Douglas Souza em uma entrevista de "milhões" para L'Officiel

Douglas Souza viu seu nome disparar nas redes sociais graças à sua espontaneidade e forma de se comunicar com seus seguidores, especialmente durante as Olimpíadas de Tóquio. O atleta que compartilhou os bastidores do evento e trouxe à tona o bordão “milhões” é apaixonado por K-pop e games e  se juntou ao time de criadores do Facebook Gaming em novembro do ano passado, realizando transmissões semanais ao vivo com seu bom-humor marcante. 

De volta ao Brasil, Douglas concedeu uma entrevista exclusiva à L’Officiel sobre a nova fase da sua vida, carreira e desafios sendo um atleta LGBTQIAP+

L’OFFICIEL: Como surgiu essa parceria com o Facebook Gaming? Esse foi um dos motivos da sua mudança da Itália?

DOUGLAS SOUZA: Eu sempre tive muita vontade de fazer parte do time do Facebook Gaming, desde que comecei a fazer lives em 2020. O convite veio logo depois das Olimpíadas, quando souberam que eu tinha esse lado gamer. Sobre a Itália, esse não foi um dos motivos. O motivo real era para cuidar da minha saúde mental que estava muito abalada, já que realmente eu não estava gostando da experiência.

L’OFFICIEL: Agora no Brasil, você está focado apenas nas transmissões do Facebook Gaming ou ainda está ativo no vôlei?

DOUGLAS SOUZA: As lives sempre foram um paralelo ao vôlei. Lá mesmo, enquanto estava na Itália, eu treinava, jogava e fazia as lives na parte da noite. Aqui no Brasil vai ser assim também, quando eu estiver em competição. Por enquanto, eu sigo com negociações para saber qual vai ser o meu próximo clube. Mas já sigo em preparação física para não chegar totalmente zerado.

L’OFFICIEL: Como você enxerga o potencial dos esportes eletrônicos?

DOUGLAS SOUZA: Sou suspeito pra falar porque é algo que faz parte da minha rotina de vida há muito tempo. Mas é um esporte muito potente e que vem sendo um agente transformador para vários mercados. Os games estão invadindo várias áreas de atuação e além de entreter também estão influenciando a forma de comunicação, aproximando ainda mais a relação entre pessoas, marcas e empresas.

L’OFFICIEL: O que você elege como diferente e como igual entre os esportes eletrônicos e os tradicionais, como o volêi?

DOUGLAS SOUZA: Acho que a rotina de treino dos atletas é bem parecida. São horas e horas de treino, muita disciplina e, claro, as coisas que são normais do esporte, como a pressão, a competitividade, tudo isso é idêntico.

L’OFFICIEL: Você possui algum projeto futuro além do esporte?

DOUGLAS SOUZA: Eu gosto muito de viver o presente. Ficar pensando muito no futuro me deixa ansioso. Mas além do esporte, quero evoluir meu canal do YouTube com mais conteúdos necessários e que contribuam de forma positiva na vida das pessoas, assim como nas lives que faço todos os dias, e também quero aproveitar ao máximo as transmissões pelo Facebook Gamming, que estou amando participar do projeto.

L’OFFICIEL: Como você reagiu após viralizar durante as Olimpíadas e se tornar conhecido nacionalmente?

DOUGLAS SOUZA: No primeiro momento eu fiquei em choque, porque era realmente muita gente me acompanhando diariamente, mas eu sempre via como uma coisa muito positiva, principalmente, porque as pessoas estavam conhecendo o Douglas sem filtro. Era, literalmente, eu sendo eu, então fiquei muito feliz por isso.

L’OFFICIEL: Qual a origem do bordão "milhões"? Também veio de você a derivação oposta "centavos"?

DOUGLAS SOUZA: Esses bordões são todos “gírias” do mundo gamer. Eu costumo jogar muito com os meus amigos e sempre saem esses bordões que nós colocamos em alguma situação engraçada e acaba pegando. Mas para mim foi uma surpresa ter pegado tanto o bordão, porque era uma coisa muito comum para gente falar no dia a dia.

L’OFFICIEL: No início do ano surgiram muitos boatos de que você estaria no Big Brother Brasil 2022. Você realmente chegou a ser contactado pela equipe do BBB para fazer parte do Camarote? Como foi lidar com tantas matérias que saíram sobre isso?

DOUGLAS SOUZA: Sobre o BBB, a única coisa que realmente houve foi uma brincadeira na época das Olimpíadas em que o Boninho gravou um vídeo me chamando, mas foi tudo uma brincadeira. Depois disso não houve mais interação nenhuma. No começo do ano, quando eu vi que meu nome estava em várias listas, eu desmenti, mas o povo não acreditou muito. Mas, sempre disse que em qualquer momento participaria do programa. Sempre fui muito fã e acho muito a minha vibe.

L’OFFICIEL: Há pouco tempo ainda não se discutia sobre diversidade no esporte. Como um atleta gay, o que você destaca como barreira e como superação na sua carreira esportiva?

DOUGLAS SOUZA: A primeira barreira sempre está dentro de cada um, porque realmente é muito difícil criar coragem para enfrentar a crueldade que ainda existe no mundo onde vivemos. A superação tem a ver com esse obstáculo também. No meu caso me aceitar como verdadeiramente sou foi, e infelizmente ainda é, superar o medo de julgamentos inclusive dentro de um meio tão homofóbico e machista que ainda é o esporte. E não tem como não destacar a superação vivida em 2021, um ano incrível em que muitas portas se abriram pra mim justamente por eu ter insistido na minha verdade. Espero que a minha superação inspire outros atletas, assim como provoque reflexões entre todos os profissionais do esporte para que esse meio evolua sobre temas como esse.

L’OFFICIEL: Qual mensagem você deixa para atletas LGBTQIAP+ que enfrentam preconceito no esporte?

DOUGLAS SOUZA: A mensagem que eu deixo é que eu sei o quão difícil é representar a comunidade LGBTQIAP+ em um meio preconceituoso como o esportivo, mas essa luta é de todos nós e não podemos em momento algum nos deixar abalar por conta de outras pessoas. Temos que ser seguros de nós mesmos e lutar por uma geração que vem atrás de nós. Temos voz e podemos fazer história para inspirar mais pessoas que estão passando por momentos até piores que já passamos