com resiliência e paixão
No universo da estilista Cris Barros, a poesia se traduz em roupas, mas também em gestos e palavras, na maneira que se refere à sua equipe e ao trabalho, ao afeto que transborda ao falar da família e, principalmente, da filha Gaia. Por isso, não é de estranhar que, para comemorar duas décadas da marca que leva seu nome, reuniu amigos, tableaux vivants e show em um antigo casarão, em são Paulo. Agosto foi o mês oficial das 20 voltas ao sol, e a estilista lançou a coleção SS22 Alter Ego. “É um manifesto sobre nossa filosofia: uma marca livre, feminina, espontânea e feliz, com coleções sempre solares, cheias de vida, com cores vibrantes e muito brilho”, disse ela, ressaltando a importância de não ter medo de ser genuíno e acreditar que é possível alcançar o que se sonha.
O resultado pode ser visto em peças que traduzem o lifestyle de Cris e de mulheres que ela admira, além de oito capas diferentes para o lookbook comemorativo com intervenções feitas pela artista argentina Baauhs, com várias facetas ou “alter egos” da mulher Cris Barros. “São amigas da marca como Maju Trindade, Stephanie Ribeiro, Victoria Yamagata, Thai Bufrem e Maria Braz.”, enumera a estilista, que já faz planos para os próximos 20 anos: “Enxergar a vida de uma maneira leve e ter consciência de deixar um legado positivo para as gerações futuras, pensando sempre no coletivo”.
Cris era modelo quando se formou em desenho de moda na Universidade Anhembi Morumbi. Partiu para Milão, para continuar os estudos no Istituto Marangoni e trabalhou com o estilista francês Stephan Jason, que já havia passado pela equipe de Yves Saint Laurent. De volta, conheceu a dinâmica de uma grande marca ao atuar no marketing da Zoomp. Em paralelo, criava roupas para si mesma e para as amigas. Até que o desejo de ter a própria marca falou mais alto. Os negócios, comandados em conjunto com a irmã, Daniela Verdi, e o cunhado, Luís Felipe Verdi, deram certo. “Foram muitos aprendizados, sucessos, desafios, risadas, conquistas, paixão e amor. Uma grande jornada, feliz e cheia de brilho”, comenta. Todo esse carinho e emoção são visíveis na prática. Há seis anos a marca foi incorporada ao grupo Soma e, desde 2020, o trio passou a ser sócio do conglomerado que comanda 11 lojas em seis estados. Como parte das comemorações, em breve inaugura mais um endereço em Goiânia. Ações sustentáveis e sociais que já estavam no seu radar, devem ganhar ainda mais ênfase.
Esta coleção comemorativa também é reflexo da experiência vivida durante a pandemia. O que os últimos anos ensinaram a você enquanto, mulher, mãe e estilista?
Os últimos anos me fizeram repensar a minha filosofia de vida como um todo. União, paciência, perseverança, doçura, gratidão, leveza, espontaneidade, simplicidade e fé. Aproveitamos esses últimos anos para nos lembrar das coisas que realmente importam, procurando ainda mais sentido e significado, seja como mulher, mãe ou estilista. Tivemos que nos reinventar muitas vezes, mas nunca perdi a confiança de que tudo daria certo. Fomos nos adaptando e executando as transformações necessárias. Acho que tudo isso só reforçou a minha vontade de estar cada vez mais próxima da minha equipe e assim caminharmos e construirmos juntos.
Atemporalidade e valorização de processos manuais estão no DNA da marca. Nesta nova coleção, surgem bordados e tecidos desenhados manualmente, saltos esculpidos um a um. Me conta um pouco sobre esses trabalhos artesanais?
Um desafio grande e constante é crescer mantendo o posicionamento de exclusividade. Nossas coleções possuem muitas peças, porém produzidas em poucas unidades. É um trabalho de criação muito grande. Nós temos tanto cuidado em cada peça, cada aviamento feito à mão, cada botão, cada estampa, cada bordado... Desenvolvemos os materiais um a um, cores, tipos de linha e as bases para serem bordadas. Os saltos e as bijoux são criados e modelados também manualmente para definirmos os melhores acabamentos e proporções. É muito enriquecedor estudar todas essas técnicas, incluindo saberes ancestrais, e ver a equipe apaixonada por tudo isso. O nosso desafio constante, que nos motiva no dia a dia, é manter a marca atual e fiel à sua essência: autoral de luxo com processos de criação de alta qualidade.
Qual foi a peça mais desafiadora e quanto tempo exigiu?
As peças bordadas em geral são muito desafiadoras; temos, por exemplo, um vestido com bordados em cabochons e tela de lurex dourado que exigiu o desenvolvimento artesanal dos moldes das pedras, inúmeros testes de aplicação e bases de bordado. Foram quatro meses até ficar perfeito. As modelagens também são sempre muito desafiadoras porque fazemos um exercício criativo de nos superarmos a cada coleção. Os nossos tecidos bordados e estampados são desenvolvidos dentro do nosso ateliê e vários são produzidos fora do Brasil em um processo que exige até oito meses de antecedência.
Você sempre deu o tom à marca. Ela existe porque você buscava uma roupa que traduzisse seu estilo. Vinte anos depois, quem é essa mulher e o que ela busca em uma roupa?
Continuo seguindo minha intuição, mas com 20 anos de marca eu também me inspiro muito nas minhas clientes e nas mulheres ao meu redor, como minha mãe, minha irmã, minha filha, minhas amigas. Essa troca é muito viva e importante para me manter relevante. Me questiono constantemente sobre novas formas, tecidos, conceitos, moodboards e como conservar a minha equipe inspirada. Para manter todos sempre envolvidos, o processo de ir a fundo na construção da linha é muito importante para continuar inovando. Sempre busco trabalhar com paixão. Quando crio uma peça, gosto de imaginar que consigo transportar as pessoas para um universo específico. Quando estou em uma prova de roupa, sempre me pergunto: gosto mesmo dessa peça? Desejo ter esse item? Para sobressair, é preciso conhecer a si mesma, caso contrário, você começa a caminhar na direção errada.
Apesar de poucas edições, a marca Cris Barros fez parte do SPFW. Em que momento você compreendeu que fazia mais sentido formatos mais intimistas?
Apesar de eu acreditar que o SPFW é um evento incrível para apoiar a moda nacional (inclusive, sou muito grata ao Paulo Borges, que sempre nos apoiou desde o nosso primeiro desfile), optamos por formatos mais perto dos lançamentos de coleção em vez de esperar quatro meses entre o desfile e a chegada da coleção em loja, repensando assim o processo de criação dentro de um timing que fazia mais sentido para a marca. Também, eu sempre tive a vontade de contar as nossas coleções de uma maneira mais autoral e íntima, me dedicando a criar momentos especiais com cada pessoa que vai nos prestigiar. Foi uma decisão que me deu liberdade para explorar ainda mais caminhos criativos, tanto para criar coleções, campanhas e lookbooks impactantes quanto pensar em formas surmesure para apresentá-las: em um piquenique no meu jardim, apresentação do Balé da Cidade dentro da nossa loja, formato completamente digital criando “instaseries” inusitados ou em uma grande experiência como foi a celebração dos 20 anos, onde tivemos tableaux vivants da nova coleção e a exposição de manequins + videowall destacando peças dos arquivos da marca e show especial de música da Carla Salle e da Julia Konrad.
A marca faz parte do Grupo Soma desde 2016 e em 2020 você, irmã e cunhado passaram a ser sócios do Soma, que agora detém 100% das ações da marca. O que mudou com essa operação?
O Grupo Soma é para nós um irmão mais velho, que nos ajudou a profissionalizar os nossos processos, ter acesso aos melhores fornecedores, estruturar a mão de obra. Costumo brincar que hoje temos a infraestrutura dos sonhos, onde eu posso me dedicar exclusivamente à criação e ao marketing, que é o que eu realmente sei e gosto de fazer. Entrar para o Grupo Soma nos levou a um lugar incrível. Conseguimos unir os objetivos e conquistas à paixão.
Quais são os projetos para a Cris Barros em curto, médio e longo prazos?
Hoje eu quero viver intensamente o presente e esse momento único em que a marca se encontra celebrando 20 voltas ao sol com coleções especiais, com as comemorações e a inauguração da nossa próxima loja, a primeira Cris Barros em Goiânia. A médio prazo, teremos ainda mais lançamentos lindos, além de uma collab inédita! Um assunto muito importante para mim, é continuar me dedicando ao engajamento sustentável e social da marca, uns dos nossos focos principais e grande pilar. A preocupação com o meio ambiente sempre existiu, mas hoje podemos falar com propriedade que um dos pontos fortes do DNA da marca é essa. A cada coleção tentamos ter mais peças sustentáveis. Estudamos sempre novas formas de fazer recycling e upcycling com os tecidos dos nossos arquivos, por exemplo. Nos orgulhamos também em dizer que somos uma empresa carbono neutro: todas as emissões das nossas operações (coleções, lojas, embalagens e frete) são compensadas em energia solar. Aderimos também ao selo “Eu Reciclo”, compensando 100% das nossas embalagens. Nosso sonho é o de ver a Cris Barros como a marca brasileira mais sustentável do país!
O engajamento social também integra essa bandeira?
Eu me sinto totalmente responsável pela sociedade que me cerca e por tudo o que acredito que posso contribuir, mudar, movimentar e transformar dentro desse organismo. Pelo sexto ano consecutivo, estamos apoiando a ONG Casa do Rio e as suas artesãs maravilhosas. A ideia é divulgá-las cada vez mais, capacitá-las e levar outras marcas para trabalhar com elas, ajudando a criar essa ponte para viabilizar o trabalho delas como uma cadeia de produção. Outro engajamento social é continuar apoiando a Rede Synapse, uma iniciativa incrível de capacitação de professores de escolas públicas de todo o Brasil, que cria um movimento extraordinário, levando constante aprimoramento para o ensino no país inteiro. Na minha opinião é uma causa fundamental para o desenvolvimento social. Afinal de contas, um mundo sem educação é um mundo sem evolução. Vejo o quanto esse assunto une as pessoas, é realmente muito gratificante ver isso. A longo prazo, só consigo olhar para os próximos 20 anos com ainda mais amor pelo que faço. Quando você alcança uma estrutura operacional ideal, que no Brasil a gente sabe que é difícil, você se permite a se desafiar mais em questões práticas do cotidiano, como qualidade e desenvolvimento de produto.
Gaia, que nasceu em 2018, parece ocupar um lugar de des- taque na sua vida. O que a maternidade lhe trouxe?
A maternidade foi um momento muito intenso e especial, quando comecei realmente a sentir e enxergar a vida de uma maneira ainda mais leve e feliz. Aprendi que, mesmo no desespero, temos que ter paz de espírito e amor para saber conduzir situações.
E qual o reflexo dessa cumplicidade entre mãe e filha no seu trabalho?
A exaltação da força da mulher por meio da criação e do design é uma fonte de inspiração sem fim para mim. Por exemplo, desde que tive a Gaia comecei a pensar mais em como me engajar com projetos envolvendo crianças, como a Rede Synapse, que comentei.
