Beleza

Giovana Pacini, da Merz Aesthetics Brasil, em entrevista exclusiva

Giovana Pacini, country manager da Merz Aesthetics Brasil, fala da carreira, família e indústria da beleza em entrevista exclusiva a L’Officiel

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Giovana Pacini - Foto: Divulgação.

Giovana Pacini, country manager da Merz Aesthetics Brasil, fala sobre como as soft skills femininas harmonizam o ambiente corporativo, como conversar com a mãe a faz uma profissional melhor e como a indústria da beleza vem tentando desconstruir padrões. Confira entrevista exclusiva a L'Officiel!

 

A vontade de seguiA vontade de seguir carreira na indústria farmacêutica acompanhou Giovana Pacini desde pequena, influenciada pelo pai, que já trabalhava nessa área. “Ele sempre foi uma grande inspiração. Acompanhei a jornada atribulada e passional dele. A rotina de todos dentro da minha casa também me impactou positivamente, já que sou a caçula de cinco irmãos”, conta Giovana, formada em administração de empresas pela PUC-SP, com MBA em marketing pela ESPM. No mercado estético, começou lançando um dos primeiros ácidos hialurônicos do mercado brasileiro. “Eu me apaixonei por essa área e não quis mais sair. Agora, estamos enxergando a estética além da beleza, indo para o caminho da saúde da pele, do autocuidado e da autoestima. Todas as fases são importantes, mas eu amo o presente e o que ele pode trazer para o futuro”, conta a country manager da Merz Aesthetics Brasil desde janeiro de 2020.

 

L’OFFICIEL Qual você considera ser a sua mais importante soft skill feminina, que a levou ao topo? 

GIOVANA PACINI Acredito que seja a escuta ativa, porque eu gosto de escutar o que as pessoas ao redor têm a dizer: experiências pessoais, profissionais, independentemente de cargo. São experiências pessoais, de trabalho, insights, quaisquer tipos de diálogo. Eu gosto de parar e escutar, porque, às vezes, isso é tudo o que a outra pessoa precisa no momento. E também é uma forma de troca, e são essas trocas de experiências que contribuem para a jornada do conhecimento. São momentos simples como esses que fazem muita diferença para quem ouve e quem fala. Uma das coisas de que gosto é circular pelos corredores da empresa, conversar com as pessoas e escutá-las.

 

L’O Como entende o jeito feminino de comandar? 

GP Ser mulher traz uma série de desafios, mas também traz uma imensa vantagem. Nossa forma de ver o mundo é diferente: olhamos para nós, para nossos filhos, para nossa família, nosso trabalho. Uma série de questões entra em nossas decisões e visões. E isso impacta na forma como enxergamos situações complexas. Acredito muito que gera uma visão 360 graus muito característica nossa. Por isso, pontos como escutar abertamente e considerar opiniões integram nosso processo de liderança. Muitas vezes, os nossos desafios são enxergados como fraquezas pelo mercado, mas, na verdade, eles podem ser formas de nos fortalecer.

 

L’O O que acha que as empresas podem fazer para apoiar as mulheres e, em especial, as mães? 

GP Sempre acreditei e incentivo dentro do ambiente de trabalho a diversidade, a equidade de gênero e mais mulheres em cargos de liderança; por isso, fui um dos motores para que a Merz Aesthetics assinasse os WEPs (Women’s Empowerment Principles), estabelecidos pela ONU Mulheres, que são um conjunto de princípios que promove a equidade de gênero e o empoderamento feminino dentro das empresas. Na pandemia, percebi uma dificuldade com meus pares de outros países, todos homens. Marcavam reuniões na hora do almoço, desconsiderando que eu tinha outras funções, como fazer almoço para meus filhos. Verbalizar isso foi fundamental para mudar a situação, porque eles entenderam que aquilo era uma postura inconsciente. E esse lugar de viés inconsciente foi visitado e deixou um legado positivo. O modelo híbrido, com dois dias de home office, e o short friday, por exemplo, permitem às mães equilibrar de forma mais justa seus diversos papéis. Consigo estar mais presente na vida dos meus filhos ao mesmo tempo que busco desenvolver minha carreira. Por isso, quando os escritórios voltaram para o modelo presencial de trabalho, mantivemos o modelo híbrido, porque sei da importância e do incentivo que esse modelo traz.

 

L’O Em dez anos, o número de mulheres em cargos de liderança cresceu 54% no Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Você acha uma boa marca? 

GP Acho que é uma boa evolução, mas ao mesmo tempo ainda acho que estamos muito no começo disso. Hoje, só 6% dos CEOs são mulheres, e no mercado farmacêutico o número é maior e gira em torno de 20%. Infelizmente, ainda é muito comum eu ir em eventos e nós, mulheres, sermos minoria na plateia, quanto mais como speaker. Então, ainda existe um caminho a ser percorrido, apesar do que já foi superado. Ao mesmo tempo, acho que será mais rápido que os últimos anos. Quando eu comecei na carreira, tínhamos poucos exemplos ainda de mulheres na liderança. Eu tive muita sorte pelo caminho. No meu primeiro estágio, tive várias líderes mulheres. Mas isso não era comum em outros contextos. Eu tive este privilégio que poucas da minha geração tiveram, de encontrar espaços em que mulheres estavam à frente, e tenho certeza que isso me impulsionou também. Porque o que normalmente a gente vê em mulheres na minha idade é justamente a falta de referência no início da carreira. Na época que a gente começou, havia poucos exemplos. Era muito difícil pensar que a gente poderia chegar tão longe. Olhando tudo isso, acredito muito que vamos evoluir mais rapidamente depois de superar essas barreiras iniciais.

 

L’O O modelo híbrido é essencial para equilibrar trabalho e família, poder participar na rotina dos filhos, reduzir o tempo de deslocamento, aumentar o bem-estar e reduzir o estresse? Como é a sua experiência pessoal [Giovana é mãe de uma menina e de um menino]? 

GP Com certeza, porque, mesmo que o filho já esteja na idade de ir para a escola, em qualquer eventual imprevisto procuram a mãe, já que a sociedade impôs que esse tipo de ação ou resolução deve vir da parte da mulher, forçando uma escolha entre os papéis que ela vai desempenhar. E acredito que o modelo híbrido faz com que você tenha mais tempo de qualidade com seus filhos, com a família, sem ter que escolher entre eles. E o tempo de deslocamento é um momento que pode ser usado para passar mais um tempo com eles, mesmo que seja breve, ou você pode utilizar esse tempo para cuidar de você mesma, seja praticando exercícios, lendo, se reconectando consigo.

 

L’O Como é a sua rotina e como cuida da sua saúde mental? 

GP Quando vou ao escritório da Merz, tenho costume de falar com a minha mãe no telefone, porque é uma forma de me sentir próxima, compartilhar o dia a dia, falar de coisas bobas ou até compartilhar um pouco os meus pensamentos mais complexos. E acho que isto é muito importante para qualquer pessoa, ter uma rede de apoio. Às vezes, isso é refletido em pequenas atitudes, como uma simples ligação que tenho com a minha mãe, mas que desempenham um papel crucial de ser quem eu sou. Sou muito adepta à leitura de livros físicos. Por mais que a tecnologia tenha seus benefícios, sentar num lugar tranquilo com um livro na mão, folhear, ter esse tipo de contato trazem uma sensação de paz e tranquilidade. Gosto de assistir a séries, sair com as amigas, viajar e compartilhar tempo de qualidade com os meus filhos e meu marido. São pequenas ações que fazem uma grande diferença para o bem-estar e a saúde mental.

 

L’O Como lida com a vaidade e cuida do corpo e do rosto? 

GP Eu nunca fui uma pessoa muito, muito vaidosa, com muitos cremes, maquiagens, coisas para o cabelo. Sou muito mais básica. E é claro que, de 15 anos para cá, depois que comecei a trabalhar no mercado estético, esse entendimento pela necessidade do autocuidado, de cuidar da minha pele, do meu corpo, aumentou. Então, hoje em dia tenho mais essa percepção pela experiência, pelo mercado em que estou inserida e como isso está entrelaçado ao cuidado com a minha pele, com o meu cabelo, da mesma forma que cuido do meu coração, dos meus olhos, da minha saúde em geral.

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Giovana Pacini - Foto: Divulgação.

L’O Como vê a pressão exercida pelos padrões estéticos sobre as mulheres, mesmo no ambiente de trabalho? 

GP Eu vejo que essa pressão está diminuindo com vários movimentos, como a busca pela individualidade, pela autoaceitação e pela autoestima. Também tem um papel muito interessante das empresas de beleza que buscam, de forma coletiva, promover a singularidade e a individualidade de cada um. A Merz, por exemplo, sempre busca como embaixadoras mulheres reais, com esse foco de tirar o peso da padronização. E então tem o ponto do indivíduo. Porque, mais do que a sociedade que nos cobra, eu acho que nós somos muito críticas com nossa imagem também. Somos os nossos piores críticos pela busca de sermos perfeitos em todos os aspectos. E é preciso uma conscientização de que não é sobre perfeição; é sobre estarmos bem conosco. Esse trabalho começa no nosso emocional e na percepção de si.

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