Valentino alta-costura: uma homenagem à tradição
Celebrando a tradição e, também, uma nova proposta, a nova coleção da Valentino reflete uma alta-costura que afirma os valores e necessidades atuais.
A alta-costura nasceu na segunda metade do século 19 no curso dos movimentos de valorização do feito a mão em tempos de revolução industrial. O primor de técnicas artesanais históricas prevalece, lembrando ainda hoje do talento humano em tempos de inteligência artificial. O salão, habitat natural da couture, foi lembrado no desfile Le Salon da Valentino, realizado nos salões da Valentino na Place Vendôme, em Paris – endereço que serve frequentemente ao re-see do prêt-à-porter.
Para o diretor criativo Pierpaolo Piccioli, esse espaço sagrado representa retorno e partida – simultaneamente uma homenagem à tradição e uma nova proposta, de uma alta-costura que reflete os valores e necessidades atuais. É esse link com a sociedade contemporânea que vem dando, inclusive, o sentimento de renovação na couture e tornando-a atraente para consumidores mais jovens. Por isso, faz todo o sentido o desfile misto proposto por ele, com criações femininas e masculinas. Coerentemente, os looks trazem referências dos dois universos: alfaiataria precisa em contraponto com itens delicados e preciosos. Mesmo peças volumosas são de extrema leveza.
A coleção é um jogo de peças, um guarda-roupa moderno – as roupas do nosso tempo. A bela e enorme cartela de cores e uma profusão de texturas formaram contrastes sincrônicos, deixando claro mais uma vez o talento de Piccioli para misturas inesperadas. Construídos manualmente, rolinhos de organza de seda e lantejoulas cortadas à mão criam ilusão de pelos e penas exóticos. “Numa época obcecada pelo artificial, pelo inacreditável, aqui está o real”, reforça o diretor criativo. A simplicidade complexa, digna da couture, dá o tom.