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Mariana Ximenes conta sobre seu retorno em entrevista exclusiva!

De Condessa à L.O.C.A, Mariana Ximenes nos conta em entrevista exclusiva, como está seu retorno às telas
Mariana Ximenes
Mariana Ximenes

Em 23 anos de carreira a atriz Mariana Ximenes já mostrou seu talento em diversos papéis, mas o que não se esperava é ter que pausar suas atividades por conta de uma pandemia. Depois de 2 anos sem novas produções ela retorna as telas com a novela "Nos tempos do Imperador" e o filme "L.O.C.A ", em meio a esse misto de emoções e novos projetos ela nos conta em exclusividade como está lidando com isso tudo e claro sobre o que vêm por ai.

Mariana Ximenes
Foto: Divulgação

Revista L'Officiel: Como é sentir a vida voltando lentamente pós pandemia? Tem algum receio?

Mariana Ximenes: Dá uma alegria, mas, ao mesmo tempo, medo. Meu receio é que as pessoas, por começarem a se vacinar, parem de usar máscara e de fazer o distanciamento social, achando que já estão protegidas. Só que ainda não estamos. Minha mãe, por exemplo, acabou de pegar COVID, mesmo vacinada. Claro que foi de uma forma branda graças à vacina, mas precisamos parar a circulação do vírus para evitar novas variantes. Por isso, mesmo vacinados, devemos continuar seguindo os protocolos. Ainda não vencemos a Covid e todos os cuidados são necessários. Só assim a gente cuida da gente e do próximo. Então, vacine-se e continue mantendo os métodos de proteção. Por outro lado estou muito feliz por estar trabalhando e realizando esse projeto tão bonito! Conseguimos montar um esquemão para gravar. Rezo para tudo acabar logo e voltarmos a vida normal! Ô saudade daquele mundo “de antigamente”, que podia abraçar, ir a show, festejar…
 
L'Off: Como foi o estudo de personagem para interpretar a Condessa de Barral em "Nos tempos do Imperador"? Demorou muito tempo? Leu algum livro específico? O que você gostaria de ter perguntado a Condessa?

Mari Ximenes: Eu li o livro da Mary Del Priore sobre a Condessa e também ganhei do meu pai um livro com as cartas trocadas entre ela e Dom Pedro II. Tudo isso foi me ajudando a entender melhor essa mulher tão forte, tão inspiradora. Nós frequentamos ensaios durante um mês, fiz aulas de equitação, que eu adoro! Acho que se eu pudesse perguntar alguma coisa seria como ela fazia para ir ao banheiro com toda aquela roupa (risos). Vai que ela tinha algum macete, né?! Porque são muitas camadas de roupa, é uma dificuldade grande. E perguntaria também como ela fazia para aguentar o calor do verão (risos).
 
L'Off: A novela se passa em 1856 durante a regência de D. Pedro II , O que você gostaria de ter presenciado dessa época?

Mari Ximenes: Gostaria de ter conhecido o Museu Nacional nessa época! Acho o lugar lindo e recheado de obras importantes que contam um pouco da nossa História! Uma tragédia que tenha acontecido o incêndio em 2018. Também seria interessante  poder ter tido a chance de conversar com pessoas como Luís Gama, Marc Ferrez, Friedrich Nietzsche, Charles Darwin, Victor Hugo…

L'Off: Teve alguma peça de figurino da sua personagem que você gostaria de ter?

Mari Ximenes: Eu amo chapéus. Gostaria de poder usar! Os vestidos também são lindos, têm uma riqueza de detalhes. Só acho que hoje em dia seriam pouco práticos (risos). Acho que eu só abriria mão mesmo de usar as lentes de contato castanhas… (risos).

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Foto: Rede Globo/Divulgação
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Foto: Rede Globo/Divulgação

L'Off: No filme L.O.C.A o relacionamento da personagem com o ex é bem abusivo, qual conselho você daria para sua personagem?

Mari Ximenes: Se ame antes de amar qualquer pessoa. Construa e fortaleça sua autoestima, porque você vai conhecer seus limites, vai se expressar de forma inteira. Só assim é possível amar alguém de verdade, se respeitando e mantendo sua identidade. E acho que vale o lembrete que relacionamentos abusivos não são culpa da vítima e que não é fácil identificar ou sair dessa situação. Então, se você conhecer alguém que vive um relacionamento abusivo em algum nível, não julgue. Acolha essa pessoa para que ela se fortaleça e consiga sair dessa situação.

L'Off: Já presenciou ou sentiu que algum relacionamento seu ou de alguém muito próximo chegou a ser abusivo? Como lidou com isso?

Mari Ximenes: Antigamente a gente não tinha muito a consciência porque não era um assunto muito falado e também havia uma licença maior para esse tipo de atitude, infelizmente. Quem nunca ouviu: mas homem é assim? Mas hoje já estamos mais conscientes, organizadas e atentas para questionar isso e mostrar que NÃO está tudo bem passar dos limites. Sempre tive inúmeras conversas com minha mãe e com amigas sobre isso. O processo de análise, que já faço há alguns anos, também ajuda muito. Sempre fiquei alerta, sempre procurei me respeitar e respeitar meus limites. Precisamos ficar atentas conosco e com os outros ao nosso redor. Identificar, acolher, dialogar.

L'Off: Tem algum tipo de personagem que ainda não interpretou e gostaria de se desafiar a fazer?

Mari Ximenes: Se a gente pensar nos arquétipos, eu já pude interpretar muitos deles, da mocinha até a vilã. Percebo que nossa teledramaturgia cada vez mais amplia essas fronteiras, humanizando cada vez mais as personagens, o que acho muito bom. As pessoas acabam se identificando ainda mais com aquele personagem que tem seus erros, suas complexidades. Uma das coisas que me fascina na profissão é isso. A Condessa de Barral mesmo é uma personagem  que traz questões humanas, que incitam a reflexão. Então, estou sempre à procura do próximo personagem diferente dos que já fiz, que tragam reflexões, provocações. Mais do que o tipo de personagem, acho que a busca é pelas nuances que o tornam único. Então, quero poder me despir para me vestir cada vez mais de personagens diversas, que me desafiem e me coloquem em contato com outras realidades, outras narrativas. Adoraria interpretar uma mãe e trazer as questões da maternidade, uma mulher trabalhadora em um drama, em um registro diferente do da Tancinha, que era mais cômica e romântica... Quero trabalhar com cada vez mais mulheres na direção, como roteiristas... E mulheres diversas, de todos os lugares, com histórico diferente. A arte tem que ser um espaço inclusivo, de representatividade. Quanto mais plural o espaço de criação for, mais plurais serão as histórias contadas. Por exemplo, eu amei a série "Manhãs de Setembro", que trabalho primoroso da Liniker. Que alegria tê-la como protagonista daquela história. Quero levar histórias de mulheres maduras, mostrar que somos uma potência em qualquer idade. E quero ver atrizes maduras em papéis condizentes com a idade delas, quero que sejamos protagonistas de nossas histórias independentemente da idade. Quero continuar atuando e propondo reflexões, na luta, como Jane Fonda, que é uma mulher fantástica, atriz, ativista. Assisti ao documentário dela e quero amadurecer daquele jeito.

L'Off: Qual conselho você gostaria de ter escutado no começo da sua carreira, que você daria pra qualquer pessoa que está começando no momento?

Mari Ximenes: Tenha menos ansiedade. Sempre aproveite com toda garra e paixão todas as boas oportunidades que aparecerem em seu caminho, esteja sempre inteira e presente em tudo o que você faz. E cultive suas amizades, como disse o Jorge Amado: “amizade é o sal da vida!"

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Foto: Divulgação

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