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Alice Wegmann: “Aprendi a vestir o meu próprio corpo”

Alice Wegmann iniciou sua carreira artística aos 11 anos e hoje, vive fortes personagens na televisão brasileira! Em entrevista exclusiva, a atriz relembra o início de tudo, fala sobre infância, vida de atleta e mais

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Alice Wegmann (Foto: Fernando Tomaz)

Alice Wegmann (28) é uma carioca mergulhada no dendê. Criada no bairro do Rio Vermelho, em Salvador, Bahia, a atriz já passou por muitas mudanças em sua vida e provou ser uma verdadeira camaleoa! Após dias intensos e de muita emoção com as Olimpíadas de Paris 2024, parece perfeito mencionar que Alice já foi uma baita atleta. Treinada pelos irmãos Daniele e Diego Hypólito, Wegmann quase engatou com força total no mundo do atletismo, mas foram os palcos e a televisão que ganharam o seu coração. 

  

Tendo ‘Malhação’ (2010) como a sua primeira experiência na televisão brasileira, a loira mergulhou de cabeça na teledramaturgia e nunca mais abriu mão de experimentar o ‘friozinho na barriga’ de cada novo personagem. Em entrevista exclusiva para a L’Officiel Brasil, Alice fala sobre novos projetos, infância, moda e muito mais! Confira abaixo:

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Foto: Fernando Tomaz

Você tem apenas 28 anos, mas já viveu inúmeras experiências no mundo artístico! Aos 11 anos iniciou no teatro e aos 14 fez sua estreia em ‘Malhação’... acredita que ser colocada em desafios tão grandiosos como esses te fez “amadurecer precocemente”? 

Sim. Fui um pouco “criança-adulta” pelas responsabilidades que precisei ter, desde antes de começar o teatro, quando ainda era atleta. Sempre tive muita disciplina. Isso me endureceu, mas, ao mesmo tempo tive uma infância onde, no pouco tempo que tinha livre, pude me divertir muito. Na adolescência, esse tempo livre passou a ser mais escasso, porque eu dividia o colégio Santo Inácio (super tradicional no Rio) com as filmagens de segunda a sábado e os ensaios de teatro. Eu mal dormia! Mas também acho que essa seriedade me trouxe pro lugar que me vejo hoje como atriz. 

  

Vimos por aqui que você esteve recentemente na Semana de Moda de Alta-costura; você foi ao desfile da Dior, certo? Como é sua conexão com a moda? Como foi participar desse evento em especial?

Sempre gostei de moda. Eu tenho um olhar esteta, penso em dirigir também por conta disso, adoro fotografar… Sempre soube apreciar o mundo e os outros, mas só com o tempo comecei a enxergar a moda como algo valioso pra mim mesma. Acompanhava os desfiles, juntava referências, admirava os estilistas, mas tinha uma certa dificuldade em me ver nesse lugar. Acho que o processo de autoconhecimento ajuda em tudo, né? Comigo não foi diferente. Aprendi a vestir o meu próprio corpo. O desfile da Dior foi um encontro lindo, porque juntava o esporte (que é algo tão marcante na minha vida) com essa outra arte, a moda. Foi a minha primeira vez na semana de alta costura, que é diferente de tudo. O desfile foi um escândalo.

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Foto: Fernando Tomaz

Na vida real, como é o estilo da Alice Wegmann? 

Eu prezo sempre pelo conforto. Isso vem em primeiro lugar, sempre. Sou muito flexível e muito maleável, tenho fases muito diferentes de me enxergar porque isso varia de acordo com as personagens que estou fazendo em cada momento. Ao mesmo tempo, sinto que sou bem apegada ao clássico, àquela alfaiataria atemporal, sabe? Gosto de misturar as coisas e fazer o básico virar extraordinário. 

 

Muitas novelas, peças e produções = muuuitos figurinos! Você se diverte com a moda nessa rotina? Existe uma personagem sua que, em sua opinião, tem o “guarda-roupa dos sonhos”?

Me divirto sempre, muito. Me olhar no espelho pela primeira vez como a personagem é tipo o primeiro frio na barriga. Acho o figurino da Dalila, de Órfãos da Terra, um escândalo! Foi assinado pela Mari Sued… tinha bastante alfaiataria ali, a presença do preto, branco e vermelho, ela andava muito elegante. Eu pirava! 

 

E parece que você sempre amou desafios, não é? Muito amante dos esportes, você já participou de campeonatos de ginástica olímpica, e foi até treinada pelos irmãos Daniele e Diego Hypólito! Como era o desafio de performar na ginástica e o que te fez deixar essa carreira para seguir como atriz?

Acho que ali eu já dava indícios de que precisava me expressar, usar meu corpo a meu favor. Fiz dos 3 aos 11 anos, mas chegou uma hora que meu corpo precisava de uma pausa. Eu entendi que não queria mais me profissionalizar naquilo, então acabei encerrando aquele ciclo. Mal sabia eu que um mês depois começaria outro, nos palcos. E que no mês seguinte, já estaria trabalhando profissionalmente… Comecei muito cedo, sempre fui ambiciosa e sobretudo inquieta. 

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Foto: Fernando Tomaz

Hoje você pratica algum de seus esportes favoritos por hobby? E rolaria voltar a encarar algum como carreira profissional?

Sim! Pratico boxe, corrida, malho, faço de tudo um pouco. Mas não seguiria carreira em nenhum deles, continuaria por hobby só, hahahah

  

Esta jornalista que vos fala é uma baiana, também criada no Rio Vermelho (rs)! Embora você seja carioca, já viveu um período de sua vida em Salvador quando era criança… ainda guarda boas lembranças de seus anos aqui? O que mais gostava de fazer em um dos bairros mais diversos da cidade? 

Que máximo!!! Sim, minhas primeiras memórias são aí em Salvador. Morei no Rio Vermelho bem novinha, mas tenho Salvador como minha cidade do coração… vou umas 3, 4 vezes por ano pra matar a saudade. O passeio mais imperdível por aí é a casa de Jorge Amado do Rio Vermelho. Aquele jardim já me inspirou muito… pensar que aquela casa já foi preenchida com tanta gente que eu admiro e que contou o Brasil pra gente ler é lindo demais. Sempre me emociono quando volto. Salvador tem uma coisa diferente… é onde me sinto mais Alice. 

  

Falando em infância, a trama de sua personagem em ‘Justiça’, foi abusada pelo tio (Murilo Benício) enquanto era criança e só na fase adulta toma coragem para denunciá-lo. Como foi imergir nessa experiência vivida pela Carolina? Sente que dar voz a essa personagem em específico fomenta uma conscientização e incentivo às telespectadoras mulheres que também já passaram por traumas como esse?

Totalmente. A gente precisa contar essas histórias pra que elas não continuem acontecendo. Carolina chegou pra mim como forma de denúncia, a dor dela era a minha e de todas as meninas e mulheres que enfrentam esse tipo de coisa na sociedade em que vivemos. Sou muito fã da Manuela Dias e acho que ela soube apresentar essa estrutura patriarcal da família de forma muito inteligente, com o tio tendo poder sobre aquelas pessoas. O Gustavo e a equipe valorizaram uma coisa também muito importante e comum nessas famílias: os silêncios. Tem sempre um elefante branco na sala, mas ninguém fala sobre ele. É constrangedor. 

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Foto: Fernando Tomaz

Também estamos na expectativa para te ver novamente como cantora sertaneja em ‘Rensga Hits’ que estreia em setembro e na produção da minissérie ‘Senna’! Em experiências tão distintas, quão gostoso é o processo de mergulhar em diferentes histórias, contextos e núcleos? Tem alguma personagem favorita, dentre todas?

Eu sou apaixonada por essa profissão, justamente por conseguir movimentar emoções e vibrações tão distintas. É difícil listar a favorita. Cada novo projeto é uma novidade e eu saio arrebatada de um jeito… Sempre com encantamento, sempre reforçando a beleza que é poder ser atriz e desvendar o ser humano como sendo múltiplo e misterioso. 

  

Você ama esportes! E sua alimentação, acompanha o seu ritmo? O que não pode faltar em sua geladeira?

O que mais amo é chocolate. 

  

Com qual ator ou atriz você sonha em trabalhar junto? 

Fernanda Montenegro

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Foto: Fernando Tomaz

Se você não fosse atriz, como gostaria que fosse sua vida hoje?

Talvez fosse psicóloga ou estivesse envolvida com livros, de alguma forma. Trabalharia numa livraria, talvez. 

  

Uma lição que demorou para aprender, mas que agora, leva para a vida:

A não trabalhar na folga. Hoje em dia, valorizo muito o tempo que tenho pra relaxar, desopilar, me conectar com meus amigos e minha família, dar um pulo na cachoeira ou um mergulho no mar. Antes, eu ficava com a personagem 24h por dia, 7 dias por semana, e isso não é saudável pro ator. A gente precisa esquecer, relaxar pra dar espaço pra nossa própria vida. Ainda que a nossa vida seja a vida da personagem também.

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