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Juliane Araújo: conheça o talento por trás de Kika em Renascer

Entre projetos e paixões a atriz Juliane Araújo que dá vida a Kika em Renascer conversou com a L’Officiel Brasil, contando um pouco sobre sua carreira, vida e projetos futuros

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Juliane Araújo (Foto: Diego Baptista)

Juliane Araújo, a atriz carioca que conquistou as telinhas e telonas do cinema brasileiro com uma trajetória repleta de sucessos marcantes, que incluem a novela "Lado a Lado" (2012), o filme "A Frente Fria que a Chuva Traz" (2014) e o curta "Travessia", exibido no Festival de Cannes hoje dá a vida "Kika" em um remake da novela "Renascer". Sua interpretação mostra personagem complexa e envolvente que aborda temas da atualidade como o feminismo, o combate a homofobia e relacionamento tóxico, questões que a atriz apoia. Além disso, sua entrada na literatura com o livro de poesias "Chão Vermelho", lançado em 2020, demonstra sua sensibilidade artística e criativa. Em entrevista exclusiva para a L'officiel Brasil, Juliane conta os bastidores de seus novos projetos, incluindo sua estreia como vilã no filme "Infinimundo" e sua participação na série "Veronika" da Globoplay.   

Durante a conversa, Juliane compartilha os desafios e as emoções de dar vida a personagens diversos, como a intensa Renata em "Veronika" e a complexa Kika em "Renascer" que está atualmente em cena. Sua conexão profunda com os papéis revela a riqueza de sua arte e sua habilidade em explorar cada personagem. Além disso, a atriz revela seu compromisso com a transformação social através do projeto Ocupa Cena, deixando clara sua paixão pela arte como ferramenta de transformação, especialmente no teatro. Juliane demonstra não apenas talento em cena, mas também um engajamento autêntico com questões sociais, revelando sua visão inspiradora sobre o poder da arte e seu impacto na sociedade.

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Juliane Araújo (Foto: Diego Baptista)

Com tantos projetos diferentes em sua carreira, como consegue equilibrar os desafios de interpretar personagens diversificados, como a intensa Renata de "Veronika" e a complexa Kika em "Renascer"?

Eu sempre busco algo que me conecte a essas personagens. É a forma como trabalho, o que faz com que eu não as julgue. Dentro de nós existem muitas formas de ver o mundo, traumas, personalidades. O trabalho do artista é pesquisar isso, se aprofundar, dar voz a lados nossos que ficam mais escondidos. No caso da Renata, o ciúme, a inconsequência, a violência. Todo mundo que é humano tem isso, só que tem gente que tem um tempo de resposta maior e consegue responder a certos estímulos com mais racionalidade, e tem gente que não, o que era o caso dela. A Kika é uma mulher forte, dona do seu trabalho, empoderada, que permanece atrelada a um homem não funcional, infantil, e a uma família que também tem várias questões. O que faz uma mulher como essa permanecer?

Como você compara sua personagem com a original, vivida por Claudia Lira em 1993? Chegou a assistir a primeira versão para tirar algum proveito?

Assisti a pouca coisa. Quando a gente faz um remake, é tentador assistir tudo, mas não quis me engessar. Claudia fez um trabalho muito bonito. A Kika sofre algumas alterações por causa da época também. Ela é uma personagem forte, de uma mulher que precisa ter uma personalidade marcante. Em 1993, ela era retratada como uma figura mais rebelde, por conta da época em que se passava a novela. Assisti a uma cena em que Claudia está com os pés em cima da mesa, o que destoava da personalidade de outras mulheres da trama. Isso me ajudou a compreender melhor a essência da personagem, mas fiz questão de não me prender. O discurso da Kika de 1993 precisou ser aprimorado para refletir outro tempo, onde essas pautas feministas, de gênero, já estão sendo discutidas com mais normalidade. Ainda não chegamos aonde deveríamos chegar, mas estamos caminhando. 

Sua personagem Kika vive uma relação tóxica com José Bento (Marcello Melo Jr) em Renascer. Como você encara esse tipo de relação e qual o conselho que você daria para alguém que está passando pela mesma situação que a Kika passa?

A Kika vive uma relação difícil, se sente e é explorada economicamente por José Bento, uma dinâmica desequilibrada e prejudicial. É uma relação de muitos anos, ela está exausta. Essas narrativas são dolorosas e baseadas em ciclos de brigas, términos, promessas e tentativas de reconciliação. Muitas mulheres vivem ou já viveram isso. Meu conselho seria fortalecer a rede de apoio, buscar estar próximo de amigos e familiares para se sentir amparado, buscar apoio emocional e profissional, se preciso, estabelecer limites saudáveis, buscar ajuda para sair desse ciclo. É importante fortalecer a autoestima e reconhecer que nenhuma forma de abuso é aceitável em um relacionamento. A gente merece amor e respeito genuínos. Se não, nem vale a pena ficar.

Você tem um envolvimento com o projeto Ocupa Cena. Como você vê o papel da arte, especialmente do teatro, na transformação social e no empoderamento das comunidades?

O Ocupa é um projeto muito importante para mim, tenho muito orgulho dele. Eu comecei a fazer teatro em projeto social, eu sei o impacto que isso foi na minha vida. Eu sou da baixada Fluminense do Rio, a baixada é muito abandonada, a cultura é espremida, tem pouco espaço, pouco investimento, os trabalhadores da arte e da educação de espaços periféricos para mim são como super-heróis, eles mudam a vida das pessoas, mudaram a minha. Tudo o que vi, tudo que se abriu, através da arte, me fez acreditar que essa é a forma de levar o mundo para um lugar melhor, no momento que a gente pensa no micro e não no macro tudo muda, é uma onda, é isso que é o Ocupa, um espaço seguro pra movimentar o que tá dentro da gente, fortalecer nossas narrativas, que são únicas, empoderar e ampliar o nosso ponto de vista. Há muito potencial em cada um, a gente só precisa de espaço e troca.

O projeto começou no Cantagalo e anseio voltar em breve, a gente parou por um tempo, é muito difícil tocar um projeto como esse sem algum tipo de investimento financeiro, são muitas demandas, inclusive a mais importante, que é fortalecer o espaço e dar conforto para a galera que vai estudar com a gente, passagem, alimentação. No início do governo passado então a coisa ficou muito difícil, mas a ideia é a gente voltar ainda esse ano com um outro braço do Ocupa que será o Ocupa cinema, capacitar jovens para criarem narrativas visuais mais aprimoradas, a gente vai ter aula de roteiro, edição… Eu tô animada, é um sonho pra mim ver isso ganhar forma.

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Juliane Araújo (Foto: Diego Baptista)

Mudando um pouco de assunto, o que você gosta de fazer nas horas vagas para relaxar e se divertir?

Ir pro mato, pausa de trabalho e me mando pra uma cachoeirinha massa, perto da natureza, ler meus livros, colocar as coisas em dia. Se fico no Rio, um sambinha e uma cervejinha com meus amigos.

Tem alguma curiosidade sobre você que poucas pessoas conhecem. Pode ser algo inusitado ou engraçado!

Eu sou a louca da palestra e podcast, eu acordo e já coloco alguma coisa pra ouvir. A internet é um campo muito rico para isso, tem muita gente legal expondo pesquisas e seus trabalhos. Às vezes tô na academia animadona, as pessoas pensam que com certeza tô ouvindo um sambão, e posso estar mesmo, mas na maioria das vezes estou ouvindo uma palestra filosófica ou de física quântica. Escuto até mais de uma vez, porque de vez em quando não entendi de primeira. Ahahhaha

A gente pode ter muitas críticas para a internet e o mundo que se estabeleceu na era tecnológica, mas se a gente usar com responsabilidade é muita coisa maravilhosa pra ver.

Como você descreveria seu estilo pessoal e sua relação com a moda dentro e fora das telas? Tem algo na moda que te chama atenção e que você é apaixonada?

Eu sou preguiçosa, já entendi isso, a moda pra mim tem que ser descomplicada, mas meus sonhos de milionária é ter alguém pra pensar comigo meus looks diários, ia tornar isso divertido, porque eu gosto de pensar no que quero vestir, só que sozinha me atrapalho e volto pra calça jeans e blusão, um sofrimento viu?! Admiro e bato palma pra quem tem esse talento. Eu sou apaixonada por calça jeans, tenho muitas, uso a mesma rsrs

Quais são as peças ou acessórios de moda que você mais gosta de usar para expressar sua personalidade e criatividade?

Eu já falei calça jeans? Ahhahaha. Eu sou muito de peças confortáveis e acinturadas, adoro linho, combino muito com a Kika nisso.

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Juliane Araújo (Foto: Diego Baptista)

Em "Infinimundo" é sua primeira vilã. Como ela se preparou para interpretar esse papel e como isso impactou sua percepção de beleza e estética?

Eu sou apaixonada por filmes de realismo fantástico, acho que a poesia e a imaginação ampliam a gente, ajuda olhar a vida por uma lente não convencional. Infinimundo é um filme que propõe um olhar mais poético e brincante para vida, a gente precisa disso, isso tá no imaginário coletivo, por mais que às vezes escondido, todo mundo já foi criança. A personagem, tem uma trajetória comovente, a vilania dela está no medo, na autoproteção, acho que é isso que é, para todo mundo, nas nossas piores atitudes se esconde nossas maiores fragilidades, o medo de isso ser descoberto faz a gente criar personas tiranas, é inconsciente. Ver ela descobrir isso em cena, é muito bonito, é uma personagem que fiquei muito apaixonada.

Esteticamente é uma loucura, essa permissão de ampliar o repertório estético e se jogar, a Carol, nossa figurinista foi genial, minha caracterização foi um barato.

O cuidado da sua saúde física e mental durante períodos intensos de filmagem e produção são intensos, qual dica que você daria para estar mais saudável?

Eu entendi que pra cuidar da saúde mental eu deveria ter uma rotina de cuidados com a saúde física, elas estão atreladas. Eu tenho muita ansiedade, se eu não praticar exercícios diários a coisa fica complicada.

Alimentação também, eu não como carne há alguns anos, então preciso me alimentar bem para estar disposta, acho que a única coisa que difere quando estou em um período maior de trabalho para um projeto é redobrar o cuidado, a ideia é não adoecer, então tento manter uma rotina mais responsável.

Seus cuidados com a pele e o cabelo tem algo de especial que você faça, já que muitas vezes vocês precisam mudar o visual para entrar no modo personagem? Algum produto de beleza que na sua bolsa não pode faltar de jeito nenhum?

Eu tenho melasma, é um tratamento pra sempre e muitas vezes é bem chatinho, se não fosse a Dra. Bruna Bravo, minha Dermato já tinha desistido rsrs. É muito protetor, sério, usem protetor e os produtinhos que ela me receita, agora estou esperando passar o calor pra voltar a tratar as manchinhas com ácido, no verão não dá. Vitamina C também é importante. Eu tô passando agora por um processo complicado com o cabelo, sou leonina com mais 5 planetas em Leão, o cabelo pra mim é um símbolo, tenho muito cabelo, muito cheio e enrolado, ou pelo menos tinha rsrs.

Platinei o cabelo para o filme e tive que caracterizar em um dia porque estava fazendo uma série. Em um dia terminei a série, platinei e fui para o sul filmar. O cabelo foi feito com muito amor e cuidado, mas platinar é um golpe na estrutura dos fios e agora estou colhendo esses frutos. Tive corte químico e tá superchato recuperar, mas é o que tenho feito com tratamentos semanais e muita paciência, água de coco do Laces and Hair, eu entendi que produtos naturais iriam me ajudar nessa recuperação é o que tem realmente feito a diferença, uso tudo deles.

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Juliane Araújo (Foto: Diego Baptista)

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