Gabriel David: O cara das ideias inovadoras e do papo reto
Empresário da nova geração, Gabriel David e dono de ideias inovadoras, que levam em consideração a consciência social e o desenvolvimento das comunidades onde acontecem os seus projetos.
Ele, literalmente, é do samba. Embora Gabriel David tenha muito mais a ver com o rap e com o streetstyle que permeia o movimento, foi na azul e branco de Nilópolis que ele se criou. Filho do presidente de honra da agremiação, Anísio Abrahão David, o jovem empresário, que soma 25 anos, tem projetos ambiciosos e que vão além dos cenários carnavalescos.
Investidor do setor imobiliário com a incorporadora GeA, CEO da Haritz Party, sócio da Buzzina e do Nosso Camarote, atual diretor de marketing da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) e com os olhos voltados para outros universos, caso da gastronomia, onde se prepara para ampliar o alcan- ce da sua marca de pizzaria fit, batizada de Fitzza, que conta com duas unidades abertas na capital carioca, ele ainda encontra tempo para coordenar o Instituto Beija-Flor, que oferece mais de 70 cursos e atividades gratuitas aos moradores da Baixada Fluminense. “Tenho orgulho de ter profissionalizado a ONG e de possibilitar a inclusão e a transformação da comunidade. Por sinal, acredito que Brasil deva acabar com os extremos, que não contribuem para o avanço da sociedade. Espero que possamos viver em harmonia e que um dia a opinião de cada cidadão seja escutada. O lugar de fala precisa evoluir, e essa é uma das lutas que defendo.”
Longe de ser mais um rosto bonito no meio da multidão, o empre- endedor avisa que a pouca idade não é um problema, já que lhe sobra determinação. “Não vejo a minha idade como inconveniente. E nem acho que o mercado faça essa leitura. As dificuldades surgem mais daqueles que ainda não me conhecem e que duvidam do que penso por eu ser um cara novo. Mas a verdade é que quando quero algo, sou focado e os meus pensamentos fluem até que seja possível que as ideias se tornem realidade.”
Gabriel David está antenado ao presente e sabe interpretar o que vem pela frente. Ainda assim, ele não se desfaz do passado. Gosta de reforçar que é a história construída que tem importância – e respeita isso. Fala da Beija-Flor com devoção e confessa que o sucesso da supercampeã, que detém 14 títulos desde a sua fundação, em 1948, é fruto do envolvimento dos seus componentes. “São muitos os ingredientes que fazem da Beija-Flor uma escola tão vitoriosa. Mas, sem dúvida, a nossa comunidade é o principal deles. Ela é única. Ama, acredita. É fundamental!”, pontua. Sobre temas mais espinhosos, como ter defendido acabar com o formato linear do Carnaval, ele esclarece que jamais tratou do assunto. “O que co- mentei, à época, dizia respeito ao layout do sambódromo, que é da década de 1980, quando os desfiles eram diferentes. Hoje, o Carnaval mudou não só em tamanho, como em estrutura. Estamos nos adaptando e chegando a contornos que mantêm a tradição e acompanham as inovações. A nova iluminação da Sapucaí é um exemplo disso.” Ainda sobre a festa mais popular do Brasil e principal produto de exportação, ele defende a força feminina: “O Carnaval é uma potência em cultura, educação e tem muito a nos ensinar em vários pontos. A mulher é parte integral da festa na sua essência, não com o estereótipo de objeto sexual, mas em funções de liderança, inteligência e talento”.
Autointitulado um “jovem empreendedor incansável, com mente inquieta e determinação inabalável”, torcedor apaixonado do Fluminense – time que conquistou nomes como Chico Buarque, Jô Soares, Nelson Rodrigues, Cartola, Fernanda Montenegro e Noca da Portela –, de gostos musicais ecléticos e adepto da culinária oriental, Gabriel destaca o enredo vencedor de 2018, “Monstro é Aquele que não Sabe Amar (Os Filhos Abandonados da Pátria que os Pariu)”, como o seu favorito. Das estrofes que embalaram a pas- sarela, interpretadas por Neguinho da Beija-Flor, Nilópolis pode ser traduzida em um único trecho: “Teu livro eu não sei ler, Brasil; mas o samba faz essa dor dentro do peito ir embora; feito um arrastão da alegria e emoção o pranto rola; meu canto é resistência”. E assim como a escola de coração, Gabriel é Nilópolis raiz. @GABRIOD