Salvatore Ferragamo divulga coleção Verão 2021
Paul Andrew, diretor criativo da Salvatore Ferragamo, conta como Alfred Hitchcock influenciou Verão 2021 da marca italiana.
A Covid-19 afetou a moda em cheio. Trancados em casa, designers foram impactados pela nova rotina. Em conversa remota com jornalistas da América Latina, Paul Andrew, diretor criativo da Salvatore Ferragamo, contou que ideia de conforto dá o tom à coleção Verão 2021, com jumpsuits, tricôs, calças saruel e várias outras peças em alfaiataria soft, que desembarcam no Brasil em março. Aliás, na sua opinião, esta é uma estética que deverá permanecer por mais algum tempo, mesmo depois da pandemia.
Entretanto, não foi somente o despojamento do visual indoor que influenciou Andrew. Depois de devorar o acervo da Netflix, ele mergulhou no universo de Alfred Hitchcock, especialmente Os Pássaros, Marnie – Confissões de uma Ladra e Um Corpo que Cai. “No passado, esses filmes traziam sempre um sentimento de mundo surreal e estranho. Mas assisti-los durante o lockdown foi diferente. Eles pareciam a “vida real”, que havia se tornado, de repente, ruim e estranhamente bela”, explicou.
A cartela cromática positiva, que aponta para um final feliz, foi pinçada das cores primárias e complementares do sistema Technicolor, além de preto e branco. “Sou obcecado por cores”, explicou, bem-humorado. O verde, que faz referência a um dos looks de Tippi Hedren em Os Pássaros, é um dos seus tons favoritos e colore um tailleur com saruel no lugar da saia lápis convencional. Do figurino da atriz também veio a referência para a bolsa estruturada Marnie. Já do passado da marca, o designer buscou no desenho da premiada sandália “invisível”, de 1947, inspiração para os saltos da temporada.
Reflexos do distanciamento social ainda aparecem no tamanho da coleção: enxuta, com apenas 30 looks entre femininos e masculinos, totalmente em sintonia. “Quero fazer menos e melhor”, disse ele, chamando a atenção para as dificuldades impostas pela dinâmica de oito coleções expressivas ao ano que estava ditando as regras do mercado nos últimos anos.
Nesse caminho, estão no seu radar foco em qualidade e sustentabilidade, com matérias-primas como couro, jérsei e náilon reciclados. Os tricôs handmade foram feitos por artesãs da região da Toscânia. A meta para este ano, segundo ele, é chegar a pelo menos 25% de materiais vindos de fontes responsáveis. Outra medida colocada em prática no desfile para poucos convidados realizado setembro, em Milão, foi ampliar a diversidade entre os modelos. Bravo!