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Brasileiros fazem sucesso na gastronomia gringa

Comer com os olhos! Tem brasileiro fazendo sucesso na gringa – das cozinhas estreladas da França, solo sagrado da alta gastronomia, aos projetos arquitetônicos que abrigam lugares icônicos de Nova York e da Côte d'Azur

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Cozinha do Oka Fogo, com destaque para o trabalho minucioso do chef Raphael Rego.

Passada a euforia dos jogos olímpicos de Paris, onde o Brasil fez a melhor campanha da sua história, dois brasileiros seguem a brilhar por lá, mas em outra seara: na cozinha. Aliás, a chef Alessandra Montagne, leia-se Nosso, Tempero e espaço Louvre, até participou do evento esportivo, como convidada para comandar o cardápio do Palácio de Versalhes durante os três dias de disputas do hipismo. “Foi a realização de mais um sonho por aqui”, confessa a carioca radicada na capital francesa.

Alessandra ganhou os holofotes quando Alain Ducasse, um dos papas da gastronomia mundial, anunciou a presença dela no time de chefs montado por ele para comandar a nova área de culinária do badalado museu do Louvre. “O projeto está andando, mas o nome e o conceito ainda estão em segredo”, diz a moça.

A verdade é que a proposta deve dialogar de perto com os dois restaurantes que ela comanda no 13o arrondissement. O Nosso, referenciado no Guia Michelin, tem proposta de menu degustação à noite e menu do dia na hora do almoço. Já o Tempero, que fica em frente ao primeiro estabelecimento, tem pegada de bistrô, sendo mais despretensioso e com preços acessíveis dentro dos conceitos dos comensais franceses. Nos dois endereços, a chef usa e abusa do diálogo entre ingredientes brasileiros e regionais, com um profícuo trabalho com produtores rurais locais.

Aliás, a proposta com foco na sustentabilidade ambiental e a parceria com os horticultores da vizinhança é a base do trabalho de outro chef brasuca que brilha na capital da moda. O também carioca Raphael Rego ostenta uma estrela Michelin na parede do seu fine dining OKA, no 17o arrondissement, e tem feito sucesso com o Fogo, a casa de carnes que divide a cozinha no mesmo local da rue de Meissonier. “Nos dois espaços, buscamos trabalhar intensamente com produtores das redondezas, mas sem perder aquele toque brasileiro”, diz. O tal toque tem a ver com encomenda de matérias-primas de alta qualidade, como o corte da picanha do jeitinho brasileiro demandado a criadores da Normandia. Ou ao trabalho de cultivo de itens made in Brazil, como as pimentas plantadas na horta Maraicher Biologique, comandada por Marc Faragoni.

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Prato do Oka, portrait da chef Alessandra Montagne e receita do menu do Nosso

Libere os sentidos

De Paris seguimos para o Sul da França, mais precisamente ao rooftop do Hotel Du Cap-EdenRoc, em Cap D’Antibes, na Côte d’Azur. Por ali, quem brilha é a arquiteta Patricia Anastassiadis. Inicialmente, a profissional brasileira foi contratada pelo grupo hoteleiro Oetker para desenvolver o projeto de design de interiores do Hotel Tangará, em São Paulo. Então veio o convite para participar da concorrência para o design do icônico empreendimento da Riviera Francesa, que já recebeu hóspedes ilustres como Ernest Hemingway, Gertrude Stein, Pablo Picasso e Marc Chagall.

O layout assinado por ela envolve o design de interiores das três principais áreas de refeições – o bar La Rotonde, que tem excelente carta de coquetéis infundidos com delícias que brotam pelos jardins que cercam o prédio, o restaurante Louroc, aberto para o jantar, e o Eden-Roc Grill, ótima pedida para quem ama receitas com peixes grelhados.

Aliás, a extensa área verde e o caminho para o mar foram elementos fundamentais durante o processo criativo de Patricia. A arquiteta também se valeu de memórias de infância vivenciadas na região como fonte de inspiração. O resultado é um espaço luminoso, com móveis em vime e tecidos que mesclam o branco e o azul-claro, que convida os visitantes a apreciar uma boa refeição ou apenas tomar uma taça de rosé da Provence de olho na imensidão do mar Mediterrâneo.

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Rooftop do Hotel Du Cap-Eden-Roc, em Cap D’Antibes, na Côte d’Azur, com design de interiores da arquiteta brasileira Patricia Anastassiadis.

Big Apple

Do outro lado dos oceanos Atlântico e Pacífico, também tem brasileiro marcando presença na cena gastronômica. Um deles é o chef Franco Sampogna, que ao lado do português Bernardo Silva, tocam o Frevo, no efervescente Greenwich Village. Com uma estrela Michelin, o restaurante fica dentro de uma galeria de arte – é exatamente atrás de um dos quadros expostos, que se abre a porta para a experiência gastronômica. À mesa, há detalhes de ingredientes brasileiros aqui e acolá, mas a ideia é oferecer uma comida “contemporânea e global”, como o chef gosta de reforçar. Já o Le Pavillon, by Daniel Bouloud, não está dentro de uma galeria de arte, mas é uma obra-prima do design contemporâneo e do paisagismo. O restaurante fica no coração do Midtown East, mais precisamente no One Vanderbilt, um dos arranha-céus que fazem a fama da cosmopolita Nova York.

Quem assina o projeto arquitetônico, com área total de 660 metros quadrados, no segundo andar do edifício, é o brasileiro Isay Weinfeld, que seguiu à risca o pedido do chef. A demanda era por um mood minimalista e com muito verde, já que a ideia é consumir pratos com ingredientes frescos e naturais. Em outra frente, Bouloud pensou em um ambiente semelhante aos pavilhões franceses dedicados a grandes celebrações e que também remetesse ao restô homônimo comandado por Henri Soulé, em 1941. O resultado exuberante mescla natureza, madeira e vidro, com skyline debruçado sobre a Park Avenue, ao Terminal Grand Central e ao edifício Chrysler.

A cozinha, como não poderia deixar de ser, é francesa, mas com foco na sustentabilidade tão em voga na atualidade. Além de opções à la carte, o Pavillon oferece menu degustação a 205 dólares, com pratos vegetarianos (165 dólares).

E como talento não falta a Isay Weinfeld, é dele também o projeto do Fasano NY, do empresário descendente de milaneses Gero Fasano. A apenas 400 metros de distância do Le Pavillon, entre a Park Avenue e a Madison Avenue, o Fasano reprisa a mesma elegância e o cenário intimista do Fasano SP – nada mais natural, já que foi Weinfeld quem configurou o local brasuca.

Tal como os traços limpos e charmosos de Isay, o menu do Fasano ianque é uma ode à culinária italiana, com receitas que destacam ingredientes de alta qualidade e de origem, com destaque para as massas artesanais e aos risotos descomplicados. A carta de vinhos também merece reverência, com muitos rótulos italianos e internacionais. É para se sentir em casa.

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Layout do badalado Le Pavillon, projetado por Isay Weinfeld e ambiente e algumas delícias servidas no Fasano de Nova York

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