Hermès FW24: das motocicletas ao hipismo
Materiais preciosos, modelagem precisa e elegantemente moldada e cores atemporais. Assim pode ser definido o novo inverno da Hermès.
Quando se pensa em luxo verdadeiro, quanto menos adesão aos caprichos da moda, melhor. Tendência não tem vez (ou não deveria). E o que faz algo parecer novo numa Maison de alto-luxo como a Hermès? Design inteligente, esta é a resposta. E a diretora criativa Nadège Vanhee (agora sem o Cybulski e de cabelos mais curtos) sabe muito bem como fazer. Materiais preciosos, modelagem precisa e elegantemente moldada para ser próxima (e não grudada) ao corpo, cores atemporais. Até aqui, tout comme il faut.
E entram as surpresas que fazem muita diferença: no jumpsuit de couro ultramacio, um zíper esconde a camisa no mesmo material, a bomber curtinha é jovial na medida certa, a blusa tem pala fechada com fivelas, a bermuda também em couro vem com cintura alta, o bordado remete a listras diagonais, a saia-lápis exibe uma fenda sexy, leggings têm tom esportivo, suéteres curtos em cashmere, uma espécie de franja sintética lembrando crina de cavalo faz toda a diferença em um casaco com fivelas no lugar de botões.
A malharia tem sido um capítulo importante para a marca francesa. A cada estação ganha mais espaço, com destaque para o rico trabalho manual que mistura couro e tricô com aparência de canelado. Outra linha que merece bastante destaque são os acessórios. Não é exagero dizer que todos os itens são objeto de desejo imediato, desde a bolsinha com alça metálica inspirada no bridão usado por cavalos (incorporada como pochete nos looks), passando pela clutch com alça funcional embutida até a bota dupla, que pode ser montaria ou biker num abrir e fechar de zíper. Foram 63 looks para uma mulher moderna, sofisticada e que não tem tempo a perder.
No dia mais chuvoso até agora desta temporada parisiense, a Hermès também fez chover dentro da sala de desfile. O recurso criou uma linda atmosfera invernal, com a água caindo diretamente dentro de grades no chão, entre o público e a passarela. Fazendo referência ao universo das motocicletas e do hipismo, a proposta foi transitar entre esses dois mundos. Do tradicional à rebeldia com muita personalidade, apelo estético e usabilidade. Design.
