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Henrique Fogaça em entrevista exclusiva à L’Officiel Hommes

Henrique Fogaça completa uma década no MasterChef Brasil, comenta sobre seu ativismo a favor da cannabis medicinal e como equilibrar sua rotina entre a cozinha e a música.

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Foto: Henrique Tarricone

Henrique Fogaça, ou simplesmente Fogaça, é um dos chefs mais renomados da atualidade. Há 10 anos apresentando o “MasterChef Brasil” na TV Band, o paulista hoje é dono de três restaurantes, já lançou dois livros intitulados Um Chef Hardcore e O Mundo do Sal, e também é vocalista da banda de metal hardcore punk “Oitão”.

Fora da cozinha, Fogaça alimenta fortemente seu lado paterno. Olívia, sua filha mais velha, possui uma doença neurológica rara e realiza tratamento com o uso medicinal do óleo de canabidiol. Foi a partir disso que Fogaça se envolveu ativamente na luta a favor do uso da cannabis medicinal para o tratamento de síndromes raras. Depois de Olívia, o jurado do “MasterChef Brasil” teve mais dois filhos: João e Maria Letícia. Quem acompanha Henrique em suas redes sociais já está acostumado a ver os quatro se divertindo juntos.

Além da TV, Fogaça também produz conteúdo para o YouTube, criando webséries sobre empreendedorismo, paternidade e, claro, gastronomia. Para saber um pouco mais sobre essa figura que conquistou a televisão com uma personalidade marcante, a L’Officiel Hommes conversou com Henrique sobre os bastidores de uma vida multifacetada. Confira:

Você é conhecido por seu estilo duro na cozinha e nas suas críticas no "MasterChef". Essa personalidade profissional exigente também se reflete na vida pessoal?
Esse estilo é uma parte de mim. Eu sou direto, falo o que penso e não passo a mão na cabeça de ninguém, principalmente quando o assunto é cozinha, que é um ambiente exigente. No Masterchef, é preciso ser duro às vezes, porque é um programa de competição. No meu trabalho, sou muito focado! Mas, fora das câmeras, na minha vida pessoal, eu sou mais tranquilo, brinco, dou risada, sou um cara família e de coração mole. 

O que mudou em você como Chef e como pessoa ao longo dos anos de exposição no "MasterChef"? O programa transformou sua visão sobre a gastronomia ou seu estilo de gestão nos restaurantes?
O “Masterchef” me trouxe muitos aprendizados, mudanças e ampliou minha visão sobre a gastronomia. Com o programa, passei a perceber a evolução dos participantes e a enxergar meu papel como mentor. A exposição trouxe ainda mais responsabilidade, porque você acaba virando um exemplo, né? E em termos de gestão dos restaurantes, eu sempre fui muito focado e dedicado, mas o programa reforçou ainda mais a importância de ter uma equipe forte. Nos meus restaurantes, sempre prezo pela autenticidade e a vontade de crescer. 

Foto: Henrique Tarricone

Além de chef, você é também vocalista da banda Oitão. Como você gerencia a fusão entre o mundo da gastronomia e da música? Esses dois universos se influenciam de alguma forma em sua criatividade?
A música e a gastronomia são duas paixões que se complementam na minha vida. Na cozinha, a energia que coloco nos pratos vem desse espírito intenso e verdadeiro, o mesmo que levo para o palco com o Oitão. Os dois me permitem uma liberdade criativa e uma forma de expressão que, de certa forma, se cruzam. Na música, coloco pra fora a intensidade e a força do rock, na gastronomia, canalizar isso para criar sabores e experiências. Um ajuda a equilibrar o outro. 

Você costuma participar de competições de rally e outros esportes radicais. Há alguma similaridade entre competir nesses eventos e a adrenalina de liderar uma cozinha em dia cheio?
Com certeza! Tanto no rally quanto na cozinha, você precisa ter controle total sobre a pressão e tomar decisões rápidas. Nas competições, cada segundo importa, e é necessário reagir na hora, com precisão. A mesma coisa no meio do serviço, não dá para hesitar, o foco tem que ser total. É uma adrenalina parecida, aquela sensação de que um erro pode custar caro, seja na pista ou no prato. Além disso, os dois exigem preparo e resistência mental. Um dia puxado na cozinha demanda tanto do corpo quanto da cabeça, e no rally é igual. Nos dois é importante entender o valor de cada decisão e como a equipe precisa estar alinhada.

Foto: Henrique Tarricone

Sua estética pessoal, cheia de tatuagens e referências ao rock, se reflete na decoração dos seus restaurantes, como o Cão Veio. Como você acredita que a identidade visual de um restaurante impacta a experiência do cliente, além da comida?
Acredito que a identidade visual de um restaurante é parte essencial da experiência do cliente. No Cão Véio, cada detalhe da decoração foi pensado para criar um ambiente que converse com a minha essência, elementos do rock, os cachorros, além da caveira, minha marca registrada estão presentes. Isso influencia como as pessoas se sentem quando entram no restaurante, elas já captam a energia antes mesmo de provar a comida. 

Você compartilha muitos momentos da sua paternidade nas redes sociais, quais são os principais desafios entre ser Chef, empresário, apresentador e ainda reservar um tempo de qualidade com seus filhos?
Equilibrar todas essas funções com a paternidade é um grande desafio, mas é essencial para mim reservar um tempo com os meus filhos. Tento aproveitar ao máximo cada momento, porque sei que eles são únicos. Eu tenho guarda compartilhada, então nos vemos com certa frequência. Costumamos fazer bastante coisas juntos, brincar, cozinhar, dependendo da preferência da idade de cada um. Adoro viajar, estar com eles em qualquer lugar pra mim é sempre uma alegria.

Foto: Henrique Tarricone

Você sempre foi aberto sobre seu envolvimento em causas sociais, como o uso terapêutico da cannabis. Você acredita que figuras públicas têm a responsabilidade de usar sua influência para promover mudanças sociais?
Acho importante usar a nossa influência para levantar questões importantes. No meu caso, sempre fui muito aberto sobre os temas que acredito, como o uso terapêutico da cannabis, porque sei que isso pode ajudar muita gente a ter mais qualidade de vida, assim como a minha filha Olívia. Quando falamos sobre isso, a gente pode quebrar tabus e levar informação para quem não tem acesso. 

Qual conselho você acha que teria sido fundamental antes de se tornar Chef?
Acho que paciência e resiliência são tão importantes quanto o talento. Quando comecei, eu tinha muita energia. Com o tempo, aprendi que, na cozinha - e na vida - as coisas demandam um processo, e é preciso estar preparado para enfrentar desafios, erros e dias difíceis.

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