Cultura

Anaiis e Luedji Luna unem culturas e ritmos em música sem fronteiras

De Salvador ao Senegal: anaiis e Luedji Luna unem culturas e ritmos

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Música como ferramenta de empoderamento e resistência: anaiis usa sua arte como ativismo - Foto: Alex Waespi / Divulgação.

Música sem fronteiras! De Salvador ao Senegal: anaiis e Luedji Luna unem culturas e ritmos. 

Em 2020, a franco-senegalesa anaiis e a brasileira Luedji Luna se encontraram pela primeira vez em Salvador, Bahia, um momento que redefiniria a trajetória musical de ambas. Dessa relação nasceu uma amizade e, mais tarde, o single “Toda Cor”. “Viemos de diferentes partes do mundo, mas sentimos uma imediata irmandade. A composição fala sobre nossa conexão transatlântica e sobre a criação de um lar onde quer que estejamos”, lembra anaiis. No ano seguinte, as duas participaram do Cultura Inglesa Festival, realizando um pocket show transmitido totalmente on-line.

 

A canção, criada naquele primeiro encontro, ficou guardada até que o momento certo para dividi-la com o público chegasse. Após alguns ajustes, a obra manteve sua essência, explorando o vínculo entre Brasil e Senegal. “As letras e melodias poéticas se destacam como uma obra atemporal. São autênticas e clássicas, algo para ser ouvido daqui a 50 anos”, diz.

Inspirada por essa conexão, a artista voltou ao Brasil em 2023, onde teve a chance de conhecer os músicos Sessa, Biel Basile e Marcelo Cabral. Dessa troca de experiências surgiu o projeto anaiis & Grupo Cosmo, com lançamento previsto para o dia 14 de novembro.

 

Morando em Londres atualmente, ela anseia pelo momento em que poderá levar sua melodia aos grandes festivais. “Fiquei muito triste de não estar no Lollapalooza. Quero fazer parte desses momentos. Espero que a comunidade brasileira possa me ver em breve”, lamenta.

A relação de anaiis também se estende a outros intérpretes nacionais. Com a cantora Céu, ela participou do álbum Novela, na faixa “Gerando na Alta”. “Ela me trouxe uma sinergia especial. Sinto um elo profundo, talvez por uma ligação criativa ou pura energia”, comenta. Para ela, a música é um processo espiritual, de autoconhecimento, e cantar é um ato político e transformador, que ressoa tanto em quem ouve quanto em quem produz. É assim que ela se sente ao ouvir mulheres negras e poderosas como Nina Simone, Lauryn Hill e Erykah Badu, que se tornaram verdadeiras bússolas em sua jornada. “Elas me ensinaram a enxergar o mundo de uma maneira mais profunda. Hoje, sou também influenciada por pensadoras como Bell Hooks, Zanele Muholi e Angela Davis, que dedicam sua vida à luta por uma sociedade antirracista, feminista e que valoriza a cultura e a história afrodescendente. Elas são, para mim, espelhos que refletem a importância de dar voz às nossas narrativas e de transformar a realidade ao nosso redor”, explica.

 

A cantora aniis usa a música como uma ferramenta de empoderamento e resistência. Foi assim que ela se sentiu ao recordar o videoclipe filmado no Senegal, na Ilha de Gorée, observando como a melodia pode ampliar histórias e realidades desconhecidas. “Nosso papel é não apenas refletir o tempo, mas dar visibilidade a histórias que nem sempre são contadas, especialmente fora do mainstream americano”, afirma. Em trabalhos como Openhearted, ela explora visualmente o país de maneira autêntica, como alguém que viveu e compreendeu essas paisagens, revisitando vozes muitas vezes silenciadas. “Eu quero que o meu som ressoe com quem precisa ouvir as minhas mensagens, porque ele é um portal de introspecção e, frequentemente, as canções acabam por reverberar no subconsciente, esperando o momento certo para fazer sentido. Essa profundidade é o que faz a composição ser tão especial, capturando camadas emocionais que ultrapassam a simplicidade das palavras”, comenta.

 

Agora, como mãe, a artista sente que seu trabalho ganha uma nova dimensão, o que a leva a pensar sobre seu legado. “Quero espalhar vibrações que motivem as pessoas”, diz, referindo-se à letra de “B.P.E.”, que aborda temas de dor e injustiça, mas que ela escolheu apresentar de uma forma mais leve e celebratória. anaiis busca perpetuar uma visão positiva da negritude, sem perder a força de sua mensagem de resistência.

“Ter um filho me fez perceber o valor de quem eu sou, como isso influencia diretamente a vida dele. Eu encontrei um novo propósito: fazer o que amo, sem me preocupar com as expectativas alheias. Agora, mais do que nunca, desejo criar algo que traga alegria e inspire as pessoas a escutarem, deixando de lado qualquer medo ou dúvida sobre como o meu trabalho será recebido. Quero apenas criar canções bonitas para que as pessoas se conectem”, conclui.

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anaiis e Luedji Luna - Foto: Martynthomas / Divulgação.

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