Max Petterson para L'Officiel Hommes Brasil
Fenômeno nordestino diretamente de Paris! Atualmente em cartaz com seu espetáculo de stand-up comedy, “Bôcu Bonjour”, Max Petterson conversou com a L’Officiel. Confira!
Max Petterson, um fenômeno nordestino que despontou diretamente de Paris. Há 9 anos, morando na França, o ator compartilhou sua vivência durante o verão europeu e conquistou milhares de pessoas com seu olhar único, bem-humorado e repleto de referências astuciosas. Com a certeza do que queria para sua carreira, Max conseguiu construir uma presença consolidada nas redes sociais, conquistou papéis no cinema e fez sua estreia no teatro. Como destaque, é imperdível assistir ao talento do cearense no filme “Bem-vinda a Quixeramobim”, disponível no Globoplay.
Atualmente em cartaz com seu espetáculo de stand-up comedy, “Bôcu Bonjour”, Max conversou com a L’Officiel Hommes sobre sua carreira.
Você sempre teve a vontade de subir nos palcos e estar em frente às câmeras?
Eu sempre tive vontade. Na verdade, o meu primeiro sonho artístico relacionado a profissão, era ser cantor. Eu queria muito ser cantor só que, infelizmente, eu descobri que se eu cantasse ninguém ficava para me assistir (risos). Mas eu sempre quis, eu sempre gostei de chamar atenção, de fazer acontecer, de ser aplaudido, de ter plateia.
O que o Max de hoje diria para o Max criança?
Se eu pudesse voltar no tempo e falar para o Max pequeno, eu ia dizer: “faça, faça porque vai dar certo e vai ser incrível. E por mais que os outros digam para não fazer, tem que fazer! Porque a vida é só uma, não desista não, pelo amor de Deus”.
Como foi sua primeira experiência no cinema?
Minha experiência no cinema brasileiro aconteceu literalmente na prática do dia a dia. Fui convidado para estar no elenco principal do longa “Bem-vinda a Quixeramobim” que inclusive ganhou como “Melhor Filme de Comédia” no cinema brasileiro em 2022/2023. O que posso afirmar que foi incrível mas, ao mesmo tempo, deu um frio na barriga pela minha primeira vez em uma super produção do nosso cinema. Eu aprendi muito e vou explicar o porquê: Gravamos esse filme no auge da pandemia, entre outubro e novembro de 2020, numa época que não tinha vacina e que a pandemia estava ficando cada vez mais forte. Então, decidimos todos nos isolar do mundo numa vila, ficamos entre o hotel e o set de cinema para gravar esse longa. Enquanto isso, todo mundo achava que nem tão cedo íamos sair disso, gravamos o filme sem saber quando ele ia estrear. Ele estreou dois anos depois, o que foi até rápido para a época que estávamos vivendo. Foi um negócio muito incrível, porque ficamos imersos dentro daquele filme e fiquei literalmente no personagem 24 horas, porque estávamos no cenário do filme, no lugar geográfico, onde morei por dois meses. Durante esse período todo, eu era o “Eri”, personagem do filme, e isso ajudou muito para que vivêssemos isso com intensidade, porque tínhamos só aquilo para nos dedicar. Então, fazíamos aquilo ali com toda a força de vontade possível.
Como está sendo rodar o Brasil com o seu espetáculo de stand-up?
Ainda não acredito (risos). Há mais de um ano que estamos fazendo o espetáculo nessa turnê e ela veio como um pequeno sonho que iniciou em 2019, quando recebi um convite da produção local de Paris para abrir os shows do Whindersson Nunes, na França e na Bélgica, então, fiz uma esquete com o meu coração na mão. No entanto, fui tão bem recebido pelo público, e aquilo me deu uma adrenalina tão grande que decidi criar o “Bôcu Bonjour”, que é o meu atual espetáculo. Criei o “Bôcu Bonjour” e comecei a me apresentar em 2020, infelizmente, veio a pandemia, que acabou frustrando as minhas expectativas antes mesmo de eu começar a rodar com a turnê. Em setembro de 2022, a turnê voltou e hoje em 2023 ela entrou com força total. E, desde então, já foram mais de 25 apresentações, mais de 14 mil pessoas assistiram aos meus shows, e está sendo um negócio muito incrível, com esses lugares diferentes, pessoas diferentes. Entender quem são essas pessoas, porque a gente vive na internet e de números. Então, uma coisa é eu ter dez mil likes, outra coisa é eu ter oitocentas pessoas no teatro. Olhar para essas pessoas e entender porque elas saíram da casa delas, a maioria que, às vezes, até fazem viagens longas para chegar ao teatro e me assistir, acho muita responsabilidade, mas eu tenho muita gratidão. Muita gratidão por tudo. E, principalmente, as pessoas por elas irem ao meu show, e fazer com que eu me sinta vivo, e que essa turnê esteja viva até hoje.
Entre o teatro, a TV e a internet, existe uma preferência?
Deus me livre (risos)! Se existir, eu nem vou falar aqui, porque depois ninguém me chama mais para trabalhar com outra coisa (risos). Mas são diferentes, teatro é a adrenalina do momento, é aquela coisa que você tem que fazer e fazer acontecer, porque você não tem como repetir, estão todos te assistindo ao vivo. A internet é o gravado, é o estúdio, eu me dirijo, eu me controlo, eu faço o que eu quero. E no cinema eu dou a vida a uma outra pessoa, eu empresto o meu corpo para aquele personagem e nasce uma coisa ali que é uma junção do que o diretor está querendo que eu faça, misturado com o que eu quero fazer e o que eu acho que vai funcionar. Então, são meios diferentes, que não tem nem como comparar. Em nenhum existe preferência na verdade, porque desde que eu faça com amor e que entre no meio artístico que eu tanto gosto de fazer, para mim está ótimo.
Você se considera vaidoso? Como você mantém os cuidados em meio a uma rotina intensa?
Demais! Eu falo que 50% do meu dinheiro vai todo para skincare (risos). Mas, eu acho que temos que nos cuidar bastante porque o nosso rosto é o nosso cartão de visita para o mundo, não é? Eu me cuido, eu tomo os meus remédios para não cair meus cabelos, eu passo creme nos meus cachos, nossa!!! É tanta coisa, mas no final dá tudo certo (risos). Eu falo muito que a desculpa que eu tenho para gastar com roupa, gastar com creme, é porque eu estou investindo no meu trabalho. E como eu trabalho com o meu rosto, eu estou investindo em mim. Além disso, em 98% das vezes, não importa o horário que eu chegue em casa, vou fazer minha skincare (risos).
Depois de morar na Europa, como você acha que a qualidade de vida poderia melhorar no Brasil, principalmente para as populações mais vulneráveis no nordeste?
Eu acho que tem um exemplo muito interessante que quando eu morei no Crato, eu nunca notei, entre aspas, nenhum defeito em Crato. Quando eu fui morar em Paris e voltei para o Crato, comecei a reparar coisas que poderiam melhorar naquele local. E isso não é nem apontando o defeito em si, mas coisas que poderiam melhorar no geral como: saneamento básico, poluição sonora, poluição visual, que é uma cultura muito comum nas cidades do Brasil. Eu só fui ter noção de que a região era poluída sonoramente e visualmente quando eu fui morar em Paris e voltei a primeira vez. Foi aí que eu tive o meu primeiro choque. Então, eu entendo que, às vezes, crescemos na realidade em que não temos essa noção, que algo poderia melhorar porque na nossa cabeça a realidade é aquela. Mas os nossos prefeitos, os nossos vereadores, os nossos governadores, são pessoas de poder aquisitivo alto, com certeza já viajaram para o exterior, já viajaram para as cidades com saneamento básico melhor, com uma qualidade de vida melhor. Então, eles poderiam se inspirar nisso e aplicar na cidade em que moram, o que infelizmente não é o caso, na maioria delas.
E o que você acha que a França poderia aprender com o Brasil?
Eu acho que a França poderia aprender com o Brasil a ser positiva. O povo brasileiro é muito positivo, para cima, muito alto astral. Acredito que temos muito a ensinar ao mundo com isso, com a nossa hospitalidade, não só com a França.
Qual mensagem você deseja passar sobre o povo e a cultura nordestina?
Meu amor, o Nordeste é um país! Quando eu falo que o Nordeste é um país, não é separando ele do Brasil, não. Mas é falando no sentido que o Brasil inteiro é riquíssimo. E nós, como Nordeste, somos riquíssimos em cultura, somos riquíssimos em música, em geografia, em praia. Então, conheça o Nordeste! Se você nunca conheceu, conheça. Temos uma cultura popular tão bonita. E você que é nordestino e não conhece a cultura nordestina, crie vergonha na sua cara (risos). Conheço também porque o Nordeste para mim é tudo que eu sou.É tudo que me move,sabe? É a energia que gira no centro da “minha terra”, do meu planeta, Max Petterson é o Nordeste. Então, conheça os interiores, conheça as romarias, conheça o Quixadá, os Monólitos, conheça as praias nordestinas, conheça Recife, conheça João Pessoa, conheça tudo. Eu sou um babão do Nordeste, né? E acredito que dá para notar (risos).
Fotos: @Jrfranch
Stylist: @boudayluca