Moda

Paul Andrew fala sobre carreira e sustentabilidade

Paul é o diretor de criação da Ferragamo desde 2019
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Eles mudam a nossa forma de caminhar, elevam as produções e até mesmo nossa silhueta. Os maiores designers de sapatos do mundo são nomes incrivelmente criativos e detalhistas. Após um mergulho na mente de Pierre Hardy, da Hermès, chegou o momento de conhecer Paul Andrew, da Ferragamo, um designer que leva seu processo criativo dos pès à cabeça.

 

Paul Andrew é o diretor de criação da Ferragamo desde 2019. Ele entrou na marca três anos antes, como diretor de design de calçados. Dada a extensão do compromisso, Andrew teve que tomar a “difícil decisão” de “pausar” a marca que leva seu nome, que foi fundada em 2013. Leia a entrevista a seguir:

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L'Officiel Itália: Os processos de criação das coleções de calçados e ready-to-wear procedem de forma independente, apesar da óbvia inter-relação?

Paul Andrew: Tanto pela minha formação como pela história da marca são os sapatos que ditam e definem a silhueta, e as proporções dos casacos, saias, calças. O meu é literalmente um processo criativo dos pés à cabeça. 

 

O objetivo era obviamente encontrar um equilíbrio entre os acessórios e o pronto-para-vestir: escolhi uma construção de indumentária muito forte e definida, com silhuetas finas e alongadas, adaptando-a aos diferentes biotipos da mulher. E guardei aquela alegria da cor que sempre fez parte da história da marca.

 

LOI: Na linha de Outono/Inverno 2020/21 tem muitas peças de couro...

PA: Percebi que havia tão pouco couro em seu ready-to-wear. Pessoalmente, adoro fazer roupas de couro extremamente usáveis ​​e confortáveis ​​que podem atravessar gerações.

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LOI: Quais são os modelos mais significativos da temporada?

PA: Eu diria que a Viva Sling Back e a bota Viva Stretched. Eles são extremamente confortáveis e com salto forte.

 

LOI: Salvatore Ferragamo foi um mestre absoluto do calçado, da inventividade e da criatividade inesgotáveis, da sandália Rainbow de Judy Garland à invisível sandália de náilon, ao salto piramidal dos anos 1930... Como você se compara a uma herança tão impressionante?

PA: Existem cerca de 15.000 sapatos no arquivo, o que seria realmente estúpido ignorar. Sempre começo com eles, mas em um sentido mais conceitual do que literal. Por exemplo, pegue a sandalo invisibile 1947, em náilon, uma plataforma tão extraordinariamente feminina. Não estou interessado em imitá-lo, mas em pensar em como Salvatore desafiou a gravidade ao imaginá-lo.

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LOI: Além de Ferragamo, existem outros sapateiros que você acha particularmente interessantes?

PA: Ferragamo sempre foi meu designer de referência absoluta, sou fascinado não só por seu gênio criativo, mas também por sua superação de todos os obstáculos, pobreza, guerra, problemas econômicos. Mas também acho Charles Jourdan e Maud Frizon particularmente interessantes, que nos anos 1970 e 1980 mudaram a forma como os sapatos são feitos.

 

LOI: A maneira como você trabalhou na sua linha é diferente de como você trabalha para a Ferragamo?

PA: Na minha linha estavam todos os meus interesses, pela arte, pela arquitetura, pela natureza, estava a minha obsessão pela cor.

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LOI: Você começou a trabalhar na McQueen. O que ficou desse aprendizado?

PA: Lembro de meu tempo na McQueen como um momento de abertura extraordinária. Eu vim de uma escola muito estruturada e havia uma liberdade criativa louca na McQueen, não havia nem mesmo um calendário. Lá percebi que não se pode limitar o design, a criatividade: ele nunca sucumbiu ao merchandising.

 

LOI: Como você definiria o estilo Ferragamo?

PA: Ferragamo não está na moda, não é ostentosa, não é vulgar: é sofisticada e atemporal. É baseado em um equilíbrio cuidadoso entre masculino e feminino: a tal ponto que muitas vezes eu desenho as duas coleções ao mesmo tempo. O streetwear nunca me fascinou, nunca forcei o tênis, as pessoas querem ser casuais e o estilo funcional é a minha prioridade, mas o meu casual não tem nada a ver com sportwear.

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LOI: É mais fácil desenhar para homem ou para a mulher?

PA: A roupa masculina é mais imediata porque me uso como referência, com as mulheres é uma fantasia, ainda que eu trabalhe com muitas mulheres.

 

LOI: Uma das metas que você se propôs no início era dar coesão à marca. Você acha que conseguiu?

PA: Acho que é coeso no que diz respeito ao desfile e à campanha, mas para ser realmente coeso é preciso poder entrar em uma loja e ter a síntese da marca em um piscar de olhos. A Ferragamo, porém, é uma realidade composta por 650 lojas ao redor do mundo, e um público entre 16 e 90 anos, então às vezes é difícil ser muito consistente, ou talvez nem seja o caso.

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LOI: Você tem um forte compromisso com a sustentabilidade.

PA: Acho que é fundamental reduzir o impacto no meio ambiente. Implementamos o upcycling de sobras de couro que usamos para patchwork e decorações. Fomos um dos primeiros a usar fibra de laranja, que dá um fio muito parecido com a seda. Fazemos náilon com garrafas de plástico recicladas, todo couro vem de animais que foram mortos para comer, raramente usamos couros exóticos. O verdadeiro problema é a coloração dos couros: existe um programa de redução do consumo de água e estamos usando mais corantes vegetais. Sei que estamos apenas no começo, mas estamos extremamente motivados para continuar nessa direção.

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