Arte

Palm Beach convida o visitante a uma viagem no tempo e ao amor

Palm Beach convida, com sua imponência, o visitante a uma viagem no tempo e à descoberta de uma história de amor

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Hall de entrada do Flagler's Museum - Foto: Boca Raton Museum of Art for Glavovic studio photo by Robin Hill e Paula Roschel.

Em Palm Beach, uma das mais impressionantes mansões da era dourada dos Estados Unidos convida, com sua imponência, o visitante a uma viagem no tempo e à descoberta de uma história de amor. Confira!

Desde o sucesso da série The Gilded Age, produção épica de Julian Fellowes para a HBO que mostra o enriquecimento exponencial ocorrido por volta de 1880 na América do Norte, passeios que remetem ao período ganharam mais adeptos. E eles não ocorrem apenas em Nova York, berço dos magnatas.

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Foto: Boca Raton Museum of Art for Glavovic Studio photo by Robin Hill e Paula Roschel.

A Flórida conquistou reputação internacional como um destino de arte, indo muito além de suas atividades solares e de compras. A ótima curadoria, parte dela advinda da riqueza de seus moradores, também já ultrapassou os limites de Miami, cidade conhecida pela Art Basel. Em Palm Beach, por exemplo, um dos passeios obrigatórios é a impressionante construção, em tamanho e em história, que um dia foi morada de Henry Morrison Flagler. Hoje é um museu e um centro de ensino e de exposições sobre a Gilded Age. Ela pode ser convenientemente acessada por carro ou via ferroviária desde os principais aeroportos, com a novíssima Brightline. De West Palm Beach para Fort Lauderdale, por exemplo, são apenas 30 minutos de trem, o que melhora o trânsito de brasileiros que não querem alugar veículos para explorar o entorno e suas peculiaridades.

Whitehall 

Após a sociedade com John D. Rockefeller, como co-fundador da Standard Oil, Henry Morrison Flagler resolveu, em sua aposentadoria, investir no desenvolvimento da Flórida. Entre seus empreendimentos estava uma linha ferroviária, bem como hotéis de luxo, o que fez com que Palm Beach se tornasse um dos mais desejados destinos de inverno para os americanos que buscavam um clima melhor do que os ventos gelados ao norte do país. A Whitehall ficou conhecida como uma das residências privadas mais luxuosas do mundo. Morada de Flagler e de suas festas disputadas pela alta sociedade, a casa também possui um fundo romântico. Sua construção, finalizada em 1902, foi um presente do empresário para sua esposa, Mary Lily Kenan. A residência, designada como casa de verão pela família, era perfeita para a saúde debilitada de Mary pelo seu entorno de clima ensolarado, porém fresco.

 Os arquitetos John Carrère e Thomas Hastings, criadores de outros projetos icônicos daquele período, como o prédio do Senado, a biblioteca pública de Nova York e a mansão de Henry Clay Frick, foram os responsáveis pela magnitude da casa grande, porém aconchegante.

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Foto: Boca Raton Museum of Art for Glavovic Studio photo by Robin Hill e Paula Roschel.

O museu

Em 1925, Whitehall abrigou um hotel de luxo, até sua neta tomar as rédeas da propriedade, evitando assim uma possível demolição, em 1959. Atualmente, o complexo está repleto de obras de arte e experiências históricas abertas ao público.

Como o objetivo da instituição é a preservação, o trabalho é bastante estático, ou seja, apenas de restauração por meio de minuciosa pesquisa. “Se Flagler andasse por esses corredores hoje, diria que quase nada mudou”, comenta David Carson, diretor de relações públicas. Realmente parece que entramos em uma cápsula do tempo ao transitar pelos ambientes de inspiração da Renascença italiana e do período de Luís XIV e Luís XV, que refletiam o otimismo da época, advindo de uma guinada financeira do petróleo e das ferrovias.

As obras

O hall de entrada impressiona. O teto, pintado e adornado, captura o olhar. Caminhando sem pressa por esse ambiente silencioso, você depara com um relógio feito de bronze e pau-rosa. Chamado de Grand Régulateur, está no mesmo lugar desde quando foi adquirido. Seu case possui assinatura de François Linke, famoso cabinetmaker francês. Outro espaço que encanta pela beleza é a Sala de Música. Decorada como uma casa de ópera, era ponto de encontro dos mais famosos músicos do período. Também funcionava como uma galeria de arte. Entre as obras está o retrato da senhora Flagler, de 1902. Nele, dá para notar um longo colar de pérolas. Tal joia é, até hoje, a venda mais valiosa da Tiffany.

No Grand Ballroom, onde os bailes mais disputados aconteciam, lustres feitos por Edwald F. Caldwell & Co. com cristais Baccarat. Todo o ambiente é inspirado no Palácio de Versalhes. Em 1903, ali foi o local do Bal Poudré, considerado a festa mais luxuosa da história da Flórida. Já o Flagler Ke nan Pavilion, onde um dos vagões de viagem da família está exposto, é uma área mais moderna do complexo, com obra entregue em 2005. A construção privilegia a bonita vista do Lago Worth. Ali, é possível entrar no veículo de número 91 e descobrir como os mais ricos da época viajavam, meio que como a primeira classe daquele tempo.

Além do passeio, que vale um dia todo, para ser feito com calma e assim se atentando aos detalhes, todas as tardes, do dia após a Ação de Graças até o dia que antecede a Páscoa, o museu promove em seu Café des Beaux-Arts um chá da tarde temático da era dourada. Com scones, doces e pequenos sanduíches, repõe as energias da caminhada que atravessa a ideia do tempo.

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Boca Raton Museum of Art - Foto: Boca Raton Museum of Art for Glavovic Studio photo by Robin Hill e Paula Roschel.

Mais arte

Uma vez em Palm Beach para visitar o The Flagler Museum, não deixe de esticar a programação para outros dois pontos interessantes. O primeiro dele não está distante do Whitehall. A Worth Avenue é considerada rua de passeio dos bilionários americanos. Além de lojas das principais grifes de luxo, também é parada obrigatória para quem deseja adquirir arte, devido ao alto número de galerias. Entre elas está a charmosa Raptis Rare Books. Essa livraria, decorada com muita madeira, que cria um ambiente aconchegante que também parece nos levar ao passado, é especializada em primeiras edições, originais e manuscritos em ótimo estado de conservação. Entre as relíquias recém-chegadas estão Don Quixote em dois volumes, de uma edição rara; a primeira edição do Senhor dos Anéis, com assinatura de J.R.R. Tolkien; página de próprio punho do Diário de George Washington, com data de março de 1762; e uma cópia de apresentação de “Experimentos e Observações sobre Eletricidade”, de Benjamin Franklin. A coleção aumenta semestralmente, sempre com títulos que não são encontrados facilmente em outras livrarias especializadas em raridades. “Temos muito orgulho de fornecer livros raros da mais alta qualidade e raridade e temos muito cuidado em catalogar, apresentar e garantir a autenticidade de cada peça. O aspecto mais gratificante do negócio tem sido o desenvolvimento de relacionamentos com colecionadores exigentes em todo o mundo e a partilha da nossa paixão por livros raros com cada pessoa que entra na nossa galeria”, diz Matthew Raptis, idealizador. 

O Boca Raton Museum of Art também é outro atrativo para quem foca a agenda cultural. Com sete décadas de história, é morada de obras clássicas, mas com um flerte muito maior pelo contemporâneo. O mais interessante ali talvez seja a disposição das peças. Ela mistura culturas, séculos e estilos, muitas vezes de forma bastante contrastante. Apesar de ter o formato de um museu-padrão, também intriga os visitantes com experiências dos sentidos, por meio de instalações.

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