Silvia Furmanovich une o Brasil e os países da Ásia em joias
Na coleção East and West, a designer Silvia Furmanovich reúne materiais e técnicas do Brasil e de países da Ásia em joias únicas
O melhor dos dois mundos! Na coleção East and West, a designer Silvia Furmanovich reúne materiais e técnicas do Brasil e de países da Ásia em joias únicas. Confira!
Vinda de uma família de ourives italianos, ainda criança Silvia Furmanovich adorava observar o pai em seu ateliê. E mesmo antes de lançar sua marca, há mais de 20 anos, não perdia a chance de pinçar antiguidades e transformá-las em acessórios. Juntando a tradição joalheira familiar e seu olhar para identificar preciosidade em fragmentos, a designer moldou um caminho único que rendeu reconhecimento internacional. Neste processo, garimpagem e criatividade caminham juntas. Para a nova coleção, East and West, Silvia percorreu antiquários na Tailândia e Japão principalmente, mas também China e Mianmar, e se conectou com artesãos desses países.
“Quis unir a pegada oriental com o Brasil”, explica a designer, que coloca lado a lado, por exemplo, o trançado em bambu japonês da cidade de Beppu e a marchetaria do Acre sem deixar para trás clássicos como a pulseira de contas de porcelana, que surge repaginada seguindo a nova temática. “Procuro dar sequência também a técnicas, como a mini - pintura feita em Udaipur, na Índia, que aparece em várias coleções”, explica. Nessa conexão entre Oriente e Ocidente, a designer utiliza o temari, técnica tradicional japonesa de bordado, escultura em madeira da tradição Ainu – comunidade indígena da ilha Hokkaido, no Japão – ou se inspira em antigos brocados florais.
Percorrendo antiquários de Kyoto, Silvia encontrou recipientes de tabaco em pó, pequenos monges de madeira e vasos de porcelana, muitos já imperfeitos, que depois de lapidados viraram brincos. “A porcelana é uma novidade”, diz ela. Outra é a laca de Wajima, uma vila cujos artesãos trabalham há várias gerações com a matéria-prima vinda da seiva de uma árvore natural da Ásia chamada Urushi. “É uma das mais bonitas do mundo”, ressalta, acrescentando que sobre as cores preta e vermelha entraram interferências de pinturas com pó de ouro. Já da Tailândia vieram microbudas esculpidos em pedras como rubi, lápis lazúli, esmeralda e safira que agora são destaque em brincos.
“PROCURO DAR sequência TAMBÉM A TÉCNICAS, COMO A MINIPINTURA FEITA EM UDAIPUR, NA Índia, QUE aparece EM VÁRIAS COLEÇÕES”
Ao todo, a coleção reúne cerca de 300 peças únicas. “Todas são diferentes”, reforça a designer, que executa quase todo o trabalho no próprio ateliê, onde estão seus ourives. “As mais elaboradas são totalmente feitas aqui para a gente acompanhar o processo”, conta. Entre as peças mais importantes dessa nova safra Silvia pinça o conjunto de brinco, pulseira e colar com budas de madeira vindos de um templo de Mianmar, no sudeste asiático. “O colar ainda não foi vendido. É uma peça que poderia estar em um museu, no sentido de sua raridade”, analisa.
Com a experiência de quem vive em busca de antiquários e feiras de antiguidades em todas as suas viagens – os melhores, segundo ela, estão no Japão –, Silvia explica que é uma busca principalmente pela originalidade. “Hoje está tudo massificado. Os materiais e as técnicas de antigamente eram muito mais elaborados. Hoje, é uma máquina que faz, utiliza-se resina...”, pondera. Mesmo técnicas preservadas, como a de trançar o bambu, precisam ser realizadas in loco. “Tentei reproduzir aqui, mas é impossível. O bambu é diferente e o nosso artesão não tem a cultura de trabalhar com o material”, constata. É assim, unindo o melhor de vários lugares, inclusive o Brasil, e atenta aos mínimos detalhes que a designer construiu seu caminho. A coleção East and West pode ser considerada uma celebração dessa trajetória.