Chanel: de mulheres para mulheres!

Desde a infância e ao longo de sua vida, Gabrielle Chanel aprendeu a ver os livros como seus melhores amigos. É essa proximidade da estilista com a literatura que dá embasamento ao projeto Les Rendez-vouz littéraires rue Cambon, imaginado pela diretora artística Virginie Viard e Charlotte Casiraghi, embaixadora e porta-voz da marca.

O projeto consiste em uma série de encontros literários com o objetivo de perpetuar a audácia e independência que sempre inspirou o universo ao redor da marca e que chegou agora ao quarto episódio gravado em vídeo. Além do apreço da estilista pela literatura, o nome do projeto também reverencia a rua onde fica o coração da marca e, ainda, o apartamento de Gabrielle.

Esses encontros reforçam a leitura, porém, inspiram o debate e compartilhamento de perspectivas únicas sobre o trabalho das convidadas, inspirando quem está assistindo. O tema escolhido para o projeto em 2021 é emancipação feminina. Este quarto episódio também foi o primeiro em língua inglesa e reuniu Charlotte, a atriz e embaixadora da marca Keira Knightley e as escritoras Jeanette Winterson e Erica Wagner.

Jeanette é autora do prefácio de Um Quarto Só Seu, de autoria de Virgínia, e de vários livros premiados, incluindo Laranjas Não São a Única Fruta, Por que Ser Feliz quando você Poderia Ser Normal? E, mais recentemente, 12 Bytes – e a escritora Erica Wagner assina títulos como Chief Engineer e Ariel's Gift. O tema foi a obra da revolucionária Virginia Woolf, que escreveu nove romances, diversos contos, resenhas e ensaios críticos. “Virginia Woolf lutou toda a sua vida para desafiar as convenções de seu tempo e defender a capacidade das mulheres de escrever e criar”, comenta Charlotte.

No vídeo, Keira abre o programa lendo um trecho de Profissões para Mulheres, um discurso que Virginia Woolf fez na National Society for Women's Service, em 1931. O foco é o trabalho para as mulheres e sua própria relação com a escrita, além dos obstáculos à emancipação feminina. Ao questionar a imagem de O Anjo na Casa - inspirado no poema de Coventry Patmore de mesmo título – ela examina o ato de escrever, associando-o à luta para repensar o papel das mulheres na sociedade. Charlotte também comenta, deste texto, o arquétipo da mulher, mãe, devoção, pureza e todos os símbolos que devem ser “mortos” para se alcançar a liberdade de ser e de escrever.

Já Jeanette traça um retrato de Virginia Woolf por meio de elementos biográficos – sua infância com a irmã, a pintora Vanessa Bell, a perda da mãe aos 13 anos, os problemas  psiquiátricos, o casamento com Leonard Woolf e o relacionamento com Vita Sackville-West para ressaltar como os textos de Virginia continuam atuais. Ela elogia o estilo fragmentário e não linear da autora inglesa, que vai além da superfície das coisas para melhor desenterrar os mundos invisíveis e secretos onde as verdades humanas estão escondidas. Por fim, Jeanette Winterson relembra sua própria carreira como escritora e sua vocação nascida do contato com os livros. Ela fala sobre a necessidade do tempo, a arte de não fazer nada, de desligar o telefone, de ficar sozinha – formando a estrutura mental ideal para um escritor.

Há muito tempo Charlotte Casiraghi via Virginia Woolf como uma escritora difícil de acessar. Mas ao retornar ao seu trabalho, ao se permitir ser dominada, ser embalada pelo seu ritmo, ela compreendeu o alcance de sua poesia, sua beleza pura: “Ninguém deve ter medo de Virginia Woolf!”, reforça. No final, ela relembra a elegância de Virginia Woolf e de seu estilo literário.

Em torno do vídeo, a Chanel organizou um encontro intimista em São Paulo, nesta quinta-feira (30/09), para um seleto grupo de convidadas e reforço no protocolo de segurança sanitária em função da pandemia. O evento foi na livraria Gato sem Rabo, que tem como foco a produção literária assinada por mulheres e é comandado por Johanna Stein, embaixadora da marca no Brasil.