Evan Dando encontra refúgio musical no Brasil
Lider da Banda The Lemonheads, Evan Dando encontra refúrio sa Serra da Cantareira e vivendo de sua autenticidade em solo brasileiro
Quem vê um dos ídolos do rock alternativo, o norte-americano Evan Dando, fazendo a dancinha “desenrola, bate, joga de ladinho” nas redes sociais com a enteada Julia Sater percebe que o líder da banda The Lemonheads – na ativa desde 1986, e com mais de um milhão de álbuns vendidos – vive uma fase feliz. Apontado como um dos rostos mais bonitos do show business da década de 1990, ele destaca que o momento tem nome e sobrenome: Antonia Teixeira. “Ela salvou a minha vida e me ajudou a largar o vício na heroína. A Antonia simboliza o arquétipo do feminino”, afirma Evan, en- quanto mostra o antebraço tatuado com o nome completo da musa. O caso de amor com o país é antigo. Aos nove de anos, Evan dedilhou no violão a primeira música que aprendeu: “Água de Beber”, de Tom Jobim. “O meu pai era advogado, mas tocava nos momentos de lazer. Foi ele quem me ensinou”, lembra. E foi em uma turnê em São Paulo, em 1997, que conheceu Antonia, de quem se tornou amigo. “Naquela época eu também tinha uma banda. E o Evan apareceu para ver o meu show. Causou frisson entre as minhas amigas ter o líder do The Lemonheads na plateia”, recorda Antonia.
Em 2020, ambos estavam divorciados, e Antonia foi visitá-lo nos Estados Unidos. O cenário foi horripilante. “A casa parecia um set de filme de terror, imunda. Ele não se alimentava direito e havia se tornado dependente químico. Percebi que não podia abandoná-lo e decidi prolongar a minha estadia”, explica. Não foi um caminho fácil. A brasileira enfrentou resistência de pessoas que preferiam ver o ídolo fragilizado com o vício e até os episódios de depressão de Evan, que muitas vezes passava dias trancado no quarto. No meio do processo, ela se viu apaixonada pelo músico. “O dia estava lindo e não conseguia parar de admirar os ombros largos dele, o jeito sensível e a maneira de se integrar à natureza, brincando de imitar os sons que ouvia. Ele é um homem doce e isso me conquistou.”
Um dos álbuns de maior sucesso da banda completa, em 2023, 30 anos. Para celebrar, a gravadora está lançando uma edição especial do “Come on feel The Lemonheads”. De todos os álbuns de estúdio, porém, ele aponta o “Car, button, cloth”, de 1996, como o seu favorito.
O ponto de virada aconteceu em uma turnê na qual a voz faltou. Nesse momento, o artista decidiu se internar em uma clínica de reabilitação. Saiu fortalecido e decidido a retomar os projetos, tendo Antonia por perto. Chegou ao Brasil em dezembro de 2022 para fazer um tratamento odontológico e acabou colocando até um dente de ouro. Na incursão por aqui, aproveitou para fazer alguns shows – todos esgotados –, mas também fez apresentações sem avisar, em bares vazios, apenas pelo prazer de levar o seu som ao público. Nas redes sociais, Evan posta fotos pescando em Ubatuba, litoral paulista, e pintando quadros em casa, localizada na Serra da Cantareira. O músico virou admirador de pratos da culinária nacional, e confessa que adora escondidinho de carne-seca e a canja preparada pela sogra.
Além de afetuosa, a integração com a família de Antonia é musical. Irmã do músico Chico Teixeira e filha do compositor Renato Teixeira, ela filmou Evan tocando ao lado dos dois o maior sucesso do pai, “Romaria”, imortalizado por Elis Regina. “Quero comprar uma casa em São Paulo e montar um estúdio. Não está descartado fazer um novo álbum do The Lemonheads, gravado no Brasil. Mas, antes, penso em voltar a escrever músicas.” Antes de fincar o pé de vez por estas bandas, o cantor tem shows programados em outros países. Antonia segue ao lado dele, como esposa e videomaker, registrando cada etapa. No meio de tanta musicalidade, o casal diz, cantarolando, qual a trilha sonora da história de amor deles: “É ‘To be with you’, hit da banda ‘Mr. Big’”.
