Fera Palace: conheça o hotspot visitado por celebridades em Salvador
Salvador é repleta de pioneirismos: a primeira capital do primeiro estado brasileiro a ser avistado por Pedro Álvares Cabral é endereço da primeira rua do país, a Chile, que também recebeu sistema de iluminação elétrica antes de qualquer outra. É onde está fincado o lendário Palace Hotel, por onde, nos tempos áureos — leia-se anos 1930 —, circularam nomes célebres como Pablo Neruda, Orson Welles e Carmen Miranda, que se esbaldavam nos concorridíssimos bailes do ballroom do primeiro andar, hoje batizado de Dona Flor em homenagem a outro ilustre frequentador, Jorge Amado.
A bela ferramenta de marketing e relações públicas da época não foi o bastante para evitar o triste ciclo de ostracismo enfrentado pela propriedade por décadas, e encerrado, enfim, em 2014, quando os visionários empreendedores Antonio Mazzafera e Marcelo Lima investiram pesado na revitalização do vistoso edifício inspirado no novaiorquino Flatiron Building — na versão tupiniquim, o grande diferencial fica por conta da cúpula em bronze, orgulho soteropolitano, que contou com cuidado especial durante a restauração e chama atenção de longe (de perto também!) pela imponência e pelo brilho.
Cinco anos mais tarde e renomeado Fera Palace Hotel, o lugar volta a receber a alta classe nacional e internacional para happy hours no rooftop com a vista mais bonita da cidade, um quadro vivo com todas as cores da Baía de Todos os Santos e hospedagens em quartos de bom gosto absurdo, com pegada art déco e detalhes com forte identidade baiana (linho nas cortinas, sisal nos tapetes, algodão no enxoval…) assinados pelo dinamarquês Adam Kurdahl, que também fez questão de manter áreas originais do prédio como elevadores e escadaria, datadas de 1934.
Os finais de tarde com direito a sunset de camarote eram mais animados antes da pandemia, é claro. Mas não deixaram de ser belíssimos. A mudança de protocolos deu também um refresh no público, antigos habituées de explorações pela Ásia ou de dolce far niente pelas praias européias, e hoje sem liberdade de ir e vir por conta das fronteiras fechadas, mas com os olhos finalmente voltados para os destinos mais óbvios, normalmente menos valorizados e mais próximos de casa.
Dois outros predicados do Fera Palace são a proximidade de pontos turísticos obrigatórios para turistas de primeira a centésima viagem como o Pelourinho, rodeado por casarões antigos e coloridos ótimos para registros, e a gastronomia impecável, com café da manhã farto e serviço de quarto, muito utilizado por quem vos escreve devido ao toque de recolher imposto pelo governo baiano durante a visita — o rigatoni de camarão não tem erro, e o hambúrguer é servido com pão artesanal e ingredientes muito, mas muito frescos.
Se der vontade de algo diferente, restaurantes tradicionais da cidade como o Amado mantêm a qualidade do serviço delivery. E esticar para praias próximas ou pouco distantes por no mínimo dois dias é uma grande sacada. Nossas fichas vão completamente para Boipeba, com ótimas opções de acomodação, restaurantes à beira-mar e piscinas naturais de dar inveja às gringas (é apaixonante). Depois de um check desses, impossível não enaltecer nosso amado Brasil.