Cultura

Galerias brasileiras apresentam arte contemporânea em Portugal

Parceria inédita entre três galerias brasileiras, Fortes d’Aloia & Gabriel, Galeria Luisa Strina e Sé, agitam Portugal com uma exposição pop-up de verão
Galerias brasileiras apresentam arte contemporânea em Portugal
Galerias brasileiras apresentam arte contemporânea em Portugal

Localizada a cerca de 50 quilômetros de Lisboa, Comporta é um destino bastante procurado por turistas e celebridades. Não é muito difícil esbarrar no decorador Jacques Grange e no criador Christian Louboutin andando pelas ruas desse pequeno paraíso. Nesse verão, além das águas cristalinas, Comporta oferece a partir do dia 29 de junho uma exposição colaborativa entre três galerias brasileiras com o melhor da arte contemporânea.

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O canto do bode

O Canto do Bode é fruto de uma parceria inédita entre Fortes d’Aloia & Gabriel, Galeria Luisa Strina e Sé. Acostumadas com uma intensa programação de feiras internacionais ao longo do ano, as galerias se viram obrigadas a fazer uma pausa durante a pandemia e se reinventar virtualmente. Por mais que as exposições online tenham suprido essa lacuna, elas não substituem a experiência viva e a necessidade de ver as obras pessoalmente. 

O canto do bode

Estados Unidos e Europa (onde acontecem a maior parte das feiras) já mostram um sinal de retomada. Enquanto esse sol ainda não nasce no Brasil, as três galerias criaram a ocasião para conhecer novos colecionadores e divulgar o trabalho de seus artistas na exposição que reúne obras históricas ao lado de futuras promessas. A icônica garrafa de Coca-Cola do projeto Inserções em circuitos ideológicos de Cildo Meireles, os admirados tricôs de Ernesto Neto e a atual pintura de Dalton Paula são alguns exemplos.

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O canto do bode

O fio condutor da mostra é uma leitura pós-colonial do O Nascimento da Tragédia de Friedrich Nietzsche (1872). Antes de torcerem o nariz, a gente explica: esse motivo aparentemente cabeludo celebra a tradição brasileira de sacralização do profano e profanação do sagrado, desconstruindo a dicotomia entre o dionisíaco e o apolíneo. Segundo a mitologia grega, Apolo e Dionísio são ambos filhos de Zeus e, enquanto o primeiro é o deus da beleza associado a harmonia, o segundo é o deus do vinho e traz com ele a ideia de caos. Dicotomias que conhecemos bem por aqui. Os dois deuses gregos são acompanhados pelos orixás afro-brasileiros Exu e Oxalufã.

O canto do bode

Nesse contexto, o gesto abstrato confere materialidade à tensão psicológica nas pinturas de Janaina Tschäpe, enquanto Marujo (2020) de Marina Rheingantz sugere a reconstrução de uma memória. A representação da figura surge no trabalho da Panmela Castro que retoma a tradição do retrato em pinturas de seus contemporâneos dos circuitos das artes e do ativismo social.

O canto do bode

O Canto do Bode acontece em dois atos (ou seja, são duas exposições dentro do mesmo tema) e é estruturada como uma peça de teatro, com arquitetura concebida pelo artista João Maria Gusmão. A narrativa criada se desdobra simultaneamente na plateia, palco e bastidores. E, o título, tanto estranho como engraçado, faz referência ao termo grego tragoedia [tragos ("bode") e oidé ("canto"), originando tragédia, de onde nasce a teoria de Nietzsche. 

O canto do bode

As obras de 36 artistas convidados ocupam o antigo cinema da histórica Casa da Cultura, na Fundação Herdade da Comporta, que se converte numa galeria pop-up. Como agente de cooperação e sustentabilidade, a Fundação Herdade renovou este local histórico e, desde 2016, desenvolve o projeto Patrimônio Vivo, uma iniciativa para impulsionar as atividades culturais e turísticas que buscam integrar e beneficiar a comunidade local.

Obras de artistas convidados

O Canto do Bode

Exposiçao colaborativa

Fortes D’Aloia & Gabriel, Galeria Luisa Strina, Sé Galeria

Casa da Cultura da Comporta, Portugal

Ato 1: 29 Junho – 25 Julho

Ato 2 : 29 Julho – 29 Agosto

Horários de visitação

Terça a Sexta: 11h – 14h e 16h – 21h

Sábado e Domingo: 10h – 14h e 15h – 19h

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MICHEL ZOZIMO, Noite
Beyeler

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