SPFW N56: Helô Rocha em uma ode a um sertão mítico
Mesclando sua próprias lembranças com sua maneira de ver e viver a vida, Helô Rocha apresenta sua nova coleção na SPFW N56.
O último desfile de Helô Rocha aconteceu em 2017 — de lá para cá, a estilista pausou a marca para tocar a finada linha Ateliê da Le Lis por dois anos e, desde 2019, veio cozinhando seu retorno discretamente em fogo lento. Dedicada oficialmente às criações sob medida, seu nome ressurgia em momentos especiais com figuras importantes — culminando no look da primeira-dama Janja na cerimônia da posse, em janeiro. A apresentação especial da Helo Rocha Brand no Teatro @ficinauzynauzona, sonho antigo da estilista, aconteceu em momento de apoteose teatral, quatro meses após a morte de Zé Celso Martinez, grande patrono da casa.
Aos modos dele, o desfile foi uma grande ode a um imagético de sertão mítico, mesclando as imagens internas de Helô (crescida no Rio Grande do Norte) com os trabalhos manuais da sua própria oficina e uma maneira teatral de enxergar a vida e a moda. Seus personagens representavam figuras nascidas da água do mangue, do barro e do cacto — como se Guimarães Rosa escrevesse sobre grandes sereias nas veredas. Ora de branco ou preto, ora de terrosos e áridos, a narrativa ajudou a exercitar sua liberdade criativa sem compromissos comerciais — vantagens de ter uma clientela sob medida. Em paralelo, mostrou muitos dos potenciais que seu ateliê pode oferecer: as bases primeiras de vestidos de festa e de noiva, seus corsets e saias abertas, dão espaço para construções com tule, redes de pesca, rendas bordadas, metais e látex moldados ao corpo. Um evoé de Helô à moda e a si própria.