Paola Vilas apresenta nova coleção, através de pura poesia
Peças celebram a força da transformação através do acesso ao inconsciente. Confira a nova coleção de Paola Vilas!
Através de um universo poético, Paola Vilas marca mais um capítulo na incrível jornada de suas esculturas vestíveis. A designer, que também escreve contos e poesias, apresenta sua nova coleção: ‘Quando os olhos fecham, poesia', que traz a construção de um alfabeto próprio, no qual letras são formadas por corpos femininos.
Reconfigurando tudo o que já foi visto anteriormente no quesito acessórios com iniciais, as peças são de desejo imediato. Além do alfabeto, que pode ser visto aplicado em anéis e medalhas, Paola explora a simbologia das nuvens e casulos como imagens de transformação e força, criando um entendimento de que somos seres em constante transformação e para que consigamos enxergar toda a beleza no transformar.
O conto e poesia criados por Paola possibilitam o entendimento de cada peça de forma lúdica, retratando um sonho vivido pela personagem fictícia Eugênia. Uma mensagem leve, otimista e necessária, que aborda temas profundos como o acesso ao inconsciente, cura de traumas, transformação e evolução como seres humanos e, principalmente, como mulheres.
Eugênia dorme com um caderno ao lado, pois sempre sonha algo que considera importante integrar. Os sonhos têm papel fundamental para Eugênia. Revelam, solucionam, rasgam feridas e oferecem caminhos de transformação para curá-las. Eugênia registra seus sonhos por meio de escrita e desenho. Eugênia acorda no meio da noite e começa a registrar seu sonho. As palavras começam a se esculpir e Eugênia não sabe mais se sonha ou se está desperta. As letras se esculpem em corpos e formam palavras que viram poesia. Enquanto escreve, com letras que espelham-a, Eugênia se aventura entre as nuvens e a realidade. Nuvens são sonhos. Nuvens são poesia em ilimitada liberdade. Eugenia investiga. Nuvens fazem parte de uma interminável troca entre o etéreo e o terrestre, sonhos e realidade. Alternância entre a forma e a ausência de forma. Evocam as imagens mentais sempre em mudança que pairam na natureza intermédia entre o espírito e matéria.As nuvens encarnam tanto uma ligação quanto um afastamento do terrestre. Formadas pela a água, emoção que evapora do mundo, as nuvens flutuam suspensas entre a terra e o ar. Quando somos nuvem, transformamo-nos perdendo a rigidez do ego. Sofremos uma metamorfose, misturando-nos com a massa sem forma do infinito. Eugenia percebe-se infinita. Percebe-se nuvem, percebe-se poesia em ilimitada liberdade. Percebe-se um casulo, transmutando em seu estado de constante impermanência.
Os devaneios de Eugênia embasam então o poema escrito por Paola. Inspiração da nova coleção. Confira!
Quando os olhos fecham - Paola Vilas
“Nuvens são evocações
Poesia em ilimitada liberdade
Vê como as letras se esculpem
Tão longe de razões
Meu corpo é interminável
As palavras me levam para longe daqui.
Durmo em casulo
metamorfose
Perco a rigidez,
Misturo-me com a massa sem forma do infinito
Transformo-me em algo totalmente outro
Qual é o avesso do corpo?
Procuro destino em meus gestos
Estou diluída em todas as presenças
O sol entra em golpe pela fresta da janela.
Desperto.”