Pop culture

Mel Lisboa compartilha maturidade na vida e no trabalho aos 40 anos

Com 20 anos de carreira, Mel Lisboa conta como o reconhecimento e a maturidade ganharam papéis principais em sua trajetória depois dos 40

clothing apparel skin person human
Foto: Divulgação

Mel Lisboa esteve a frente do grande público durante seu desenvolvimento profissional, hoje com a carreira beirando aos 20 anos e em plena maturidade dos 40, a atriz confessa que prefere ser reconhecida a ser conhecida, principalmente quando o assunto é fama, “fui aprendendo com acertos, com erros, indo para onde me sinto mais confortável”. 

Muito além de ter sua imagem disposta em diversas plataformas, telas ou palcos, Mel Lisboa carrega em si uma potente voz, não só no sentido literal, mas também em sua essência enquanto mulher. Categórica quando o assunto é maturidade, principalmente no trabalho, “se passaram mais de 20 anos, eu sou uma mulher de 40 anos, eu tenho dois filhos, então existe essa maturidade. Mas é uma maturidade também de trabalho, com o acúmulo de experiências que eu tive nesse tempo”. 

Ainda esse ano, no segundo semestre, Mel protagoniza dois filmes: Atena, que fala sobre violência contra a mulher, e Foram os Sussurros que me Mataram, sobre uma atriz que se prepara para entrar num reality show, o filme foi todo rodado dentro de um quarto de hotel em um estúdio. Ambas as temáticas trabalham essa força feminina e o questionamento de padrões sociais, elementos que são parte da vida de Mel.

Em entrevista exclusiva Mel nos conta como foi constuindo sua narrativa durante os anos e como é viver personagens tão fortes.

Foto: Divulgação

L'Officiel Brasil: Com aproximadamente 20 anos de carreira, como foi o processo de amadurecimento enquanto atriz e mulher? O que Mel Lisboa de 40 anos mantém como essência do início da carreira?

Mel Lisboa: Eu costumo dizer que eu prezo pelo amadurecimento, pela aquisição de conhecimento, pela experiência, eu acho isso muito importante, e eu valorizo muito, então hoje eu me sinto mais preparada, mais madura, com mais recursos para trabalhar, para encarar as dificuldades, para conseguir resolver os meus problemas de modo geral, na vida e também no trabalho. Mas o que a Mel de 40 mantém como essência do início da carreira, é uma essência que é da minha personalidade, que eu me preocupo muito com a qualidade do meu trabalho, e tento entregar o melhor que eu posso, sou extremamente exigente comigo mesmo, e isso às vezes é um pouco excessivo, e às vezes me prejudica, as vezes isso pode ser alguma coisa que me limita um pouco, mas essa eficiência e vontade de fazer bem permanece

L'Off: Em "Coisa mais linda" sua personagem também possui grande personalidade e uma representatividade feminista, o quanto de Mel Lisboa estava em Thereza? O que gostaria de carregar com você dessa personagem?

Mel: A Thereza é uma personagem a frente do seu tempo, é uma personagem verossímil de forma alguma, havia Therezas no mundo e elas foram muito importantes pros avanços e pros progressos que as mulheres conquistaram, desde aquela época para cá, as Therezas pelo mundo afora foram muito importantes. E eu admirava muito a personagem, gosto muito da Thereza, é uma personagem que me encanta, então eu tive um prazer enorme em fazer a Thereza. É claro que a gente sendo uma mulher contemporânea de 2022, que já tem uma consciência sobre si, sobre as outras, sobre as situações com as quais a gente tem que lidar, e a questão do feminismo, acaba que a Thereza é uma personagem com quem é fácil a gente se identificar, mas eu tinha uma questão de admiração pela thereza, porque além de tudo ela é uma mulher elegante, culta, descolada, divertida, então é aquele tipo de personagem que você queria ser, eu queria ser mais Thereza, e isso dá prazer de fazer.

L'Off: Sua apresentação para o grande público teve início com uma personagem marcante em "Presença de Anita", se houvesse uma continuação de sua personagem você aceitaria fazer novamente?

Mel: Eu acho que a gente tá trabalhando num campo da suposição, primeiro, esse projeto não existe. Mas de toda forma, existem os ciclos que se encerram, Anita foi um trabalho muito importante, e que me trouxe muitas coisas boas, mas faz parte da minha história, mas é um ciclo que já se fechou, pelo o qual eu sou muito grata

L'Off: Existe um grande movimento de atrizes internacionais de se manterem fora de mídias sociais, como forma de protesto e limitação do uso de suas imagens. Como você equilibra a vida no mundo online/offline? Consegue impor limites?

Mel: Esse mundo online para minha geração, e eu posso falar por mim, pelo menos, é relativamente novo, a gente está aprendendo a lidar, essas ferramentas também mudam com uma rapidez considerável, então a gente vai entendendo como funcionam esses meios digitais de comunicação. Eu costumo ser um pouco mais cautelosa, mesmo porque eu não tenho muito costume de me expor tanto, eu prefiro sempre focar um pouco mais no meu trabalho, que já é exposto, que eu já fico exposta naturalmente. Não é uma resposta que eu sei dar, porque eu estou aprendendo também

 
Foto: Divulgação

L'Off: Sua nova personagem em "Cara e Coragem" é uma vilã, como é o processo de construção?

Mel: A gente trabalhou o elenco inteiro com a Cris Moura, que é uma preparadora maravilhosa, e fizemos um trabalho em grupo dos núcleos, mas também um trabalho com o trio de vilões, eu, ìcaro e Ricardo Pereira, para trabalhar a relação desses três, até que ponto a confiança deles vai, porque eles confiam sempre desconfiando um do outro, já todos sabem do que cada um é capaz de fazer. Especificamente da Regina, eu trabalhei essa questão dela ser uma pessoa duas caras, que aparenta ser subserviente, calma e tranquila, quando por trás ela está ali fazendo muitos planos diabólicos para atingir os objetivos dela.

Busquei referência de vilãs que têm a ver com a história dela, que é usar o Leonardo para atingir um objetivo de ambição e fortuna que ela tem, e pra isso uma referência clássica é a Lady Macbeth, da peça do Shakespeare, já que é ela quem estimula o Macbeth a fazer tudo que ele faz para conseguir se tornar rei, não importa os meios, “os fins justificam os meios”, nesse caso. E outra personagem icônica para mim é a Eve Harrington do filme A Malvada, personagem que chega sendo fã da atriz, querendo ser assistente e ajudar, quando na verdade ela quer derrubar aquela mulher e pegar o posto dela, então são referências que me ajudaram a construir a Regina

L'Off: Existe algo que ainda não conseguiu trabalhar em alguma personagem, que quer muito encontrar em projetos futuros?

Mel: Há muitas personagens que já foram escritas e as que ainda vão ser escritas, que eu tenho certeza que eu gostaria muito de fazer. Além dos projetos pessoais, eu estou tocando as minhas produções de teatro, mas agora também quero produzir um conteúdo de audiovisual, já estou começando a pensar e a me agilizar para fazer acontecer. Ter mais autonomia também com o meu trabalho, assim como eu tenho no teatro, trazer pro audiovisual, acho que isso é um movimento que eu desejo e espero conseguir fazer

L'Off: Se você pudesse conversar com Mel de 20 anos atrás, o que gostaria que ela soubesse sobre o seu futuro?

Mel: Não sei se eu falaria alguma coisa sobre o futuro, mas eu diria certamente pra ter calma, que, inclusive é um toque que eu me daria até hoje, e que de certa forma a minha intuição estava correta em relação ao teatro, que o teatro me daria tudo. Acho que eu falaria isso

 
 
 
 

Tags

Posts recomendados