Luis Lobianco: “A luz do Paulo Gustavo nos faz continuar”
Luis Lobianco abre o jogo sobre autoestima, moda, carreira e sua relação com o Paulo Gustavo em entrevista exclusiva para a L’Officiel Brasil
Luis Lobianco é ator, humorista e dono de personagens icônicos que levaram ao “Porta dos Fundos”, “Vai Que Cola” e novelas como “Vai na Fé”, o brilho da comédia. O astro, que viveu Guilherme Araujo, empresário da cantora Gal Costa em seu mais recente filme “Meu Nome é Gal”, fala em entrevista exclusiva para a L’Officiel Brasil sobre a sua carreira, autoestima, moda e como lida com a falta do eterno Paulo Gustavo. Veja a entrevista completa abaixo:
O que podemos esperar de “Meu Nome é Gal”? Compartilha com a gente um pouco de sua preparação para o filme:
O filme é uma homenagem a essa grande artista brasileira. Foi feito para Gal ficar feliz e rodado com ela ainda viva. Com sua partida inesperada, torna-se um importante documento da nossa cultura. Tivemos a oportunidade de mergulhar na obra da cantora durante a preparação. Houve também um estudo profundo sobre os criadores da Tropicália e o período histórico. Ficamos isolados num sítio em Cotia, São Paulo, onde cozinhávamos, tomávamos banho de piscina, fazíamos saraus e experimentávamos todas as possibilidades de cena na sala de ensaio. Saí dessa imersão mais tropicalista.
Você sempre esteve muito ligado à comédia! Desde que se descobriu ator, esse é o seu gênero favorito? Como se sente ao transitar por outros estilos?
A comédia não foi uma escolha. Faço todo tipo de teatro há 30 anos, mas foi no humor que fui acolhido e tive oportunidades. Não me considero comediante por isso, mas não abro mão que meus personagens tenham comicidade mesmo em dramaturgias mais dramáticas. Aliás, criar personagens tragicômicos é a minha praia. Não tive uma vida fácil, rir e chorar disso é o que me coloca inteiro em cena.
Em ‘Vai na Fé’, um fato me marcou muito: o Vitinho simplesmente não soltava a sua maxi bolsa preta! Qual era o conceito por trás da presença do acessório icônico em seu figurino?
O personagem teve uma virada no meio da trama quando é promovido o novo "chefudo" da equipe do cantor Lui Lorenzo. Foi quando veio no roteiro uma indicação sobre seu figurino "Vitinho com um visual um pouco mais atrevido". Foi o suficiente para que a figurinista Sabrina Moreira e eu brincássemos de criar novos acessórios e ela sugeriu a bolsa. Achei que seria um detalhe passando despercebido. Que nada! O público começou a especular mil teorias misteriosas sobre o conteúdo dela! No fim, assumimos que era uma tática do novo empresário para criar um personagem social. Foi divertido!
Você mostrou para que veio durante a ‘Dança dos Famosos’ em 2019. Sempre teve contato com a dança ou aquele foi um novo desafio para você?
Foi super desafiador. Não é nada fácil fazer aquelas acrobacias, principalmente ao vivo. Eu cheguei a cursar Dança na faculdade Angel Vianna no Rio há quase 20 anos. Mas era algo para complementar a formação em Arte Cênicas, não imaginava que um dia precisaria tanto daquelas técnicas. No fim, torci o pé e não segui na disputa. Valeu pela diversão dos ensaios e os amigos que fiz.
Existe um Luis Lobianco antes e depois de ‘Porta dos Fundos’?
O Lobianco de antes do "Porta" trabalhava muito no teatro mas não tinha retorno financeiro e nem tinha oportunidades de dar mais alcance ao que fazia. Eu estava em cena há 19 anos e fugia do síndico do meu prédio porque devia meses de condomínio. Com o "Porta", em 2012 vieram as chances no cinema e TV, pude estruturar melhor a minha vida e construir minha identidade como artista. Importante dizer também que a primeira formação de elenco no surgimento do "Porta" deu ao canal a oportunidade de criar um tom e ser reconhecido como um fenômeno naquele momento.
Qual o segredo para o "Vai Que Cola" continuar sendo um fenômeno depois de tantas temporadas?
Uma equipe talentosa, mas, principalmente, um elenco muito experiente, popular e corajoso. Ficar 11 anos no ar capturando a atenção de um público imenso e variado é heróico. Infelizmente, justamente por ser acessível, há a sensação de que o gênero é fácil de fazer. É o contrário, quem não tem repertório não dá conta, e para mim, gravar um episódio por dia é uma grande escola de teatro que me prepara para tudo.
Seu personagem ‘Reginel’ vive correndo atrás da sua amada ‘Terezinha’ – vivida por Cacau Protázio – e quase nunca é correspondido. Como seria um episódio ideal para esse casal tão querido, na sua opinião?
Um episódio de Lua de Mel nas Maldivas seria incrível! Para os personagens e para os atores que viajariam para gravar. Aliás, sempre que embarcamos para gravar episódios especiais é uma festa.
Sabemos que a dor da perda de um grande ator, amigo e colega como o Paulo Gustavo, é imensurável. Fale um pouquinho sobre como era a sua relação com ele, como é pisar no palco sem ele e o que mais você mais sente falta dos momentos de vocês dois juntos?
Paulo e eu tivemos trajetórias próximas. Começamos em Niterói, cidade que morei na minha adolescência. Depois a mesma escola de formação em Artes Cênicas, em cartaz no mesmo teatro durante anos e, finalmente, o "Vai que Cola". Era uma presença que me causava gargalhadas inesquecíveis. Estar em cena sem ele por perto ainda é muito triste, mas sentimos que é nossa missão. A luz do Paulo nos faz continuar.
Quais são os próximos planos para a sua carreira de ator?
Nesse momento que estamos lançando o longa "Meu Nome é Gal" me preparo para começar a gravar a segunda temporada da série "Os Outros", do Globoplay. Gravei um projeto especial para o canal Gloob e filmei um longa super especial que já já será anunciado!
Hoje você tem 41 anos, como se enxerga aos 50?
Eu sinto que a idade só me melhorou. Hoje me sinto mais bonito, tenho minha identidade e autoestima mais bem construída e o olhar treinado para saber melhor o que quero e o que não me interessa. Pela lógica, aos 50 vou estar mais divino e maravilhoso que nunca. Que assim seja!
E sua relação com a moda? O que gosta de usar no dia a dia?
Sempre gostei de moda, herdei esse olho da minha mãe. É um elo entre nós. Durante minha vida, experimentei muitos estilos, errei para caramba mas me diverti. Acho que a moda saudável tem a ver com a construção da autoestima e quem você quer ser no mundo. É uma noção de coerência em habitar a própria pele em paz, tem pouco a ver com consumismo e padrões tóxicos. No dia a dia gosto de estar confortável, cheiroso e com lindos acessórios.
Busca referências para compôr looks diferentões? Quais?
Gosto de ver gente na rua, principalmente nos Centros das cidades. Nem acho que meus looks são muito diferentes, eu adoro um clássico, um preto e branco, tecidos naturais. Mas sempre tempero essa base segura com algo que capturei na minha observação. O detalhe é o que levanta um look e também estar à vontade com o que te veste.
A vida de ator é super corrida, e entre uma filmagem e outra, como você cuida da saúde?
Procuro dormir entre 6 e 8 horas por noite. Não desgrudo da minha garrafa de água e tomo algumas vitaminas todos os dias. Queria conseguir tomar mais Sol, viajar mais, caminhar mais.... Estou trabalhando muito para garantir essa rotina na minha vida já já.
Um conselho de amigo que daria para aqueles que assumiram a sua sexualidade abertamente, e escolheram amar sem medidas:
Digo a essas pessoas que elas não precisam da permissão do outro para nada. Busquem a companhia de quem vos inspira e impulsiona para frente. Ser livre incomoda, mas deve ser inegociável.
Um lado do Luis Lobianco que o público não conhece:
Sou um ser essencialmente urbano, mas preciso viver a natureza na mesma medida. Tenho um sítio numa região bem rural na serra no estado do Rio de Janeiro, mas também sou baladeiro, boêmio e biscoiteiro. Minha vida é buscar o equilíbrio entre o concreto, o mato e a cena. Na fase atual, tem fluído lindamente.