Coringa 2: a loucura emocional que você não pode ignorar
Coringa 2 explora os perigos da dependência emocional, destacando como relações intensas podem levar a delírios e perda de identidade
A sequência do filme "Coringa", que estreou neste 3 de outubro, traz à tona mais do que a continuação da história de um vilão icônico. Desta vez, ao lado de Arlequina, interpretada por Lady Gaga, o personagem explora os limites da mente humana, mergulhando em um transtorno raro conhecido como "Folie à Deux".
O que é "Folie à Deux"? Traduzido como "loucura a dois", esse transtorno envolve um fenômeno onde duas pessoas compartilham a mesma ilusão ou delírio. Frequentemente, surge em relações extremamente próximas, nas quais uma das partes é mais vulnerável à manipulação emocional. As interações intensas e prolongadas entre esses indivíduos criam um ciclo onde crenças irracionais são compartilhadas e reforçadas, como explica o Dr. Fabiano de Abreu Agrela, Pós PhD em neurociências.
Segundo Dr. Fabiano, o transtorno está intimamente ligado à dependência emocional, que pode ser desencadeada pela insegurança e pelo desejo de aceitação. A ativação exagerada dos neurônios-espelho, células que refletem o comportamento observado nos outros, intensifica esse processo de imitação e submissão. É um alerta sobre os efeitos nocivos da dependência emocional nas relações, que podem levar a extremos, como a perda da individualidade e, em casos raros, a psicose.
O diagnóstico da "Folie à Deux" é geralmente clínico, baseado na análise cuidadosa dos sintomas e do contexto em que as pessoas estão inseridas. O tratamento mais comum envolve a separação dos envolvidos, seguida de acompanhamento terapêutico individual. Em alguns casos, são utilizados medicamentos antipsicóticos para auxiliar no controle dos delírios.
A dependência emocional, como retratada no filme, serve como um lembrete poderoso de que a saúde mental pode ser impactada por relações tóxicas e desequilibradas. "Essa 'personalidade de cópia' está profundamente ligada à insegurança emocional", diz o Dr. Fabiano, destacando que, embora os casos extremos sejam raros, a falta de autoestima e a necessidade constante de aceitação podem gerar efeitos devastadores para o bem-estar emocional.
Prevenir tais transtornos passa por reconhecer relações de submissão emocional, evitando o isolamento e, acima de tudo, fortalecendo a autoconfiança e a individualidade.
