Louis Vuitton e Takashi Murakami: o retorno com Zendaya
Zendaya estrela a reedição da colaboração icônica entre Louis Vuitton e Takashi Murakami
Takashi Murakami retorna à Louis Vuitton com uma reedição que promete resgatar a nostalgia dos anos 2000 e reacender a magia entre arte e moda. Vinte anos após sua primeira colaboração com a maison francesa, o artista japonês revisita suas icônicas flores sorridentes, pandas e criaturas vibrantes em uma coleção que celebra o diálogo entre o universo lúdico e a sofisticação do luxo. Mais do que uma simples reinterpretação, essa parceria reflete duas décadas de transformação cultural, em que a moda se tornou um território fértil para colaborações artísticas.
Em 2003, a união entre Murakami e Marc Jacobs, então diretor criativo da Louis Vuitton, quebrou barreiras ao introduzir o conceito de colaborações entre artistas e marcas de luxo. O monograma clássico foi reinventado com cores vibrantes e personagens kawaii, antecipando uma era em que a moda dialoga diretamente com a cultura pop. Hoje, aos 62 anos, Murakami reflete sobre o impacto dessa parceria com humor e leveza, confessando que no passado se sentia deslocado nos desfiles da marca, mas agora carrega a confiança de um verdadeiro ícone.
A nova coleção traz bolsas icônicas como a Speedy e a Pochette, acessórios exuberantes e até um skate com estampas multicoloridas. Detalhes metálicos atualizados e charms em formato de laços adicionam um toque contemporâneo às peças, enquanto elementos Y2K — como uma bolsa para animais de estimação — resgatam o espírito maximalista que marcou a primeira colaboração. No entanto, o grande destaque vai para Zendaya, estrela da campanha e rosto oficial da coleção. A atriz, conhecida por seu carisma e elegância, trouxe uma nova energia ao projeto, algo que impressionou até mesmo Murakami. “O poder dela é completamente diferente, a energia que ela tem está em outro nível”, afirmou o artista.
Além das peças físicas, Murakami relança o curta Superflat Monogram, uma animação que mergulha em seu universo surrealista. A narrativa acompanha uma estudante engolida por um panda gigante que embarca em uma jornada ao estilo Alice no País das Maravilhas. O artista compartilha que seu objetivo era criar uma história que levasse as crianças ao mundo encantado da Louis Vuitton, mantendo sempre uma dose de escuridão e complexidade para evitar condescendência com o público mais jovem.
Essa dualidade entre o adorável e o inquietante permeia toda a obra de Murakami. Suas famosas flores de arco-íris, por exemplo, carregam uma carga simbólica que remonta ao pós-guerra japonês, simbolizando esperança em tempos sombrios. Para ele, elementos inesperados — presas afiadas, olhos selvagens — capturam a atenção das crianças justamente por não subestimar sua capacidade de interpretar o mundo de maneira crua e realista.
O olhar otimista de Murakami também se estende à tecnologia. Enquanto muitos artistas veem a inteligência artificial como uma ameaça, ele a encara como uma ferramenta criativa, revelando que já a utiliza para compor músicas. “É inevitável que as coisas mudem”, reflete. Para Murakami, a tecnologia não deve ser temida, mas abraçada, garantindo que a criatividade continue a evoluir e surpreender.
No fim das contas, Takashi Murakami permanece fiel ao seu espírito brincalhão e curioso. “Eu nunca me tornei um adulto”, diz ele, com um sorriso travesso. Sua colaboração com a Louis Vuitton não é apenas uma reedição nostálgica, mas uma afirmação de que a moda, a arte e a imaginação são eternamente jovens — e que, com Zendaya como estrela, podem alcançar novos horizontes.