L'Officiel Hommes e Paulette Pink celebram o dia do Orgulho
L’Officiel Hommes abre as suas páginas - com direito à capa digital emblemática - para estampar o protagonismo da multiartista, drag queen, performer, empresária, dubladora e escritora Paula Sabbatini, conhecida como Paulette Pink.
Era dia 28 de junho de 1969 quando os frequentadores do bar Stonewall Inn, em Nova York, se revoltaram contra as represálias e as humilhações policiais que aconteciam por lá. O episódio ficou conhecido como a “Rebelião de Stonewall” e marcou para sempre a importância da luta pela igualdade e a necessidade de celebrar o Dia do Orgulho LGBT. Na sequência ao evento (em 1970), dez mil pessoas marcharam pelas ruas da vizinhança a fim de combater o preconceito e fortalecer o movimento, dando origem a 1ª Parada do Orgulho Gay.
A sigla LGBTQIA+ é atualmente designada como LGBTQQICAAPF2K+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros, Queer, Questionando, Intersexuais, Curioso, Assexuais, Aliados, Pansexuais, Polissexuais, Familiares, 2-espíritos e Kink). O + representa as demais denominações afetivas que não se encontram representadas na heteronormatividade da sociedade. Busca-se, assim, representar as diferentes vertentes da expressão afetiva humana.
Para comemorar a data e reforçar o apoio a diversidade, a L’Officiel Hommes abre as suas páginas - com direito à capa emblemática - para estampar o protagonismo da multiartista, drag queen, performer, empresária, dubladora e escritora Paula Sabbatini, conhecida como Paulette Pink.
Apenas aceite!
“Oi, eu sou a Paula” - essa é a frase que costumo dizer ao me apresentar. Mas quase sempre existe um ar de repreensão, de olhares que julgam e condenam sem nem sequer entender (ou ouvir) a minha história.
Nasci Paulo Sérgio, numa pequena cidade do interior paulista, e desde que me conheço por gente, sei que não pertenço ao corpo que a natureza me deu. Porém, levei muitos anos para compreender a minha condição - e ser travesti em um país que mata mais de uma pessoa como eu por dia não é nada fácil. Além de sobreviver ao preconceito, necessito provar competência para ser “aceita” socialmente.
Tenho dois diplomas universitários, carreira consolidada, amigos, família e privilégios que a maioria de nós, trans e travestis, jamais vai experimentar. Por isso, sinto-me na obrigação de fazer a minha voz ecoar e de lutar por reconhecimento. Nós não podemos ser vistas como peças alegóricas ou resumidas a fetiches. Somos seres humanos com sonhos e dores comuns. Eu quero ter um amor para brindar momentos especiais, quero ser enxergada com respeito e admirada por minhas conquistas.
Pode parecer simplista ou banal, entretanto, direitos básicos de cidadania ainda nos são negados. Faz pouco tempo que a deputada Erika Hilton subiu o tom numa audiência pública que discutia a “infância plena”, tema usado por quem se coloca como pilar da moralidade para chancelar as nossas mortes. Não podemos mais fechar os olhos para o preconceito de gênero e dar aval à lgbtfobia. Chega!! Nós queremos viver com dignidade!
Por tudo isso, atravessar a barreira dos 50 anos e posar para um editorial de moda em um título internacional, que celebra o orgulho LGBTQiapn+, é uma vitória sem precedentes - inclua neste contexto o fato de eu não estrelar nenhum reality show e o de integrar um grupelho de influenciadores. Eu sou apenas Paula Sabbatini, travesti, 50+, sonhadora, drag queen, atriz, dubladora, dona de casa, apaixonada pela vida e - antes tarde do que nunca - modelo! @paulettepinkoficial
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