PFW: Issey Miyake leva roupas esculturais para a passarela
A informação minimalista sobre o outono-inverno da Issey Miyake desfilado na manhã de hoje na PFW é instigante
Abstrato e concreto, corpo e objeto, natural e artificial, roupas e esculturas: A estética da ambiguidade balança entre opostos. A informação minimalista sobre o outono-inverno da Issey Miyake desfilado na manhã de hoje no Carrossel do Louvre, em Paris, é instigante. Principalmente quando trazida para o contexto da proposta do diretor criativo @satoshikondo já a partir do cenário: um casal de bonecos usando uma blusa dupla e cabeças cobertas por outra peça, enquanto tablados reuniam mais algumas peças. Uma performance com dançarinos se misturava aos convidados até que todos estivessem sentados e somente os artistas permanecessem na passarela e interagissem com as roupas, experimentando maneiras fora do usual de vesti-las.
A coleção aprofunda esse conceito, ressignificando itens comuns ao dia a dia: colarinhos duplos e deslocados, a jaqueta que vira bolsa, a shopping bag que se transforma em blusa, proporções revisitadas para o agasalho, tricôs sobrepostos como em um sanduiche, cachecóis finalizados por luvas, mangas que são apenas elemento estético. O icônico plissado mecânico criado por Issey Miyake veio em looks arquitetônicos que funcionaram como pontos de luz. O trabalho com tricô foi ponto forte, aparecendo em toda a coleção.
Designer dono de processo criativo profundo, Satoshi transitou livremente entre conceito e usabilidade, aproximando esses extremos e mostrando que é possível, com criatividade e habilidade, colocar em prática novos exercícios de modelagem e que eles podem ser uma ponte interessante para repensar regras muito antigas sobre como as roupas devem ser feitas e usadas. Ótima deixa para se questionar muitas outras fórmulas prontas.