Cultura

Dandara Ventapane: Samba no sangue, música na alma!

Atravessando gerações, Dandara Ventapane, neta de Martinho da Vila, segue os passos do avô e celebra a cultura brasileira.

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Foto: Fernanda Assis

“Desde pequena, eu chegava à quadra da escola de samba e sentia uma paz ao ver a porta-bandeira dançar e a bateria tocar.” Essa lembrança da infância, embalada pelo ritmo e pela influência do avô Martinho da Vila, revela a paixão pela arte que corre nas veias da cantora e bailarina Dandara Ventapane. Nascida em uma família imersa nessa cultura, ela cresceu rodeada por grandes nomes da música brasileira, como, por exemplo, Alcione, e vivenciou de perto a magia do Carnaval. Sua mãe, Analimar, que trabalhou com artistas importantes, a levava a ensaios e shows, o que despertou nela o amor pela arte desde cedo.

A formação como bailarina e música foi um caminho natural. Começou com o balé clássico na infância, passou pela dança contemporânea na UFRJ e, aos 16 anos, descobriu a paixão pelo canto quando subiu aos palcos para dançar no show de artistas como Arlindo Cruz e Beth Carvalho. “Os ritmos afro-brasileiros me reconectaram com as minhas raízes e surgiram como um complemento natural. Eles perpassam pelos ritmos negros, que são meus principais geradores de movimento”, conclui a artista.

Em 2013, viveu um momento emocionante ao estrear como porta-bandeira da Vila Isabel. E, em 2022, a escola preparou uma homenagem ao expoente da música popular brasileira, Martinho da Vila, momento muito especial, em que filhos, netos e bisnetos tiveram participação direta em quesitos como enredo, samba-enredo e mestre-sala e porta-bandeira, além de estarem presentes na bateria e na harmonia. “Foi um ano muito importante, com todos os descendentes unidos pela paixão pelo samba”, relembra.

Pronta para um novo desafio, Dandara se prepara para o espetáculo Martinho – Coração de Rei – O Musical, que estreia em setembro. A oportunidade surgiu inesperadamente, como um presente do destino. A dançarina conta que participou de todo o processo de audições até ser aprovada: “Foi importante vivenciar cada etapa, desde o início, para chegar com a sensação de ter conquistado meu lugar”, comenta.

No espetáculo, ela interpretará sua avó Anália, primeira esposa de Martinho, e terá um papel de destaque nas coreografias, inclusive como porta-bandeira. “É uma responsabilidade enorme, mas me sinto preparada para honrar o legado do meu avô”, afirma ela, que comentou com o homenageado sobre sua participação somente após ter passado nos testes. “Ele não é muito de palpitar, mas sei que está orgulhoso de me ver trilhando meu caminho na arte”, diz, prometendo brilhar nos palcos com a mesma intensidade com que o samba pulsa em seu coração.

Já sobre trabalhar ao lado de Miguel Falabella, diretor do musical, ela afirma que tem sido uma experiência e tanto. “Ele é um profissional incrível, exigente e preciso, mas também muito generoso em seus ensinamentos”, elogia. O peso da representatividade não é um problema para Dandara, que cresceu aprendendo a lidar com o fato de pertencer a uma família que ocupa um espaço importante no cenário musical.

Foto: Fernanda Assis

Atualmente, a cantora lidera o projeto Atravessando Gerações, uma homenagem ao avô, que reúne seus netos em shows emocionantes. “É uma forma de celebrar o legado dele e compartilhar nossa paixão pela música com o público”, explica. Trabalhar ao lado do irmão, Raoni, tem sido uma força motriz em sua jornada. Há sete anos, mergulhar na obra do sambista tem sido uma forma de descobrir ainda mais sua identidade dentro da canção. “A gente honra todo o processo, mas também traçamos nossos caminhos, que têm uma identidade musical pessoal e atual”, comenta, destacando a mistura de novas influências com o samba tradicional.

“Estamos em um momento em que muitas coisas novas estão sendo feitas, e todas muito boas. A música está em transformação sonora, mas ainda temos nossos pilares, como Gilberto Gil e Chico Buarque, além do meu avô, claro. É uma honra beber dessa fonte de inspiração.” A missão do samba, segundo ela, é continuar essa mutação, mantendo a essência. “Essa é a minha grande busca, esse movimento futurista de olhar para a frente, sempre lembrando quem já fez o que fez. Conhecer nossa história é essencial para criar nossa identidade”, afirma. Esse reconhecimento e essa valorização da cultura são a mensagem que a cantora deseja transmitir para as futuras gerações. Com projetos ambiciosos e centrados na cultura negra, Dandara é dona de uma produtora, Ialodê Produções. “Estamos expandindo bastante, produzindo eventos, escrevendo e aprovando editais”, diz ela. A missão é: ajudar artistas a elaborar e realizar seus projetos, promovendo a rica diversidade cultural que tanto ama.

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