Livia Marques mostra como encarar o verão com peças charmosas
Livia Marques fala em entrevista exclusiva sua relação com a moda no digital e conteúdos criativos: “Amo moda. Estou sempre buscando referências para fazer coisas diferentes”
Nossa conversa durou pouco mais de uma hora. Enquanto ouvia a Livia falar, me ocorreu que o gostoso sotaque mineiro combinava perfeitamente com seu rosto de menina, salpicado de sardinhas.
Ao mesmo tempo, a maturidade para falar sobre trabalho, família e futuro não era a que normalmente se espera de uma pessoa com 22 anos. “Sou muito determinada e quero construir muitas coisas profissionalmente. Por isso, estou sempre estudando, pesquisando, buscando referências e procurando me aprimorar”, disse. Casada há dois anos com Adibe Marques, herdeiro da farmacêutica Cimed, Livia diz que sempre quis construir sua própria família e entende que relacionamento é algo que tem que cuidar: “Tanto eu quanto ele estamos em uma fase de muito trabalho. Mas desde o começo, a gente sempre se comprometeu a ter um tempo só nosso, porque o casamento é uma prioridade para nós. Fim de semana, por exemplo, a gente sempre deixa o celular de lado, ou mesmo à noite, quando chegamos do trabalho. Cultivar o casamento, cuidar do amor, é nossa prioridade”.
Influenciadora em franca ascensão, Livia tem se destacado no ambiente digital muito por conta de suas produções e conteúdos criativos. Não espere ver looks ou makes convencionais, muito menos fotos triviais, no feed do Instagram dela. Pelo contrário. Passear pelo seu perfil é praticamente mergulhar em um storyboard de um diretor criativo e encontrar uma coleção de imagens lindas e ideias inspiradoras. “Amo moda. Estou sempre buscando referências para fazer coisas diferentes. Não gosto de nada muito convencional, e acho que isso é um dos motivos que fazem com que as pessoas gostem do que crio”, avalia. A paixão e o fascínio pela moda e pelo inusitado vêm do berço. Sua mãe, Adriana Nunes, cresceu vendo o pai construir e administrar uma das primeiras fábricas de jeans na cidade de Divinópolis (MG), a Savage. “Sem dúvida, essa experiência impactou meu olhar também. Hoje, trabalhamos muito juntas. Monto looks desenhados por mim e pela minha mãe”, conta a mineira nascida em Divinópolis e que cresceu em Belo Horizonte, onde ficou até os 17 anos, quando se mudou com a família para São Paulo.
Como boa escorpiana, Livia tem intuição aguçada e gosta de estar no controle das coisas. Confira a conversa na íntegra e conheça um pouco mais dessa digital creator — você ainda vai ouvir muito sobre ela.
L'OFFICIEL Você tem um olhar muito particular para a moda. Quando começou a desenvolver seu estilo?
Livia Marques Eu sempre fui muito vaidosa, gostava de me arrumar. E também decidida sobre o que queria vestir. Acho que muito desse olhar veio da minha mãe, que sempre esteve presente na fábrica de jeans do meu avô. Minha mãe desenhava todas as coleções da Savage, que vendia muito na época, acho que nos anos 1980 e 90. Hoje eu uso muitos looks desenhados por nós duas. A moda sempre foi algo muito presente e natural na nossa família.
L'O Como você entrou para o universo digital?
LM Eu sempre amei fazer maquiagem. Na adolescência, comecei a maquiar minhas amigas quando a gente ia sair. A coisa foi crescendo e, teve uma época, que eu chegava a maquiar até dez pessoas em casa. E ganhava para isso. Nunca fiz curso nenhum, sou autodidata mesmo. No início, minha grande fonte de inspiração foi a Camila Coelho. Aprendi muita coisa assistindo aos vídeos dela. Logo que surgiu o Instagram, comecei a postar de uma forma muito natural alguns desses momentos. E, com 16 anos, abri um canal no YouTube, em que eu compartilhava várias dicas de roupa, muitas de maquiagem, mostrava um pouco da minha vida também. Foi nessa época que saí da visualização apenas das amigas para ser vista por pessoas desconhecidas. O canal chegou a ter 100 mil inscritos na época. Ao mesmo tempo, meu Instagram também começou a ter muitas visualizações. Aí fechei o canal porque o IG estava ganhando muito mais força. E esse crescimento sempre foi orgânico. Aos 17 anos, mudei para São Paulo com a minha família, por causa do trabalho do meu pai. Foi nessa época, observando o crescimento do meu Instagram, que vi que realmente queria trabalhar com isso e passei a me dedicar 100% para a criação de conteúdo.
L'O Quando percebeu que tinha mudado de patamar e virado uma influenciadora importante?
LM Pergunta difícil. Eu não tenho muito essa medida, porque é uma coisa que eu gosto tanto de fazer que nunca tive o objetivo de alcançar sucesso. Mas se for para pontuar um momento que senti diferença, foi a primeira capa de revista e alguns convites para eventos importantes de moda, como minha presença no desfile de Valentino, uma marca muito exclusiva. Isso teve uma repercussão muito bacana e foi, tipo, um divisor de águas.
L'O O que você acha que torna seu trabalho relevante? Qual seu diferencial?
LM Tudo o que eu faço, todas as criações, as escolhas de peças e as ideias partem de mim e da minha mãe, que é meu braço direito. E sempre quis muito trabalhar com Pedro Salles, um profissional que admiro, e que hoje é meu stylist. A gente deu um match maravilhoso e passamos a criar várias coisas bacanas que tiveram repercussão. Esse é o diferencial que vejo no meu trabalho: uma criação muito autoral. Uma coisa que nem mostro muito nos meus posts é a forma como dirijo meus trabalhos. Antes de gravar qualquer publicidade, campanha ou meus conteúdos pessoais, faço o meu moodboard, com as imagens que gosto. E um detalhe que acho que nunca falei ainda pra ninguém é que estou me identificando com direção criativa, coisa que tenho feito nos meus jobs e estou amando fazer. Todos os meus trabalhos têm um olhar muito pessoal. Acho que isso é um dos meus diferenciais.
L'O Quais são suas referências?
LM São muitas coisas que me influenciam. Além da própria internet (Instagram, TikTok, Pinterest) e das revistas de moda, também me inspiro em músicas e filmes. Dias atrás vi um filme de época e gostei de uma anágua que as mulheres usavam. Como hoje não se usa mais isso, resolvi mandar fazer uma para mim para eu colocar nos meus looks. Eu pego referências de todos os lugares.
L'O Como você se definiria em três palavras?
LM Hummm… Acho que família é uma forte definição de quem eu sou. Tenho uma relação muito forte com meus pais e familiares. Outra seria ambiciosa, no sentido positivo da palavra. Acho que puxei muito isso do meu pai, de ter ambição para me realizar profissionalmente, para crescer. E, também, acho que criativa é um termo que me define. Gosto de inventar, inovar, criar novas formas de fazer o que já é conhecido, sabe?
L'O Seu estilo de se vestir é bem marcante. Quais peças de roupa são indispensáveis no seu guarda-roupa?
LM Uma boa calça jeans oversized, sem dúvida. Acho que dá para montar vários looks com ela, desde uma produção de noite até uma para o dia. Outra peça que tenho várias versões é regata branca, com alça fininha ou nadadora. Uso muito. Ela é muito versátil e dá pra montar diferentes looks. Blazer
preto oversized também está na minha lista de peças indispensáveis, além do tênis esportivo.
L'O E o que não entra no seu guarda-roupa?
LM Hoje em dia não me vejo com aqueles vestidos de festa bordados com pedraria, sabe? Mas se for uma peça vintage, com alguma história, pode ser que mude minha opinião.
L'O Falando em peças vintage, o que você acha da moda circular e qual o papel de pessoas influentes como você para alertar sobre questões como sustentabilidade nesse meio?
LM Esse é um tema que me interessa muito e tem chamado cada vez mais minha atenção. Aliás, foi um dos motivos que me fizeram ir à fashion week de Copenhagen, conhecida por ter uma pegada mais sustentável. Eu sempre gostei muito de reutilizar peças da minha mãe, da minha avó. Sempre dei muito valor em usar roupas que têm história, por ter sido de uma pessoa especial, por não vender mais ou mesmo pra fazer a moda circular. Durante esse ano, entretanto, essa identificação aumentou. Na fashion week da Dinamarca percebi que, além de gostar dessa causa, posso usar minha voz como influenciadora para apoiar o movimento. Acho muito legal unir as duas coisas: vestir-se com estilo e pensar no meio ambiente. Tenho investido cada vez mais em conteúdos que reforcem a importância de se pensar a moda de uma forma mais sustentável. Quando produzo um look com peça vintage, comprada de brechó, sempre sinalizo. E falo de brands que têm esse propósito, como uma marca de alfaiataria da Dinamarca, que faz peças a partir de recortes de tecidos vintage usados. Tenho, também, um quadro no TikTok — e que as pessoas estão gostando bastante — em que mostro como montar looks diferentes com uma mesma peça. Outro dia usei um look Valentino da Pink Collection de uma forma superclássica e festiva e mostrei no post como poderia usar aquela mesma luva comprida com uma calça jeans e o mesmo top, só que com um tênis esportivo. Isso tudo entra nesse universo de reutilizar peças.
L'O Você ainda faz suas maquiagens nos jobs ou agora deixa nas mãos de profissionais?
LM Olha, 90% das minhas produções de make e cabelo sou eu mesma que faço, acredita? As exceções são campanhas e eventos muito importantes que têm alguma coisa específica. Muitas vezes prefiro eu mesma fazer porque já sei o que fica bom. E estou sempre pesquisando sobre penteados diferentes, make… Outro dia mesmo fui fazer uma publicidade e queria o meu cabelo bem cacheado. Então fui estudar pra ver como fazer meus fios ficarem naquela textura. Acho que tudo isso faz parte do meu trabalho.
L'O Como você faz uma maquiagem de impacto?
LM Para mim, um contorno preto na linha d’água do olho, tanto embaixo quanto em cima, e muito curvex, dão uma bela realçada no olhar. Não uso muita máscara de cílios para não deixar os fios empelotados —prefiro passar mais na raiz mesmo. E um contorno labial cor de boca bem feito e gloss transparente por cima.
L'O O que você sempre carrega na bolsa?
LM Um carregador de celular portátil, um lip balm, elástico de cabelo, meu pente de sobrancelha, a carteira e minha câmera digital, tipo cybershot. Adoro a estética dessas imagens, tanto que, ultimamente, quase todas as minhas fotos têm sido feitas com essa câmera ou do celular. Até quando estou com um profissional, hoje, prefiro fazer as fotos com a cybershot. Não estou muito na vibe da câmera profissional.
L'O Quem são as pessoas que você considera referência hoje?
LM Nossa, tem várias! Mas tenho gostado muito de acompanhar duas em particular: a Bella Hadid (@bellahadid), que acho muito autêntica, uma menina talentosa, inclusive ganhou o prêmio de modelo do ano. Ela é incrível. E a inglesa Iris Law (@lirisaw). Acho ela uma pessoa única, com um jeito muito peculiar, pessoal, que ninguém mais tem. Adoro seguir pessoas que têm esse perfil, que continuam sendo quem são, sem seguir um padrão dos outros ou do que está na moda. Pessoas originais me inspiram. Autenticidade e originalidade são duas coisas importantes para se diferenciar e continuar atraindo os olhares para você.
L'O Quais os seus planos para os próximos anos?
LM Tem muita coisa nova para acontecer — e que ainda não posso falar. Mas, no geral, quero continuar fazendo sempre coisas autorais e originais, e quero crescer um pouco mais internacionalmente também. E, mais para a frente, quem sabe, me preparar para outros ramos que tenho interesse, como atuar no cinema ou em uma série.
L'O Pensa em ter uma marca própria, de moda ou beleza?
LM Já pensei bastante sobre isso, só que, no momento, acho mais importante focar minha energia e meu tempo no crescimento da minha imagem. Porque sei que ter uma empresa é outro tipo de trabalho, que pede várias demandas específicas. E eu sinto que ainda tenho que usar meu tempo e foco para continuar crescendo. Mas tenho vontade, sim, de, no futuro, ter algo com meu nome. Ainda não sei o que, porque gosto de muitos ramos diferentes.
FOTOS: Camellia Menard
EDIÇÃO DE MODA: Alexandra Von Bismarck
GUEST: Livia Marques
STYLIST: Etienne Jeanson
HAIR & MA KEUP: Idalmi Perez Roy
ASSISTENTE: Kylie Krasnoff
