Hommes

Greve dos artistas, metaverso e despertar!

Sem destino, sem poder e sem sonhos! O que seria do mundo sem os artistas? 

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Fotos: Getty Images

O que seria do mundo sem os artistas? Não há, hoje, nenhum lugar seguro. Com o avanço desenfreado da tecnologia e o valor (mensurável, em cifras) posto em mesa, qualquer alma está sedenta e pronta para a venda. Em uma sociedade onde esse valor passa a ser medido por velocidade e não por qualidade, o que nos sustenta?


Que a Arte sempre foi colocada em segundo plano e muitas vezes como um inimiga, não é novidade. Em um país como o Brasil onde grande parcela da população mal tem o que comer, realmente a Arte se torna um artigo de luxo. A questão é que esta, a Arte, é o que dita o fio do que há de mais antigo para as possibilidades mais belas e mórbidas de futuro.

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O que o homem pensa, ele cria. Intuitivamente o desejo se materializa. O metaverso está aí pra provar que a tão almejada imortalidade já pode se tornar paupável (ou mais ou menos isso). A materialidade das coisas mudou de figura, as prioridades tem outra face. A humanidade desde a era pandêmica se esvai e abre espaço para uma população insensível, não por querer mas por simplesmente não saberem lidar - A realidade se torna intolerável. 


Mais intolerável ainda é a vida sem a nutrição artística, o estímulo da imaginação muitas vezes é o alento que nutre a alma - essa nos devolve os valores enquanto nação. Pátria, Deus e família não são nada sem escuta, afeto e comprometimento. A aceitação da distinção e da unicidade individual de cada um é o que nos faz um planeta. Talvez seja isso que os ETs querem. Afinal, eles não são a ameaça, nós que somos.

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Qualquer ser humano que viva no metaverso ou debaixo de uma ponte tem as mesmas necessidades. Isso também vale para os CEOs de grandes empresas e para Artistas. A propriedade intelectual e a lapidação subjetiva necessária para se alcançar excelência artística leva tempo - e também dá fome. O que acontece nos Estados Unidos e repercute aqui é um basta no sucateamento do nosso ofício. Todos falam sobre como é difícil ser Artista mas poucos entendem como é difícil para o Artista não o ser - tratamos aqui de uma necessidade vital.


A mobilização internacional nos comove mas ela não é suficiente se não trabalharmos no cerne dessas questões. O sofrimento romantizado que surgiu há milênios como um passe para o Paraíso deve cessar. Não é porque trabalhamos com o que amamos que devemos ser mal pagos. A proposta da Inteligência Artificial e a perda do domínio sobre a nossa própria imagem é um tratado sobre a inversão de valores que vivemos, é um processo de desumanização. Estamos tão habituados a viver em um mundo fictício on-line que realmente abrimos mão da singularidade do ser para apenas produzir e ter? A pasteurização tomaria conta e seria o fim da catarse e da descoberta - fortes pilares para a construção de um mundo que faça sentido.

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Jamais, em qualquer esfera, a entrega humana será substituída pela decodificação de uma máquina. Se esperarmos da inteligência artificial o poder do afeto morreremos secos. Belos e perfeitos, porém definhados. Parece incrível receber a imortalidade de presente, ver nossos possíveis filhos do futuro mas tudo o que começa como uma brincadeira boba pode se tornar uma condição. O ser humano é condicionado desde antes das inquisições. E perpetuamos isso, inconscientemente.

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A Arte é como um superpoder, sem ela a vida perde o destino, o poder de avançar e, principalmente, o de sonhar. Não precisamos de finais felizes, mas sim das reticências que nos dão fôlego para seguir mais um dia, mais uma década, a eternidade.

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