Linda Evangelista comenta como é viver após múltiplas cirurgias
Linda Evangelista faz parte do seleto grupo de supermodelos
Nos anos 90, a moda tinha donas — e elas atendiam pelos nomes de Cindy Crawford, Naomi Campbell, Kate Moss, Christy Turlington e, claro, Linda Evangelista. Era a era das supermodelos, e Evangelista, com seu rosto escultural e atitude quase inalcançável, estava no topo. Depois, ela simplesmente sumiu. Ficou anos longe das câmeras, das passarelas, das capas de revista. Silêncio total. E só em 2022, em uma entrevista à "People", o mundo entendeu o motivo.
Linda passou por uma sequência devastadora de problemas de saúde depois de realizar sessões de CoolSculpting, tratamento estético não invasivo que promete eliminar gordura localizada por congelamento. No caso dela, o efeito foi o oposto: seu corpo desenvolveu hiperplasia adiposa paradoxal, uma complicação rara e dolorosa em que as células de gordura aumentam e se endurecem. Os nódulos surgiram sob o queixo, nas axilas, abdômen, coxas. Vieram as cirurgias — uma, duas, várias — tentando consertar o que o procedimento destruiu.
Mas isso foi só parte da batalha. Linda também descobriu um nódulo entre os seios e passou por uma mastectomia dupla. Enfrentou problemas respiratórios sérios, com múltiplas cirurgias após o colapso de seus pulmões. Tudo isso depois de uma cesárea para o nascimento de seu filho August, hoje com 18 anos, fruto do relacionamento com o empresário François-Henri Pinault. Cicatrizes, dores, um corpo reconstruído muitas vezes — e uma mente que precisou encontrar força em meio ao caos.
Na edição de maio da "Harper’s Bazaar", ela aparece na capa e fala, com franqueza e leveza, sobre tudo que passou. “A mastectomia dupla? Estou bem com isso. Coloquei implantes bem pequenos, o mesmo volume que tiraram. Já fiz tantas cirurgias... mas eu venci. Estou aqui. Eu venci.”
Perto dos 60, Linda diz estar mais em paz do que nunca. O espelho já não é inimigo. “Não me importo com a forma como vou envelhecer. Eu só quero envelhecer. Não precisa ser com graça. Só não quero morrer. Tenho tanta coisa ainda pra fazer. Agora que finalmente estou me aceitando, quero viver isso.” Ela contou que também se desfez dos preenchimentos faciais: “Eu não me via mais ali.” Continua usando botox, sim, mas com outra mentalidade. Não para apagar o tempo — mas para celebrar o simples fato de ainda estar aqui.
“Estou viva. Viva. Viva. E vou fazer o que tiver que fazer. Vou lutar, porque não aceito que seja de outro jeito. Eu ainda não terminei”, disse. Hoje, Linda Evangelista volta aos holofotes não apenas como uma supermodelo lendária, mas como um retrato real de força, vulnerabilidade e resistência. Em uma indústria que ainda dita padrões muitas vezes inatingíveis, ela reaparece com um recado claro: sobreviver e se aceitar também é um ato de beleza.