B.B. King: um legado inesquecível
O Rei do Blues! B.B. King, o maior guitarrista do gênero, conquistou prêmios e feitos que marcaram uma geração.
Riley Ben King nasceu em 1925 no Mississipi em uma família de poucos recursos. Com apenas 9 anos de idade já trabalhava na colheita de algodão. Aos 15, comprou seu primeiro violão. Autodidata, nunca estudou música, mas teve influência do primo, o guitarrista Bukka White. Sete anos mais tarde, já em Memphis, tocava em esquinas em troca de moedas e, em 1949, foi contratado como DJ em uma rádio. Foi ali que ele adotou o nome B.B. King.
A trajetória do artista, desde sua infância até a morte em 2015, aos 89 anos, pôde ser vista na exposição B.B. King: um mundo melhor em algum lugar, em cartaz no MIS (Museu da Imagem e do Som), em São Paulo. O nome da mostra fez conexão com o disco de 1981 e abriu espaço para abordar segregação e inclusão, temas que correm em paralelo à sua produção artística.
Quando serviu o exército, durante a Segunda Guerra Mundial, foi vítima de racismo pelos colegas soldados. E para ter ideia das dificuldades em sua terra natal, até 2020 o Mississipi era o único estado norte-americano a exibir um símbolo escravagista na bandeira, uma cruz azul com estrelas brancas em referência aos estados do sul dos Estados Unidos que foram contrários à abolição da escravatura durante a Guerra Civil norte-americana (1861-1865).
No começo da exposição, o público se depara com uma geometria preta e branca representando a segregação. Pouco a pouco, essa configuração se transforma em uma paleta multicolorida da diversidade de cores e conteúdos, criando uma praça que celebra a diversidade e convida ao diálogo, sem esquecer do que ainda precisa ser superado. Essa linha do tempo e do espaço que percorre a história do artista e dos desdobramentos social e cultural da segregação é um fluxo inspirado no curso meândrico e metafórico do Rio Mississipi – em suas margens está localizada a cidade de Memphis, conhecida como a capital do blues. Experiência sensorial, a mostra percorre épocas, fatos e conteúdos da vida do Rei do Blues.
Considerado o maior guitarrista do gênero de sua geração, o músico gravou mais de 50 discos em quase sessenta anos de carreira. Entre seus hits, estão Three O’Clock Blues (seu primeiro grande sucesso nacional), The Thrill Is Gone, Please Love Me. Nos anos 1950, B.B. King tocava em um bar em Little Rock, em Arkansas, quando um homem tocou fogo no local por causa de uma mulher chamada Lucille. Ele teve que enfrentar as chamas, conseguiu salvar a guitarra e deu ao instrumento o nome da garota. B.B. King tem no blues a mesma fama de Louis Armstrong no jazz e de Ray Charles na soul music. Mesmo nos anos 1960, quando o blues era repudiado pelos jovens negros por representar o período da escravidão, o músico manteve sua reputação e chegou a abrir 18 shows do Rolling Stone.
O primeiro troféu Grammy veio em 1971 – no total foram 16 – e estava na exposição, assim como outras raridades.
Entre os destaques, imagens de diversas fases da carreira do artista do acervo do B.B. King Museum, desde o jovem Riley Ben King, aos 23 anos, com o violão Gibson L48, de Michael Ocs, até seu retrato exibindo o prêmio de Melhor Álbum de Blues Tradicional na 42a Cerimônia do Grammy, em 2000, credenciais de todas as turnês realizadas por B.B. King no Brasil, nos últimos 30 anos, um pin exclusivo temático distribuído pelo artista para fãs ao final dos shows e a icônica guitarra Gibson Lucille, assinada em seu show em São Paulo em 1993. A mostra contou com uma curadoria de André Sturm e Cacau Ras, consultoria de Chris Flannery, planejamento do Atelier Marko Brajovic, também responsável pelo projeto expográfico, e pesquisa e textos de Gabriela Antero.