Nacionalidade forte, uma marca com produtos 100% brasileiros
Como um bom libriano, Marcelo Von Trapp sempre teve afeição por tudo que se refere ao belo e, por isso, começou a buscar nas roupas um artifício para projetar essa beleza. O criador, de 35 anos, nasceu no Chile, na cidade de Quilpué, mas veio para o Brasil muito novo com a família. Foi no retorno à terra natal, aos 11 anos, que ele se aproximou da moda, graças a um casaco de pele encontrado num brechó, que causou curiosidade por sua complexidade de construção.
Durante o colégio, sua mãe tinha um ateliê, e foi ali que ele entrou de fato no caminho da fabricação de roupas, fazendo suas próprias peças. Aos 17 anos, de volta ao Brasil, começou a estudar moda e logo se encontrou no mercado. Marcelo passou por grandes marcas, como Grendene, C&A, Le Lis Blanc Noir e Renner, além de ter estudado na renomada Central Saint Martins, em Londres.
Toda essa bagagem deu a segurança para o grande passo, em 2017: montar sua própria marca, batizada com seu sobrenome. O começo da Von Trapp não foi fácil. “A autogestão é uma das coisas mais complicadas de realizar nesse país”, diz ele. A seu ver, para gerenciar uma marca é preciso ter responsabilidade por toda a cadeia de produção, além de desenvolver um relacionamento genuíno com todos aqueles que fazem as roupas acontecerem.
“O meu processo criativo é bastante caótico e abstrato”, confessa Marcelo, que procura inspiração em imagens diversas e mantém uma pasta no Pinterest com suas principais referências. A ancestralidade chilena se coloca por meio da rigidez na alfaiataria. Para ele, “o Chile é montanha, enquanto o Brasil é mar”.
Marcelo encara a passarela como um palco de expressão, em que os ideais precisam ser legitimados, já que ele pode ser bastante cruel, principalmente quando demanda certo padrão de beleza. Por isso é tão importante defender a diversidade dentro e fora dele. Na sequência de seu primeiro desfile, na Casa de Criadores, foi convidado a vender suas peças nas multimarcas Pair e Pinga, em São Paulo.
Nas araras, ele defende uma moda slow fashion e um produto 100% brasileiro, com peças clássicas reeditadas em novas cores e tecidos a cada nova coleção – um sistema que funciona como uma ferramenta para barrar o consumo desenfreado. Para o futuro, ele planeja abrir uma loja física e online da marca para se aproximar ainda mais de seus clientes.