Issey Miyake leva poesia artística para a passarela de Paris

Os desfiles da Issey Miyake costumam ser embalados por uma poesia artística que une cenário, performance, música e os próprios looks na passarela. Nesta temporada, duas grandes instalações criadas pela marca em parceria com o artista Yoshihisa Tanaka ocuparam os extremos da passarela, dando suporte interativo ao grupo que se apresentou antes do desfile. A proposta é de movimento, numa relação estreita com a forma como a roupa envolve o corpo na coleção para o verão 2024. As obras foram construídas com papel washi, que é feito à mão a partir das fibras da árvore gampi ou amoreira e protegido pela Unesco. No norte do Japão, é muito usado como tecido para roupas. O falecido Issey Miyake adorava incluir suas fibras em suas coleções.

Satoshi Kondo assumiu a direção criativa em 2019, mas já trabalhava na marca desde 2007. Sua missão tem sido a de manter o legado. O que significa, por exemplo, que o washi continua sendo uma matéria-prima importante. Ele aparece na composição de tecidos de várias peças desta coleção, combinado ao linho e ao poliéster. O conforto do corpo do usuário é preocupação que sustenta tanto a escolha de materiais quanto a modelagem das peças.

A coleção evolui entre as ideias de abstrato e estruturado. O desfile começou com tricô tubular fininho e abriu espaço para peças com torções criando volumes com a ideia de movimento. O contraste veio com os looks sequinhos com estampas criadas a partir da exposição do filme de uma câmera. Na sequência, formas mais complexas com dobraduras e torções foram construídas a partir de uma única peça de tecido. Formas amplas e arquitetônicas vieram depois, tendo como base uma alfaiataria soft. O conjunto é bastante poético