Larissa Chehuen vive experiência imersiva na Tanzânia
Larissa Chehuen conversa exclusivamente com a LʼOfficiel Brasil e compartilha dicas para quem tem vontade de conhecer um paraíso africano
A modelo e atriz Larissa Chehuen mostra, com exclusividade para a LʼOfficiel Brasil, as particularidades da Tanzânia, país africano repleto de heranças culturais, vida selvagem e praias paradisíacas, que podem ser visitadas no Arquipélago de Zanzibar. Ao todo, foram quinze dias conhecendo esse destino pouco explorado pelos brasileiros.
“Mal sabia eu que essa viagem seria tão enriquecedora. Conhecer de perto o povo, a cultura e as belezas naturais me fez perceber que a riqueza realmente está bem longe das coisas materiais. A Tanzânia, localizada na região leste da África, é um país notável por sua diversidade geográfica. Ela abrange planícies como o Parque Nacional Serengeti, que abriga uma das maiores migrações de vida selvagem do mundo, montanhas como o Monte Kilimanjaro, a mais alta do continente, sem falar das praias paradisíacas situadas no arquipélago de Zanzibar”, comenta Larissa.
Além da sua beleza natural, a Tanzânia possui uma rica herança cultural e é lar de uma ampla variedade de grupos étnicos. Um país que oferece uma experiência única em termos de paisagens, cultura e vida animal — e é isso tudo que vivemos, meu marido e eu, durante nossos dias por lá.
TRIBOS ÉTNICAS
Uma das melhores formas de mergulhar na cultura de um lugar é conhecer de perto o povo local e foi exatamente isso que fizemos assim que chegamos. Depois de conhecer o primeiro platô do Monte Kilimanjaro, com 5.895 metros de altitude, nos programamos para visitar três tribos: os Maasai, que chegaram na Tanzânia há séculos e vivem do gado; os Hadzabe bushmen, que vivem da caça e se locomovem de acordo com a oferta de comida; e, por fim, a tribo Datoga, que tem como fonte de renda o artesanato com metal.
Todos vivem em casas muito simples, construídas com materiais naturais como barro e folhas, sem colchão ou qualquer tipo de comodidade que conhecemos. O governo tentou intervir algumas vezes nas comunidades, oferecendo apartamentos e oportunidades nas áreas urbanas. No entanto, as iniciativas não foram bem sucedidas.
Na tribo Maasai, participei de rituais, cacei com os Hadzabe e também aprendi a fazer farinha de milho com as mulheres Datoga. Aproveitei esses momentos para absorver todo tipo de aprendizado, direto ou indireto. Impossível sair da Tanzânia da mesma forma que entramos. A hospitalidade, a curiosidade recíproca, os dialetos únicos, são reflexos de uma riqueza cultural inexplicável. É impressionante observar como eles mantêm as tradições, mesmo com tantas pressões do mundo moderno. Com eles, aprendi muito sobre resiliência e simplicidade.
SAFÁRI
Outro ponto alto da viagem foi conhecer de perto o ecossistema africano que, até então, eu só havia visto em filmes. A natureza é tão rica, tão viva, que não é nenhuma surpresa esbarrar com uma girafa ou um elefante dentro dos parques nacionais.
O primeiro lugar que visitamos foi a Cratera de Ngorongoro, uma das maravilhas naturais mais impressionantes do mundo. Ela se formou há aproximadamente 2,5 milhões de anos, quando um vulcão colossal entrou em erupção. Posteriormente, ela colapsou, criando uma caldeira com cerca de 20 quilômetros de diâmetro. Hoje, a cratera abriga uma diversidade incrível de vida selvagem, e é considerada uma das áreas de conservação mais importantes da África.
A sensação era de estar em um playground de animais gigantes. Leões, elefantes, búfalos, zebras e uma miríade de espécies que formam este paraíso dos safáris — e nós, bem ali, coexistindo com uma perfeição da natureza.
HERANÇA CULTURAL
Foi lá perto também, numa região próxima ao Ngorongoro Crater, chamada Zona de Olduvai, onde foram encontrados os fósseis mais antigos do mundo. Artefatos de milhões de anos marcam o início da nossa civilização e tornam este lugar famoso e com importância histórica para a paleoantropologia. Ali, continua sendo um local de pesquisa e escavação para os cientistas que estudam a pré-história.
Foi emocionante estar em um dos lugares onde tudo começou. Pude aprender um pouco mais sobre as nossas origens e sobre a importância da Tanzânia para a sociedade. Certa vez, o guia que nos acompanhava disse que toda a proteção dos bens naturais do país não é só para eles, mas para o mundo inteiro. O que tem ali é riqueza de todos e ver que eles cuidam, respeitam e fazem questão de compartilhar com a gente é um privilégio.
MAIS SAFÁRI
Nossa próxima parada foi o Parque Nacional de Serengeti, uma joia da conservação da vida selvagem e um dos destinos mais icônicos para safáris em todo o mundo. Este vasto ecossistema se estende por cerca de 30.000 quilômetros quadrados, abrigando uma incrível diversidade de animais, incluindo os “Big Five”, os animais mais difíceis de serem caçados (leões, elefantes, rinocerontes, leopardos e búfalos), além de centenas de outras espécies.
O Serengeti é famoso por seu papel central na Grande Migração, um dos eventos mais espetaculares da vida selvagem, quando milhões de herbívoros viajam em direção à chuva em busca de pastagens frescas. Tivemos o privilégio de assistir de perto a migração de milhares de gnus, de observar uma manada de mais de 60 elefantes, de contemplar uma família de 30 girafas, admirar vários grupos de leões descansando durante o dia e, claro, avistar todos os "Big Five". E, repito, algo normal e corriqueiro em um lugar que é, literalmente, o paraíso para os animais.
Como Patrimônio Mundial da UNESCO, o Parque Nacional de Serengeti desempenha um papel crítico na conservação da biodiversidade e na promoção do turismo sustentável na Tanzânia. Todos os dias, almoçamos dentro do parque e levávamos o nosso próprio lixo, tudo milimetricamente pensado para não desequilibrar o meio ambiente.
Aprendi que, com respeito, nós, seres humanos, conseguimos conviver de perto com a natureza selvagem. Afinal, grande parte da população local vive do turismo, fazendo com que a conservação seja importante para a proteção do ecossistema e para as gerações futuras, o clima global e a harmonia entre as comunidades humanas e a natureza.
STONE TOWN E PRAIAS PARADISÍACAS
Por último, visitamos Zanzibar, um arquipélago situado ao largo da costa da Tanzânia, no Oceano Índico, conhecido por suas praias paradisíacas e cultura diversificada. A ilha principal, Unguja, abriga a histórica “Cidade de Pedra", com sua arquitetura de influência árabe e indiana, enquanto Pemba, a segunda maior ilha, oferece oportunidades de mergulho espetaculares.
Visitamos, primeiro, Stone Town, conhecida por suas ruas estreitas, becos e edifícios históricos construídos com influências árabes e indianas. A “Cidade de Pedra” tem uma conexão histórica com a escravidão. Durante os séculos 18 e 19, a ilha de Zanzibar foi um importante centro de comércio de escravos, principalmente devido à sua localização estratégica na costa leste da África.
Muitos deles eram capturados no continente africano e transportados para Zanzibar antes de serem vendidos a mercadores árabes, indianos e europeus. Hoje, Zanzibar e Stone Town são locais de importância histórica, e os vestígios desse período sombrio são preservados como parte da memória coletiva da ilha.
A cidade também é um local de patrimônio mundial da UNESCO, devido à sua arquitetura única e à fusão de influências culturais, incluindo árabes, indianas e africanas. Uma outra curiosidade: Zanzibar é conhecida como “Spice Island", por conta de sua longa história na produção e comércio de especiarias, como cravo, canela, noz-moscada e pimenta.
Não poderia deixar de falar sobre as águas azuis e cristalinas da ilha, sua marca registrada. Um paraíso para os amantes de mergulho, com recifes de coral ricos em vida marinha, e para os amantes de esportes aquáticos, assim como eu - e não deixei de praticar kitesurf em uma das lindas praias do arquipélago.
APRENDIZADOS
Duas semanas na Tanzânia e muita, mas muita história para contar. Um valioso aprendizado intercultural, que permitiu uma troca de conhecimento e perspectivas enriquecedoras para nossa compreensão do mundo. Tais encontros fomentaram o respeito à diversidade cultural, combatendo preconceitos e estereótipos e me fizeram valorizar ainda mais a importância da conservação do meio ambiente.
Lá, eles nos ensinam a ter essa relação íntima com a natureza e a ter uma responsabilidade compartilhada e crucial para garantir um futuro sustentável. Um povo trabalhador, acolhedor, alegre e devoto à sua cultura e tradições. Asante Sana, Tanzânia! Você me ensinou que a vida deve ser levada assim, Hakuna Matata, “sem problema”, na tradução literal.”