Patrícia Poeta fala sobre a força da maternidade para a L’Officiel
Em clima de Dia das Mães, Patrícia Poeta fala sobre maternidade, carreira, autocuidado e desafios na internet
Patrícia Poeta é um dos maiores nomes da televisão brasileira e em entrevista exclusiva para a L’Officiel Brasil, a jornalista e apresentadora relembra como foi o início de sua rica trajetória. Leve e sem medo de dizer o que pensa, Patrícia deixa claro que sua personalidade não condiz com forma como a enxergam: “As pessoas têm a impressão de que sou uma princesa delicada, mas, na verdade, aqui dentro tem um peão pra qualquer obra que aparecer…”
Mãe de Felipe Poeta, a apresentadora que comanda o programa ‘Encontro’ voltou no tempo para relembrar a sua gravidez enquanto era correspondente internacional em Nova York, revelou como é o seu “lado sogra”, abriu o coração sobre o ódio gratuito que recebe na internet por conta de fake news e muito mais! Confira:
Patrícia, você é uma figura marcante na televisão, principalmente na TV Globo. O que você diria que foi o seu diferencial, para deixar de ser uma jovem gaúcha recém-formada em comunicação, para um dos maiores nomes do jornalismo brasileiro?
Eu não tenho medo de encarar desafios, por maiores que eles pareçam. Sempre fui assim. Saí de Porto Alegre só com uma fita cassete debaixo do braço, coragem e muita vontade de dar certo aqui em SP. Não cheguei aqui indicada por ninguém ou com emprego garantido. Fui bater de porta em porta nas emissoras. Algumas me acharam louca pela atitude, outras me chamaram para alguns testes. Mas, mesmo com o tempo correndo e nada aparecendo, nunca desisti. Quando apareceu minha primeira oportunidade, eu agarrei com unhas e dentes. Fazia o meu horário, cobria plantões, sugeria pautas, encarava sol, chuva, alagamento, o que fosse preciso. As pessoas têm a impressão de que sou uma princesa delicada, mas, na verdade, aqui dentro tem um peão pra qualquer obra que aparecer… rs. Comigo não tem tempo ruim, se tem que fazer, vou dar o melhor de mim.
Falando em crescimento, você também foi correspondente internacional da Globo e morou em Nova York. Lá, você entrevistou grandes estrelas e deu espaço para um grande papel em sua vida, o de mãe. Como você conciliou o período em que estava grávida com a sua atuação como correspondente internacional?
É a realidade da maioria das mulheres: trabalhar grávida e seguir, dia após dia, até o parto. Eu ainda tive uma coisa que jogou contra: morando fora, não tinha uma rede de apoio que teria aqui no Brasil. Mas, mesmo assim, fiquei firme. É o que eu falo: se tem que fazer, vamos fazer. Não sou o tipo que fica procurando desculpas, justificativas… porque acredito que vou levar o mesmo tempo pra arrumar uma solução. Tive um parto muito ruim, nos Estados Unidos, sofri muito, mas nem isso me desmotivou. E o resultado valeu muito à pena. Felipe está aí, 21 anos depois, lindo, firme e forte.
E depois, o que te fez voltar para o Brasil?
Ahhh… uma série de fatores de trabalho. Mas, principalmente, a saudade da minha terra, da minha gente, da minha cultura, da minha família. Além de atuar como correspondente, também estudei cinema lá, em NY. Voltei e, logo depois, assumi a missão de ancorar o Fantástico. Além de apresentar, pude lançar quadros, dirigir novos projetos e escrever roteiros para o dominical, colocando em prática coisas que aprendi lá fora. Foi uma bela oportunidade. Tenho um carinho muito grande pelo programa. Faz parte da história da TV brasileira.
Como você se ‘descobriu mãe’? É instantâneo, desde gestar a pegar o bebê no colo pela primeira vez, ou leva tempo, paciência e um longo período de autodescoberta?
Sempre quis ser mãe. Foi uma realização. Ver aquele pedacinho de gente no meu colo me emocionou profundamente. Parece que o mundo para. Ao mesmo tempo, acende em você um senso de responsabilidade indescritível, porque você entende que aquela “vidinha” depende de você. Você passa a ser responsável por construir os pilares que farão dele um ser humano correto, de caráter, empático, feliz… enfim, que ele seja alguém que faça a diferença para si, seu entorno e a sociedade.
Seu filho, Felipe Poeta, hoje tem 21 anos e faz sucesso como DJ e produtor musical! Em recentes aparições ao lado dele, você também esteva ao lado da namorada do Felipe, a nutricionista Juliana Mello. Como acontece essa relação entre vocês? É do time “sogra-mãe” ou não se apega à namorada do filho?
Eu sou do tipo que quer ver o filho feliz. Com 21 anos, Felipe já tem maturidade para fazer suas escolhas. Para minha sorte, a Juju é uma menina incrível, madura, inteligente, linda por dentro e por fora! Temos altos papos, fazemos caminhada juntas, amo! E, principalmente, adoro ver a relação de parceria que eles têm.
Recentemente, Felipe sofreu um acidente enquanto surfava e precisou passar por uma cirurgia. Como você lida com a pressão nesse momento? Como fica o “coração de mãe”? É preciso ter frieza e bom raciocínio para conduzir situações como essas?
Difícil, viu?! Minha vontade era largar tudo e ir para o lado dele, mas aí a gente respira fundo e lembra das responsabilidades e compromissos firmados. Apresento um programa diário e, na medida do possível, a gente rebola daqui, rebola dali e faz as coisas se ajeitarem. Tenho a sorte também de ter um ex-companheiro e pai do meu filho muito presente. Estamos sempre contando um com o outro, quando o assunto é o nosso filho. Sinto que, muitas vezes, o Felipe tenta me preservar. Me conta só quando a situação está sob controle. Mas, mesmo assim, meu coração fica apertado. É um exercício enorme ver os filhos crescerem e se tornarem independentes.
Quais valores você se orgulha de ter passado para o seu filho enquanto mulher?
Respeito, responsabilidade e empatia. Felipe, quando se trata do outro, é um lord. O que ele puder fazer, ele faz. É interessado, prestativo e presente. Às vezes, ele se deixa de lado para poder ajudar ao próximo.
Há alguns anos você assumiu o programa ‘Encontro’! Hoje, como sucesso de audiência da Globo, qual a sensação de manter o apoio, carisma e aprovação do público mesmo após algumas adversidades?
É a certeza de que a verdade sempre sobressai sobre as fake news. Como diz um ditado popular: “O tempo é o senhor da razão”. Sou muito respeitosa com todos, sem exceção. É educação que veio de casa, sabe? Sou ponderada e jamais passo ou passarei por cima de alguma pessoa. Acredito que o sucesso vem do nosso trabalho, do acordar cedo e ralar muito. Costumo dizer que não existe atalho. E isso guia minha vida e minha missão.
Estou nessa estrada, falando com o público, há quase 3 décadas. Tempo suficiente para saberem quem sou. Isso é mais poderoso do que qualquer fake news criada com a intenção de ganhar cliques, audiência e/ou difamar alguém.
Falando em sucesso de audiência, substituir a Fátima Bernardes deve ser um baita desafio! Você o cumpriu com louvor, mas recebeu alguma dica de ouro dela que fez total diferença na condução do programa?
Fátima é uma colega incrível — e, sendo generosa, me deu a liberdade e o prazer em descobrir por mim mesma como seria minha jornada nesse desafio. Acredito que por mais que queiramos que o outro se dê bem, só nós mesmos somos capazes de decidir a forma que vamos seguir nossos caminhos.
Como você lida com o ódio gratuito na internet? Sente que consegue filtrar os ataques vindos de lá? Como faz?
Nunca tinha passado por isso. Sou de uma época em que as pessoas eram responsabilizadas por suas falas, que pensavam antes de falar. Hoje, as pessoas têm a sensação que internet é terra de ninguém, sem leis, que você pode falar o que quiser — desde ameaças até ataques sem sentido.
O que aprendi com isso? Que o que as pessoas falam e escrevem diz muito mais sobre elas mesmas do que sobre quem recebe esses ataques. Uma pessoa amarga, rancorosa e triste só pode emanar o quê? Energias ruins.
Ao contrário de quem está de bem consigo mesmo. Essa pessoa, se falar algo, será algo empático, pensado, responsável — e digo “se falar”, porque gente feliz está vivendo e não tem tempo para fazer mal aos outros na internet.
Muito se comenta também sobre sua semelhança com sua irmã Paloma Poeta, apresentadora na Record. Vocês realmente se acham parecidas? Já viveram alguma situação engraçada por conta da semelhança?
Em casa, nem nos achamos tão parecidas assim. Temos 16 anos de diferença pra Paloma (Piti para os íntimos… rs). Mas as pessoas comentam que viemos da “mesma forma”, quando conhecem minha mãe… rs. Paloma é quase uma filha pra mim. Tenho carinho e um orgulho enorme da profissional e mulher que se tornou.
Além da Paloma, você também tem outra irmã, a Paula! Ela mora fora do Brasil, então como vocês fazem para se reunir? É possível ou esta é uma tarefa muito complicada?
A distância é bem maior. Dificulta mais. Mas sempre que dá nos encontramos.
Como jornalista, você é uma pessoa extremamente comunicativa e dinâmica. É assim que acontece em sua vida pessoal também?
Também! Meu assessor até brinca que tenho nota altíssima no aplicativo de carro, porque bato papo com todos os motoristas (rsrsrs). Não consigo chegar em um lugar e não puxar assunto, tentar saber mais daquelas pessoas que estão ali. Vivemos em uma era tão on-line que sinto essa necessidade do contato real: do falar, abraçar, trocar vivências. Estamos perdendo a habilidade de nos comunicarmos organicamente. E isso confesso que me preocupa.
Você menciona constantemente o seu apreço pelo exercício físico e afirma não abrir de suas aulas de samba! Como descobriu essa paixão pelo ritmo?
Desde a infância! Minha mãe sempre colocou samba em casa para ouvirmos. O samba sempre foi presente na minha vida. A primeira coisa que fiz, assim que saí do JN, foi me inscrever nas aulas de samba. É uma paixão que me traz muitas memórias boas. Amo carnaval e adoro ver a alegria das pessoas, nessa época do ano.
Falando em samba, você sempre curte os desfiles das grandes escolas durante o Carnaval. Mas existe alguma chance de você desfilar nos próximos anos?
Tudo é possível. Já recebi alguns convites, mas estava sempre trabalhando. Nos dois últimos anos, me dividi entre Rio e Salvador. Mas quem sabe o ano que vem?!
Para aceitar teria que ser em um momento que pudesse viver a escola, conhecê-la melhor e as pessoas envolvidas. E não só aparecer no dia do desfile. Não combina comigo.
E sobre cuidados com a pele e o cabelo? Quais são os produtos que fazem parte de sua “rotina sagrada”?
O primeiro: protetor, com certeza! Trabalho diariamente sob luzes fortes. Fora do estúdio, sou uma pessoa solar… então, não dá pra esquecer o filtro solar nunca! Se puder estar sem maquiagem, melhor! Não abro mão de um bom sabonete para lavar o rosto, tônico, hidratante e vitamina C. Passo também um creme para a região dos olhos, há um bom tempo… rs.
Seu estilo é muito versátil! Você quem escolhe suas produções?
Gosto de participar de tudo que me envolve, seja na vida pessoal ou no trabalho. E pra completar: quem me conhece, sabe que amo moda. Tenho uma personal stylist e uma equipe na TV que sai em campo para trazer peças e montarmos juntas os looks do programa. E olha que são muitosss! Tudo o que uso tem a ver comigo e meu estilo pessoal. Acho que moda é também uma forma de se expressar. Por isso, tem que ter a “sua cara”.
E como definiria o seu estilo? Para você, existe regra ao se vestir?
Preciso me sentir bem, em primeiro lugar. Não sou o tipo que se apega a marcas. Sou mais ligada a um bom corte e amo cores vibrantes. Adoro o estilo high-low, que mistura peças mais informais, descoladas com outras mais sofisticadas, de alfaiataria.
Você é uma mulher ativa, que se expressa, dança, se diverte e mostra amar o que faz. No entanto, aos 47 anos, você já sentiu que algumas pessoas tentaram te “limitar” e até te julgaram por sua idade? Como lida com esse etarismo?
Vou te contar uma coisa: hoje, faço muito mais coisas e me conheço muito mais do que em qualquer outro momento de vida. Estou no auge da energia, coragem e vitalidade — com muita coisa já alcançada e muita vontade ainda do que há pra viver e conquistar. Querer limitar alguém pela idade que tem, é algo muito ultrapassado. Não faz sentido. O que importa é estarmos bem com a gente mesmo. O resto é o resto…
Qual celebridade você mais gostou de entrevistar?
Ahh difícil responder essa… rsrs. Perguntar isso pra uma libriana fica complicado! Guardo com carinho cada entrevista que fiz com suas peculiaridades, bastidores e aprendizados — seja com celebridades de Hollywood ou brasileiras, estrelas da música… seja com pessoas famosas ou anônimas. Todo mundo tem, pelo menos, uma boa história pra contar.
E com qual famoso você ficou mais nervosa?
Uma entrevista que deu aquele “friozinho na barriga”?! Uma delas foi com o Tom Cruise, por acompanhar o trabalho dele desde adolescente e ser minha primeira entrevista morando fora do Brasil, como correspondente internacional. Tinha 25 anos, na época, acabado de sair do país e estava grávida do Felipe. Muita coisa nova junta acontecendo naquele momento. Depois disso, entrevistei o ator umas 2 ou 3 vezes mais. Tenho boas recordações.
Ainda existe algum desafio que você deseja enfrentar na televisão? Qual?
Muitos, mas depois da experiência de quase morte que tive, aprendi a viver o “hoje”, a desfrutar o “agora“ e viver “esse momento”. Então, com certeza, os que virão serão muito bem vividos e aproveitados quando aparecerem. Nesse momento, meu grande desafio é fazer o Encontro alcançar ainda mais pessoas e tocar o coração delas. Que elas possam se identificar com muitas histórias contadas por lá.
Se o seu filho, Felipe, tivesse que te descrever em três palavras, quais seriam?
Batalhadora, determinada e criativa — tive que perguntar para ele! Rs…
Um sonho pessoal que ainda quer realizar:
Quero lá no futuro, já bem velhinha, poder olhar para trás, com toda a tranquilidade do mundo, e ter a certeza de que fiz boas relações, conquistei espaços, me realizei, fui uma boa mãe, uma boa avó, boa filha, boa amiga, boa companheira de quem amei. E mais do que isso: quero ter a certeza de que impactei positivamente a vida de pessoas e que fiz a diferença para algumas delas. Tem sonho melhor?!