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Endometriose: como a alimentação pode te ajudar?

Cresce o número de médicos que indicam uma alteração intensa de hábitos alimentares para suas pacientes com endometriose. A estratégia consegue diminuir os sintomas dessa doença tão comum e tão incapacitante que pode afetar, inclusive, a fertilidade.

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Foto: Pexels

Sentir fortes dores durante o período da TPM ou o da menstruação pode indicar uma doença chamada endometriose, apesar de muitas pessoas ainda acharem que é normal e faz parte do ciclo feminino sofrer tanto em alguns dias do mês. Um grande problema envolvendo a doença, mundialmente, é o longo caminho até o diagnóstico. Dados apontam que a média é de sete anos de um doloroso percurso até entender e começar assim um caminho para amenizar sintomas, uma vez que ainda não existe cura. Um dos motivos da demora envolve, infelizmente, a negligência de médicos que não solicitam exames específicos para o caso e não levam a sério o martírio relatado. O ultrassom com preparo intestinal, focado na doença, é o mais comum atualmente, por ser menos invasivo do que a videolaparoscopia (também indicada em certos casos) e mais exato do que outros ultrassons ginecológicos. Há médicos também que passam ressonâncias magnéticas e exames de sangue, como o CA 125, um marcador tumoral, para completar o diagnóstico.

Endometriose
Getty Images

“A endometriose é uma desordem inflamatória dolorosa que afeta, principalmente, a região pélvica. Os sintomas incluem dor durante o período menstrual, dor ao urinar ou ao evacuar, sangramento excessivo durante a menstruação, diarreia, fadiga, constipação e dor lombar-sacra. Se não tratada, a doença pode afetar a fertilidade e aumentar ligeiramente o risco de câncer de ovário ou adenocarcinoma. Mas, na maioria dos casos, o risco permanece baixo e o tratamento ginecológico é fundamental para controlar a doença”, diz Mariela Silveira, médica especialista em nutrologia e terapia cognitiva, diretora técnica do Kurotel.

 

As rotinas científicas mais populares disponíveis atualmente envolvem o uso de pílula anticoncepcional contínua, para que a paciente deixe de sangrar e, por consequência, sentir fortes dores no período menstrual, mas também é possível fazer uso do hormônio dienogeste. Apesar de não ser considerado um anticoncepcional, ele interfere na tentativa de engravidar. Aliás, a endometriose está relacionada à infertilidade, mas não em todos os casos. Em quadros mais graves, quando o tecido do endométrio adere a outros órgãos, como bexiga e intestino, pode ser indicada cirurgia (videolaparoscopia), especialmente para quem deseja ter um filho. O problema é que não há garantia de que a doença não retornará, o que faz com que a opção seja descartada em muitos cenários, por indicação médica ou decisão do paciente. Só que, paralelamente ao que já foi citado, há uma luz no fim do túnel para quem quer amenizar as dores e controlar a doença, algo que engloba alterações significativas no estilo de vida. A endometriose atinge de 5% a 15% das mulheres no período reprodutivo, em torno de 3% na pós-menopausa e entre 20% e 50% das mulheres inférteis, com grandes impactos físicos e emocionais.

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Greek Taverna / Divulgação e Pexels

Estudos científicos mostram que existe sim um caminho, que ainda precisa ser melhor estudado, envolvendo a alimentação e a endometriose, por exemplo. 

 

Menus que podem diminuir o risco da doença incluem o consumo de vegetais, ricos em vitaminas, minerais e antioxidantes, além de alimentos fonte de ácidos graxos ômega-3 (peixes e azeites). “Tão importante quanto incluir alimentos benéficos é reduzir drasticamente os fatores dietéticos que podem potencialmente aumentar o risco de desenvolver endometriose, como o consumo de ácidos graxos insaturados, trans e modificados, carne vermelha em excesso e carnes processadas, açúcar e farináceos refinados, o consumo abusivo de alimentos industrializados e bebidas alcoólicas. Entre os melhores planos alimentares, destaca-se a dieta mediterrânea”, diz Marcella Garcez, médica nutróloga, mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina PUC-PR. 

 

TÃO importante QUANTO incluir ALIMENTOS BENÉFICOS É reduzir DRASTICAMENTE OS FATORES DIETÉTICOS QUE PODEM POTENCIALMENTE aumentar O RISCO DE DESENVOLVER endometriose, COMO O CONSUMO DE ácidos graxos INSATURADOS, TRANS E MODIFICADOS, CARNE VERMELHA EM EXCESSO E CARNES PROCESSADAS, AÇÚCAR E FARINÁCEOS REFINADOS, O consumo abusivo DE ALIMENTOS INDUSTRIALIZADOS E BEBIDAS ALCOÓLICAS. ENTRE OS MELHORES PLANOS ALIMENTARES, destaca-se A dieta MEDITERRÂNEA.”

— MARCELLA GARCEZ

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Pexels

A alimentação parece ser o que mais impacta na diminuição de cólicas e alterações intestinais da mulher com endometriose, mas não é o único ponto a ser explorado. “As atividades físicas aeróbicas, como andar de bicicleta e correr, que aumentam a frequência cardíaca e a mantêm alta por um tempo, também desempenham um ótimo papel na qualidade de vida. Quantificando, um bom número é praticar, de 3 a 4 vezes por semana, sessões de 40 minutos desse tipo de atividade”, explica o Prof. Dr. Mauricio Abrão, um dos médicos ginecologistas mais renomados, no Brasil e no exterior, quando o assunto é endometriose. Para ele, a junção de uma alimentação mais natural e equilibrada, anti-inflamatória, a atividade física e a redução do estresse são bons pilares de diminuição de sintomas dentro do que a ciência descobriu até agora sobre essa patologia que ainda é bastante misteriosa. Para o futuro, pesquisas com um medicamento japonês estão em andamento e poderão ser um divisor de águas no tratamento, mas essas investigações ainda vão demorar alguns anos até termos certeza de que o arsenal contra tanta dor pélvica terá mais uma arma poderosa.

Algumas recomendações dietéticas gerais que podem ser úteis para mulheres com endometriose, segundo Fernando Prado, médico ginecologista, obstetra e especialista em reprodução humana: 

  • Aumente a ingestão de frutas, vegetais, grãos integrais e peixes: esses alimentos fornecem nutrientes essenciais e podem ajudar a reduzir a inflamação do corpo, já que a endometriose é uma doença inflamatória.
  • Reduza a ingestão de carne vermelha e alimentos processados.
  • Incorpore alimentos anti-inflamatórios em sua dieta, como nozes, sementes e azeite.
  • Evite alguns alimentos que podem piorar os sintomas, como laticínios, glúten ou cafeína.
  • Por fim, recomendo manter um diário alimentar para identificar o que pode ser gatilho, ou seja, alimentos que pioram a dor.

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