SPFW N56: Foz, reconstruindo uma identidade

Fazendo seu primeiro desfile ao vivo, a Foz faz parte da leva de marcas com o pé e cabeça no Nordeste que estão remexendo as estruturas (para melhor) da semana de moda paulistana e do cenário nacional nos últimos anos: um sopro de criatividades e referências para ajudar a reconstruir uma identidade nossa de criação. Antonio Castro, o alagoano por trás da etiqueta, tem um trabalho profundo de pesquisa e fomento de saberes tradicionais, artesanias e comunidades dedicadas ao trabalho manual que sempre foram relegadas pela indústria. Seu jeito de pensar parte desses fomentos para criar seu modo contemporâneo de vestir. 

Esse primeiro desfile foi um hino à cachaça, à cana de acúcar e seus tantos derivados (como a rapadura) num conto fantasioso sobre um alambique pop e pouco caricato. Daí as referências às cestarias, aos copos americanos, os bordados da velha caninha e a estampa cheia de raizes criada por Getulio Mauricio. Mas o protagonismo maior do trabalho da Foz é no feito à mão (com bordados, trançados, crochês e tantos mais) e no uso de matéria-prima natural (inclusive com o uso de viscose extraída exatamente do bagaço da cana), transformadas em silhuetas interessantes e usáveis para um novo mundo.