Endrick, o camisa 9 da Seleção Brasileira

Sua ascensão foi meteórica. Desde muito novo ele é tratado como uma joia bruta nas categorias de base do Palmeiras. Durante seu período nas equipes de formação do clube, foram 188 jogos com 161 gols marcados.

O Endrick do Palmeiras virou o Endrick do futebol brasileiro na Copa São Paulo de futebol Juniores de 2022. Na competição, que permite jogadores com até 21 anos de idade, o "pirralho" Endrick brincou, como a criança que era. Com apenas 15 anos de idade fez gols antológicos e levou seu time ao título, sendo eleito o melhor jogador do torneio. A partir dali, os olhos de todo amante de futebol passaram a se voltar no moleque.

Quem acompanhou de perto seu surgimento foi o também craque, mas do jornalismo esportivo, Mauro Beting. Apesar do amor declarado pelo Palmeiras, ele consegue ser mais jornalista do que palmeirense. "O Endrick, se ele jogasse no Sociedade Esportiva Padre Kelmão, ou no Clube Atlético Pablo Marçal, eu seria alucinado por ele, porque eu acho ele um puta jogador desde sempre! Eu o vi a primeira vez aos 14 anos, soube do que ele era capaz de ouvir falar com o pessoal do futebol com essa idade, principalmente o pessoal do Palmeiras e até adversários".

Na equipe de cima do Palmeiras, no profissional, Endrick continuou seu assombroso desenvolvimento. Conquistou rapidamente a titularidade, o amor da torcida e o medo dos adversários.

No final de 2022, ano em que subiu da base, já teve seu acerto com o Real Madrid oficializado por 70 milhões de euros, valor superior a 400 milhões de reais. Sua saída aconteceria na metade de 2024, quando enfim assopraria as velinhas de seu aniversário de 18 anos. Restava aos palmeirenses e amantes do futebol apreciar um fenômeno em atividade por campos brasileiros, mesmo que com o prazo de validade para expirar.

Agora no Real Madrid, fica impossível não criar as comparações. Será Endrick o herdeiro por direito do apelido, da camisa 9 da Seleção Brasileira e da responsabilidade por levar o Brasil ao mais alto posto do futebol mundial?

Quando o brasileiro sorriu com a Seleção Brasileira pela última vez, no quase pré-histórico ano de 2002, pasmem, Endrick nem vivo era! Com dois gols da última espécime de um talento sobrenatural que o Brasil já viu (me desculpe "Neymarzetes"), Ronaldo comandou a vitória diante da Alemanha na final da Copa do Mundo daquele ano.

Depois da conquista e ainda com o inesquecível corte de cabelo cascão, uma tendência não recomendada por nós da L'Officiel Hommes, Ronaldinho, que na época era Ronaldo e depois virão Ronaldão, seguiu para o Real Madrid. Hoje, o time do "Endrickzinho". Perdão pelo apelido, vai que dá sorte...

No clube espanhol o ex-palmeirense chegou ofuscado pela contratação mais impactante do futebol mundial nos últimos anos, a vinda de Mbappe.

Pensado como opção remota no início, o prodígio já queima línguas de jornalistas esportivos espanhóis e mais uma vez quebra prognósticos. O amadurecimento dele deveria ser respeitado, dizem alguns. É só um menino, é normal um processo de adaptação, dizem outros. Mas Endrick não é normal.

Após alguns jogos sem sair do banco, Endrick enfim entrou em campo com a camisa merengue no dia 30 de agosto. Diante do Valladolid, clube que tem como sócio majoritário Ronaldo Fenômeno (as evidências estão aí, só não vê quem não quer), ele entrou em campo faltando pouco mais de 10 minutos para o fim da partida, tempo suficiente para marcar um lindo gol e transformar a futura memória afetiva do torcedor do Real, se o jogo marcava a estreia de Mbappe no clube, virou a partida que apresentou Endrick para seu novo público.

Por esse e outros motivos, Mauro Beting é categórico e efusivo ao confiar na maturidade do garoto para assumir o protagonismo. Ele lembrou que o próprio Ronaldo fez campanha pela convocação de Endrick em 2022. "Ele tem tudo para daqui a dois anos, com vinte, estar numa Copa, com vinte e quatro estar em 2030, com vinte e oito na Copa de 2034 e com trinta e dois no mundial de 2036... e contando né! Até porque cada vez mais as idades são longevas e o Endrik tem esse potencial para tudo. Ele tem tudo sim para ser o camisa 9 do Brasil, ou a camisa que ele quiser". Que Deus, que no futebol atende pelo nome de Pelé te ouça, Mauro Beting.

Em fase péssima, Endrick não irá encontrar as melhores e mais calmas condições para começar sua história com a Amarelinha.

Nas eliminatórias para a próxima Copa do Mundo, um terço já se passou, seis jogos, com duas vitórias, um empate e três derrotas. A seleção ocupa atualmente a 6ª colocação na tabela.

Calma torcedor, a classificação é uma certeza, acreditem em mim. Com a Copa do Mundo em novo formato, com mais seleções e tempo de duração, para a alegria financeira dos dirigentes da Fifa, a América do Sul tem direito a seis vagas diretas, com o 7º colocado disputando um playoff contra uma seleção ainda a ser definida, mas provavelmente do continente asiático ou africano. São sete vagas para 10 times, com seleções como Bolívia, Peru e Paraguai, que se jogassem no campeonato brasileiro estariam na segunda divisão, a classificação é inevitável. Não merecida, mas uma certeza.

A grande questão é que um time que oscila na eliminatória sudaca, certamente não terá chances quando Venezuelas, Bolívias e afins forem trocadas por Franças, Espanhas e Itálias...

Aí entra Endrick! Mais uma vez voltando a superstições e coincidências, arma muito usada quando toda a argumentação lógica aponta para a tragédia, em 2002 o caminho para o título também foi sofrido e desacreditado, sendo carregado pelo camisa 9 Ronaldo.

Sim, Ronaldo não era um garoto, não apareceu para o mundo naquela Copa..., mas foi ali que renasceu para o futebol, certamente. Após graves lesões nos dois joelhos, era dado como um ex jogador. Não participou da campanha sofrida das eliminatórias, e foi para o mundial do Japão e da Coréia graças a um voto de confiança do treinador Felipão. O resto da história, todo mundo já sabe.

Endrick tem conquistado o atual treinador da seleção, Dorival Junior. Marcou gol em cada um dos três primeiros jogos do novo comandante e estreou como titular na última partida da Seleção Brasileira, eliminação da Copa América diante do Uruguai após empate no tempo normal e derrota nos pênaltis.

Nesta sexta-feira Endrick fará seu primeiro jogo com a seleção em solo brasileiro. Diante do Equador no Couto Pereira, em Curitiba, deve jogar entre os titulares, com a camisa que um dia vestiu Ronaldo, e também com a responsabilidade que recaia sobre ele. Afinal, como dizia Ben, tio de Peter Parker, o Homem Aranha, "com grandes poderes, aparecem também grandes responsabilidades".

Para quem não consegue enxergar em Endrick a solução para os problemas do time brasileiro, talvez as palavras de Mauro Beting, que entende um pouquinho de futebol, podem trazer conforto. "É impressionante como o menino consegue ver e impressionante como ele nasceu pronto. Natural born killer mesmo, um talento natural. Então não depende do fato das alegrias que ele me deu como jogador. Se eu não gostasse do Endrik, primeiro seria estúpido, mas independente de ser palmeirense, se ele jogasse pelo Belzebu Futebol Clube, eu seria fã do Endrick!"

Para quem não queria torcer por Endrick no Palmeiras ou, diferente de Mauro Beting não o acompanharia no Belzebu Futebol Clube, Endrick agora é do Brasil. Não mais uma promessa, é uma realidade e nessa sexta-feira escreve mais uma página de uma história que promete ser recheada de conquistas, para ele a para a torcida brasileira.