Festas: datando e revigorando a existência da memória social
As Festas datando e revigorando a existência da memória social - entenda
Ao observar a natureza, o ser humano percebeu que ela se repete de tempos em tempos, seja em micro ou macrociclos: dia e noite; lunações; estações do ano, entre outras renovações que serviram de referência para datar esse próprio tempo.
Não bastando a repetição gradual, fez-se necessária a comemoração para que houvesse a efetiva medição desse tempo em celebrações que fugissem de certa monotonia e, consequentemente, dar-lhe uma qualidade e uma intensidade no decorrer dos fenômenos naturais que vão pontuar o fluir do tempo, marcando, então, os ritmos desse próprio tempo no âmbito coletivo.
O tempo social é de aparência cíclica e gradual e, sendo assim, é organizado em repetições marcadas por solenidades, festas e comemorações que reforçam a vida coletiva das culturas em momentos fortes que precisam ser revividos no calendário, exaltando personagens e/ou benfeitorias do passado comum às sociedades específicas, seja por intermédio de aspectos religiosos, celebrações folclóricas, festas seculares e comemorações em geral. Tais celebrações servem para expressar valores coletivos aplicados aos sentimentos e manifestações sociais em comemorações repetidas de acordo com a tradição cultural de organização do tempo em comunhão social, unindo os membros participantes e rememorando o passado e a ancestralidade em solenidades que transbordam em festas ou acontecimentos memoráveis, cristalizando datas e ocasiões apropriadas a serem celebradas.
Como efeito, festas pedem indumentárias específicas que vão servir não só de identidade visual como, também, de lembrança a tempos pretéritos que denotam tradição e união entre os membros participantes.
Mesmo ciente que o tempo não seja linear e, também, não sendo possível citar todas as efemérides, traço agora uma linearidade das principais comemorações efetivas e coletivas das nossas comemorações, associando cada celebração às tradições vestimentares.
Como reza o dito popular que “o Brasil só começa depois do Carnaval”, iniciemos, então, a partir dos festejos de Momo. Das antigas fantasias de ordem criativa, luxuosa, humorada ou mascarada e também ressignificando a tradição da arte plumária dos nossos povos originários, penas e brilhos em corpos cobertos marcaram época em oposição à quase ausência de roupas nos corpos presentes nos festejos que antecedem a Quaresma.
Com a introspecção religiosamente sugerida pós-Quarta-Feira de Cinzas, culminando com a Semana Santa e a Páscoa da Ressurreição, as roupas ainda deveriam guardar o respeito e a ausência da sensualidade, uma vez, também, que nos protegem dos ventos outonais. Na tradição católica, o roxo é a cor do luto cristão.
Sendo as festas juninas as mais populares depois do Carnaval, Santo Antônio (13), São João (24) e São Pedro (29), e sendo em tempos mais frios no Hemisfério Sul, as roupas são mais fechadas, fazendo uma alusão caipira e exagerada aos trajes sofisticados da corte francesa à época dos últimos Luíses e seus barroquismos visuais, uma vez que a nossa quadrilha é referente à quadrille francesa, dança característica dos nobres e aristocratas franceses no século 18, que chegou ao Brasil por rebatimento da corte portuguesa.
Já no segundo semestre do ano, é celebrado no 12 de outubro o Dia das Crianças e, em uma referência bem atual (2024), o “cabelo maluco”, de influência americana, aportou de vez entre a criançada brasileira; assim como as fantasias de Halloween no fim de outubro, também de inspiração estadunidense, com caveiras e monstros vestidos de preto, roxo e laranja e que já foram inseridas nas comemorações nacionais, impactando o comércio da venda de fantasias populares.
Nas comemorações de fim e começo de ano, vale um visual mais fashion descontraído, associado ao gosto da moda de cada ano, em festas e jantares de confraternização. Com relação às festas natalinas, essas culminam nas vestimentas vermelhas e brancas do Papai Noel, com suas imensas barbas brancas postiças nos shopping centers e festas familiares. E, para terminar o ano, lembrando que um fim sempre antecede a um novo princípio, não podem deixar de ser citadas as roupas brancas do Réveillon, lembrando que nem sempre foi assim. Cerca de aproximadamente 40 anos atrás, tornou-se coletivo virar o ano vestido de branco, alusivo aos trajes brancos usados nos festejos das tradições de religiões de matrizes africanas; além da simbologia da paz, sendo o 1º de janeiro o Dia Mundial da Paz. Com isso, é fechado mais um ciclo planetário ao redor do astro-rei.
FOTO: GIL INOUE.
VESTIDO STROBO NA PINGA
ESCARPINS REINALDO LOURENÇO.
MODELO: SANNE DE VRIES.
BELEZA: HELDER RODRIGUES.
ASSISTENTE DE STYLING: RENANRIOS E GIOVANNA STREIFF.
ASSISTENTE DE BELEZA: CARLOS ROSA.
TRATAMENTO DE IMAGEM: ALT RETOUCH STUDIO.