Exposição à vista! Museu em Londres celebra a cultura coreana
Tsunami pop! Museu Victoria & Albert, em Londres, abre a exposição "Hallyu! The Korean Wave", celebrando a cultura colorida da Coreia do Sul que tem fãs no mundo inteiro
Era outubro de 2012 quando o cantor sul-coreano Psy lançou o videoclipe de Gangnam Style no YouTube. A coreografia viralizou e o vídeo foi o primeiro a atingir 1 bilhão de visualizações. Passados dez anos, o cantor está com trabalho novo na plataforma, That That, em parceria com o rapper Suga, do BTS, a maior boy band da atualidade – em seis meses o vídeo já contabiliza cerca de 300 milhões de visualizações. O feito de Psy fez com que fosse escolhido para dar “boas-vindas” aos visitantes que fazem fila para conferir a exposição Hallyu! The Korean Wave, que abriu no dia 24 de setembro, no museu Victoria & Albert, em Londres.
Será a primeira grande mostra a celebrar a cultura popular e colorida da Coreia do Sul. Com dinâmica de retrospectiva, o acervo com cerca de 200 objetos quer mostrar desde as origens do movimento até seu sucesso no atual cenário global, a partir de figurinos, pôsteres, fotos, esculturas, moda e vídeos, divididos em quatro partes. “Essa cultura vibrante e criativa transformou a imagem do país devastado pela guerra em uma potência cultural líder na era das mídias sociais. Esse fenômeno foi amplificado por fanbases globais com experiência em tecnologia e socialmente conscientes”, analisa a curadora Rosalie Kim.
A primeira seção, batizada de From Rubble to Smartphones, apresenta o contexto histórico que propiciou a ascensão meteórica do hallyu, destacando como a Coreia do Sul evoluiu rapidamente de um país devastado, no fim dos anos 1950, para uma potência cultural no início do anos 2000. Entre os fatos históricos mais importantes estão a ocupação colonial japonesa, a divisão territorial que levou à Guerra da Coreia e os 27 anos subsequentes de regime militar. Nas décadas de 1960 e 1970, a Coreia do Sul experimentou uma rápida industrialização e crescimento econômico e, então, chamou a atenção do mundo em 1988 com os Jogos Olímpicos de Seul. Apesar da crise financeira asiática de 1997, estratégias ousadas e inovações tecnológicas transformaram o país em um dos mais conectados digitalmente no fim dos anos 1990. Entre os destaques estão o primeiro MP3 player comercial do mundo e a videoinstalação de 1986 do artista Nam June Paik, com 33 monitores de TV.
O sucesso do K-drama (Korean drama) e do cinema a partir do fim dos anos 1990 dá o tom à segunda parte da exposição: Spotlighting K-drama and Cinema. Aqui, alguns dos highlights são os uniformes pink e agasalho esportivo verde da série Squid Game, além da recriação – sob a orientação do cenógrafo Lee Ha Jun – do banheiro do filme Parasita, de Bong Joon-Ho, que faturou Oscar, Palma de Ouro, Globo de Ouro e César. Roupas e adereços tradicionais coreanos também estão em exibição, incluindo os chapéus da série de zumbis Kingdom: The Blood e o kit de higiene de A Criada. Há, ainda, os webtoons, desenhos animados digitais projetados para dispositivos móveis que se tornaram fonte de inspiração para muitos K-dramas e outra inovação coreana.
A parte Sounding K-pop and Fandoms é só agito. É aqui que estão reunidos todos os detalhes da explosão K-Pop (Korean pop), incluindo a importância dos fandoms – diminutivo da expressão em inglês fan kingdom, que significa “reino dos fãs”. O acesso, um corredor ladeado por lightsticks leva à galeria repleta de pôsteres e álbuns de bandas como Seo Taiji & Boys – que deu origem ao movimento em 1992 – e de objetos que ajudam a entender o conceito de “Idols”. Os destaques incluem uma escultura do rapper G-Dragon de 3 metros de altura criada pelo artista Gwon Osang, os looks iridescentes que o girl group Aespa usou no videoclipe da música Next Level e o figurino inspirado no punk que os integrantes do Ateez vestiram no videoclipe de Fireworks.
Outro elemento indispensável a esse universo, a paixão pela moda, encerra a exposição. Intitulada Making K-beauty and Fashion, destaca o impacto do merchandising em K-dramas e os endossos de ídolos. Apresentando embalagens de cosméticos do século 13 até os dias atuais, a mostra traça a evolução do design das embalagens, de potes de porcelana ricamente decorados a envelopes de máscaras faciais ilustradas por artistas.
O nicho de roupas reúne trabalhos de novos estilistas, tanto com foco em atualizar o hanbok, o traje típico coreano, em versões urbanas quanto criações coloridas e sem gênero de neodesigners, como Kye, D-Antidote, Blindness, Minju Kim, Münn e Miss Sohee. A diretora artística Suh Younghee, que no ano passado fez parceria com a Van Cleef & Arpels, desenvolveu um look especialmente para o museu. A exposição conta com o apoio do governo coreano e poderá ser visitada até 25 de junho de 2023.