Fendi Vanguard: conheça os talentos que receberam o último prêmio
Na reta final! Quatro jovens e brilhantes talentos da Escola Juilliard receberam o Prêmio Fendi Vanguard na última edição. Conheça:
Se a moda é olhar sempre para a frente, então faz sentido ir onde o futuro está. É por isso que a Fendi se juntou à Escola Juilliard, em Nova York, mais uma vez para o seu Prêmio Fendi Vanguard – uma bolsa de estudos anual concedida a quatro estudantes nas disciplinas básicas da faculdade: música, dança e teatro. Esses promissores artistas estão explodindo de talento e personalidade, mesmo ao navegar pela turbulenta ansiedade, tão comum no último ano de faculdade, em relação aos que os espera depois da formatura.
Raven Joseph dança desde a primeira infância. “Minha mãe me pôs na dança quando eu tinha 3 anos, porque ela não queria que eu quebrasse todos os móveis da casa”, ela ri. A compulsão de Raven para continuar se movimentando tem sido uma mão na roda, visto que, na Juilliard, ela domina o balé clássico e vários estilos modernos, de Merce Cunningham, Martha Graham a Paul Taylor e outros. Ao contrário de muitos alunos que foram parar na famosa escola vindos de todos os cantos do mundo, o colégio dela, o LaGuardia, ficava no fim da mesma quadra. Nascida no bairro do Queens, a bailarina é agora uma novaiorquina completa, que adora pegar um BEC (sigla em inglês para o sanduíche de bacon, ovos e queijo típico de Nova York) na bodega da esquina e sentar-se no Central Park tanto quanto ama aperfeiçoar sua arte na barra. Do que mais gosta em sua cidade natal? “Da comunidade!”, diz ela, sem hesitar.
A turma de estudantes da Juilliard é uma das mais exclusi- vas e bem-sucedidas do mundo. Entre seus ex-alunos estão Jessica Chastain, Oscar Isaac, Renée Fleming e Yo-Yo Ma. Mary Beth Nelson, mezzo-soprano lírica, veio para a escola em busca de seu mestrado, depois de algumas temporadas cantando profissionalmente pelo país. Para Beth, estar vestida pela Fendi em suas performances e recitais foi algo que a aproximou de sua arte nas apresentações deste ano. “A roupa explica a personagem que estou interpretando; você sente a cor no seu corpo”, diz ela sobre o vestido que usou, da coleção primavera-verão 2022, inspirado em ilustrações de Antonio Lopez. “Você é motivado a se comunicar de outra forma. O vestido me ajuda a elevar meu ofício, a levar minha interpretação ao meu nível mais alto”, acrescenta. Neste outono, ela vai estrelar na Juilliard a ópera Atalanta, de Handel, ao lado do colega de Vanguard, Peter Lim, que está estudando cravo, oboé barroco e flauta doce.
Lim foi atraído para a música antiga pela insistência desse gênero nos detalhes e pela sutileza técnica que é preciso dominar para realizar uma boa interpretação: um cravo não tem pedal regulador, então cada nota, certa ou errada, sobressai. Se o mundo da música antiga se torna velho e de alguma forma abafado, Lim, que cresceu em Seul, na Coreia do Sul, está decidido a trazer uma nova sensibilidade ao gênero, principalmente no que diz respeito à performance. “Tento o máximo possível coordenar minhas cores com o cravo”, diz ele sobre seus looks nos recitais. Seu interesse original na moda veio do tempo que passou com sua tia no salão de beleza dela em Seul. “Sempre tentei me vestir bem ou explorar novos estilos. Nunca fiquei no mesmo lugar”, conta Lim sobre sua atitude sempre em evolução no vestuário. Já que os cravos estão disponíveis numa variedade de cores, ele tem uma paleta de ternos no guarda-roupa para combinar com o instrumento de cada recital. “Não muita gente [no mundo da música antiga usa roupas coloridas], talvez porque sejam muito convencionais nessa ideia de smoking preto ou terninho. Pretendo romper com isso.”
Stella Everett, não muito diferentemente de Lim, cresceu com um amor desenfreado pela moda e pelo vestir junto com sua arte. “Eu fico realmente empolgada todo dia para me vestir”, ela conta. Criada em Sidney, na Austrália, Stella estudou balé quando criança, depois pegou o “vírus” da atuação quando adolescente. Uma das coisas que ela mais ama no ambiente criativo da Juilliard é que os alunos não têm medo de se orgulhar de seu talento e suas realizações. “Na Austrália”, ela explica, “não existe esse conceito; se você pensa num campo de papoulas, vai querer que todas te- nham a mesma altura. Mas, se uma papoula começa a ficar um pouco mais alta, vão cortá-la.” É a chamada síndrome da papoula alta; Stella agora se sente feliz em estar num lugar que celebra o dom de uma pessoa ao invés de escondê-lo. “Ter vindo para Nova York foi maravilhoso, porque eu me vi cercada dessas pessoas que celebravam o fato de serem boas no que fazem”, diz. Seu papel favorito na Juilliard tem sido o de Arkadina, a matriarca do clássico de Tchékhov, A Gaivota.
Uma vantagem da bolsa de estudos é pôr em comunhão esses jovens artistas, que estudam diferentes ofícios, de uma forma que seria proibitiva de outra maneira, por causa da extensa carga horária de aulas e ensaios. Por exemplo, o grupo todo (menos Stella, que tinha um ensaio até tarde, é claro) conseguiu assentos no desfile da Fendi em setembro passado no Hammerstein Ballroom. Ao verem o espetáculo de cima – Sarah Jessica Parker e Kim Kardashian estavam entre os convidados da primeira fila –, eles não deixaram de notar a teatralidade inata da noite. “Aquilo meio que me lembrou do dia de abertura de My Fair Lady em Ascot. Foi tão chique!”, comenta Beth, comparando o desfile à cena altamente estilizada do clássico musical. Raven captou o andar coreografado dos modelos na passarela, o que ela atribui a seu “cérebro de bailarina”, que lhe trouxe o costume de se voltar para gestos ou momentos do cotidiano e, subconscientemente, aplicá-los na dança. A coleção, que celebrou o 25o aniversário da bolsa Baguette da Fendi e mostrou colaborações com a Marc Jacobs e a Tiffany & Co., foi o ingresso mais quente da Semana de Moda de Nova York, com uma participação inesperada da lenda das passarelas Linda Evangelista, que fechou o desfile numa capa azul Tiffany. Uma surpresa universal entre os estudantes foi quão rápido terminou. “Dezesseeeeete minutos... Todo aquele trabalho!”, espantou-se Beth.
Os looks pastel e neon podem ter passado num piscar de olhos, mas uma coisa é certa: essas quatro estrelas criativas em ascensão vieram para ficar.
Créditos:
STYLING: Rachel Gilman.
CABELO: Thomas Dunkin.
MAKEUP: Mark Edio.
PRODUÇÃO: Lindsey Gardner e Isaac Feria.
DESIGN: Montana Pugh.
ACESSÓRIOS: Kyle Miller, Jon MacGregor e Megan Otnes.
DIGITAL TECH: JP Herrera.
ASSISTENTE DE FOTOGRAFIA: Diego Bendezu, Isaac Schell e Milos Janjusevic.
ASSISTENTE DE PRODUÇÃO: Julia Fesser, Paul Bentson e Dom Nadal.