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Vinhos da região Sul do Brasil chamam a atenção e ganham destaque

Os vinhos da região Sul do Brasil chamam a atenção e ganham destaque nas mesas dos grandes restaurantes do País

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Foto: Divulgação.

Os vinhos da região Sul do Brasil chamam a atenção e ganham destaque nas mesas dos grandes restaurantes do País. Confira!

Coube à perspicácia do polêmico marquês de Pombal, nos idos de 1756, a oficialização da primeira Denominação de Origem Protegida (DOP) do mundo, como forma de resguardar a autenticidade dos vinhos do chamado Douro Vinhateiro, produtor do vinho do Porto e de vinhos tranquilos. 

Tal como a primeira denominação de origem em terras lusas, a bebida preferida do deus Baco também fez história no Brasil. Coube ao Vale dos Vinhedos, na Serra Gaúcha, a conquista que agrega ainda mais valor aos rótulos da região. Hoje, a parte sulista conta ainda com a Denominação de Origem Altos de Pinto Bandeira e outras quatros indicações de procedência. A certificação do Vale dos Vinhedos veio em 2012, dez anos depois do selo de Indicação de Procedência, após um amplo trabalho comandado por nomes como o de Marcos Valduga. “Foi um procedimento longo, de dois anos. Trouxemos pesquisadores da França para uma imersão e investigação capazes de reunir dados suficientes para obtermos o selo”, relembra o nome por trás da Dom Cândido, em Bento Gonçalves.

 

Em termos práticos, as regras rígidas e avaliações constantes que regem a normativa das denominações de origem garantem maior padrão de refinamento aos produtos entregues. Não é à toa que cada vez mais os vinhos gaúchos – e não apenas os do Vale dos Vinhedos –, são extremamente valorizados. Uma prova é o sucesso que os rótulos nacionais, em especial os espumantes, têm feito em concursos internacionais.

Para o sommelier e chef francês Benoit Mathurin, responsável pelo Esther Rooftop, empreendimento em sociedade com Olivier Anquier, a evolução na qualidade dos vinhos regionais é evidente. “Muitos enólogos estão viajando pelo mundo inteiro para se aperfeiçoar e, de fato, isso impacta positivamente na produção e nos bons atributos dos vinhos brasileiros”, acredita.

 

A escolha por uma carta de vinhos 100% nacional, com atenção especial aos gaúchos, é um alento, ainda mais vindo de um profissional nascido em um dos países mais profícuos quando o assunto é a viticultura. “Os imigrantes começaram por produzir vinhos de garrafão, de colônia ou vinho de mesa, mas na sequência, investiram nos vinhos mais sérios”, reforça Benoit. 

Nesse processo evolutivo, contaram pontos as condições atmosféricas e o terroir do Sul do Brasil. “O ambiente permite trabalhar com vários tipos de uvas. O clima tem semelhança com o europeu, onde são feitos os melhores vinhos do mundo. O trabalho no Sul vem incentivando novas regiões produtoras como Minas Gerais, Goiás e Chapada Diamantina, com as devidas adaptações.” 

 

O chef Claude Troisgros, à frente de projetos como o Chez Claude e do Mesa do Lado também é admirador dos vinhos “made in Brazil”. “Os vinhos brasileiros vêm evoluindo ao longo dos anos e atingiram uma qualidade excelente”, diz. E foi justamente pela admiração ao trabalho de enólogos como o argentino Adolfo Lona, que Claude partiu para a parceria de seus vinhos: os espumantes branco e rosé Cuvée CT, o CT Chardonnay Reserva 2022 e o CT Merlot Reserva.

Mas se foram justamente as características geográficas e meteorológicas as que mais contribuíram para a excelência do vinho brasuca, é importante frisar que as ações dos homens contra a natureza também foram determinantes para o cenário de destruição que se vê atualmente no Rio Grande do Sul. E, entenda por destruição, o encharcamento do solo e a consequente perda das safras futuras em decorrência das chuvas que inundaram o estado desde março deste ano (a saber: por questões de sazonalidade, a colheita das uvas já havia sido feita na altura da catástrofe climática).

 

No entanto, os estragos em algumas vinícolas foram inevitáveis, especialmente nas de proporções menores, como é o caso da Val paraíso, propriedade com sete hectares no município de Barão. “A cantina (vinícola, para os descendentes de italianos) foi tomada pela água e só não foi arrastada porque mantivemos a estrutura original de pedra”, explica Naiana Argenta, que ao lado do pai, Antonio, toca a propriedade dedicada à fabricação dos vinhos biológicos. O prejuízo calculado até agora gira em torno dos R$ 800 mil. Os passeios enoturísticos da propriedade estão sendo retomados aos poucos e, mais do que nunca, as vendas precisam ser aquecidas para minimizar os danos das intempéries. “A Valpara íso nasceu de um sonho do meu pai, um engenheiro agrônomo de 71 anos, que estudou muito para investir nos vinhos naturais. Estamos há três anos no mercado e queremos retomar o projeto.” Se você, como nós da L’Officiel Hommes Brasil, é fã da qualidade do trabalho feito pelos produtores de vinhos do Rio Grande do Sul, fica a dica: prestigiar os itens de origem sulista, além de ser garantia de ótimas vivências sensoriais, também é um modo de ajudar a economia local a se recuperar o quanto antes. Um brinde solidário ao povo brasileiro!

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Foto: Divulgação.

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